Capítulo 7 - Diferente Como Eu

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Cake me acordou cutucando minha costela. Dei um tapa no braço dela por puro reflexo.

Cake tinha ficado pronta antes de mim e foi ligar para tia dela.

Encontrei o bilhete da vovó no meu criado.

Se quer respostas, vá atrás delas. Se quer resultados diferentes, tente coisas diferentes.

-É o quê?! -Ela realmente não vai me dizer o que fazer?

E ainda dizem que eu sou a grossa.

Peguei a roupa que sempre uso para ir a escola.

-Você vai ficar igual à todos os dias?
-Caramba, Barclay! Que susto, homem! -Gritei.

Ele deu de ombros.

-Eu só vi que você não estava seguindo o conselho da Emília.

-Como você sabe o que minha avó me aconselhou? -Perguntei relativamente surpresa.

Ele apontou para o criado, onde estava aberto o bilhete de qualquer jeito.

Com raiva, peguei o papel e enfiei na gaveta.

-Pra fazer diferente, você só precisa ser mais como você é -o velho fantasma falou deitando na minha cama.

-Eu sempre sou eu mesma!

-É preciso um pouco mais de coragem...

-Eu nunca fui covarde.

Abri o closet decidida.

Peguei a blusa social branca com o emblema daquele colégio estúpido, meu tênis azul holográfico, minha calça jeans azul e o toque principal: a jaqueta de couro roxa.

Olhei para o medalhão no criado pensando se iria atrapalhar ou não.
Coloquei na primeira gaveta, onde guardo acessórios como pingentes de cruz e brincos de frutas como pingentes. Melhor não arriscar.

-Você vai precisar de mais do que suas roupas estranhas pra isso -O fantasma soltou antes de cair em uma risada chata pra caramba.

Desci para usar o banheiro do andar de baixo. Depois de ter passado por todo aquele estresse, eu mereço um descanso na banheira.

Me arrumei para o banho e encarei o espelho por um tempo.

Talvez o velho Barclay não seja o único que pode me ajudar com respostas.

Você não vai aparecer menina assustadora? Logo hoje que eu queria falar contigo...

A imagem no espelho ficou embaçada e a mesma garota que apareceu aqui ontem, surgiu ali.

Ela levantou a cabeça de um jeito sinistro para me olhar nos olhos. Fui bizarro, porque ela não tinha olhos de fato. Eram dois grandes e profundos buracos.

-Chamou? -perguntou com uma voz fina e sinistra.

-Acho que sim, né... -falei meio sem graça tentando não lembrar dos filmes de terror japonês que fui obrigada a assistir com Mochila e Sabrina.

Ela me olhou como se estivesse esperando alguma coisa.

-Você sabe o que eu sou?

Ela assentiu.

-Pode me dizer? -Pedi.

-Você é uma bruxa, mas não uma criada pelo mal da serpente. Você é uma das escolhidas.

-Escolhida por quem? Sabe me dizer?

Ela negou.

Pelo menos eu não sou uma criatura trevosa. Tudo bem ser bruxa, só não quero ser do mal.

Cartas aos Mortos (Delphine E Os Doze Cavaleiros - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora