Cake me acordou cutucando minha costela. Dei um tapa no braço dela por puro reflexo.
Cake tinha ficado pronta antes de mim e foi ligar para tia dela.
Encontrei o bilhete da vovó no meu criado.
Se quer respostas, vá atrás delas. Se quer resultados diferentes, tente coisas diferentes.
-É o quê?! -Ela realmente não vai me dizer o que fazer?
E ainda dizem que eu sou a grossa.
Peguei a roupa que sempre uso para ir a escola.
-Você vai ficar igual à todos os dias?
-Caramba, Barclay! Que susto, homem! -Gritei.Ele deu de ombros.
-Eu só vi que você não estava seguindo o conselho da Emília.
-Como você sabe o que minha avó me aconselhou? -Perguntei relativamente surpresa.
Ele apontou para o criado, onde estava aberto o bilhete de qualquer jeito.
Com raiva, peguei o papel e enfiei na gaveta.
-Pra fazer diferente, você só precisa ser mais como você é -o velho fantasma falou deitando na minha cama.
-Eu sempre sou eu mesma!
-É preciso um pouco mais de coragem...
-Eu nunca fui covarde.
Abri o closet decidida.
Peguei a blusa social branca com o emblema daquele colégio estúpido, meu tênis azul holográfico, minha calça jeans azul e o toque principal: a jaqueta de couro roxa.
Olhei para o medalhão no criado pensando se iria atrapalhar ou não.
Coloquei na primeira gaveta, onde guardo acessórios como pingentes de cruz e brincos de frutas como pingentes. Melhor não arriscar.-Você vai precisar de mais do que suas roupas estranhas pra isso -O fantasma soltou antes de cair em uma risada chata pra caramba.
Desci para usar o banheiro do andar de baixo. Depois de ter passado por todo aquele estresse, eu mereço um descanso na banheira.
Me arrumei para o banho e encarei o espelho por um tempo.
Talvez o velho Barclay não seja o único que pode me ajudar com respostas.
Você não vai aparecer menina assustadora? Logo hoje que eu queria falar contigo...
A imagem no espelho ficou embaçada e a mesma garota que apareceu aqui ontem, surgiu ali.
Ela levantou a cabeça de um jeito sinistro para me olhar nos olhos. Fui bizarro, porque ela não tinha olhos de fato. Eram dois grandes e profundos buracos.
-Chamou? -perguntou com uma voz fina e sinistra.
-Acho que sim, né... -falei meio sem graça tentando não lembrar dos filmes de terror japonês que fui obrigada a assistir com Mochila e Sabrina.
Ela me olhou como se estivesse esperando alguma coisa.
-Você sabe o que eu sou?
Ela assentiu.
-Pode me dizer? -Pedi.
-Você é uma bruxa, mas não uma criada pelo mal da serpente. Você é uma das escolhidas.
-Escolhida por quem? Sabe me dizer?
Ela negou.
Pelo menos eu não sou uma criatura trevosa. Tudo bem ser bruxa, só não quero ser do mal.
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Cartas aos Mortos (Delphine E Os Doze Cavaleiros - Livro 1)
FantasyKarina Coast é uma adolescente imatura e comilona que vem tentando agir como um fantasma, igual aos que ela vê e tenta ignorar a vida toda, até que um conselho de uma troca de cartas com sua falecida avó faz com que descubra que seus dons vão muito...