Cartas aos Mortos (Delphine E Os Doze Cavaleiros - Livro 1)

Capítulo 16 - Vivendo Algo Novo

Sabe aqueles dias em que parece que o tempo tá mais acelerado? Quando você está fazendo suas atividades normais da rotina e então pisca os olhos e já se passou uma semana?

  Foi assim que me senti depois que fomos embora do Sweet Tea naquele dia.

  Depois da minha crise mágica, em que fui salva por Cake e Maxwell, eu tive um final de tarde bem agradável com meus amigos. Nada foi capaz de estragar isso, nem o caminho de volta, onde eu insisti que contássemos para Cecih sobre meus poderes.

  Acabei perdendo a discussão, pois Mochila, Maxwell e William foram contra, anulando meu posicionamento e o de Cake. Não que isso seja uma democracia. É o MEU segredo.

  Só desisti depois me lembrar que, ultimamente, meu julgamento parecia meio corrompido. E eu não sou boa em tomar decisões sozinha.

  Outro fato dessa semana que me deixou intrigada foram as aulas de magia que eu vou ter com o William. Começaremos daqui a dois dias. Estou um pouco nervosa, mas o William também não é nenhum mestre, ele disse que se esforçaria para aperfeiçoar as magias que já conhecia e aprender o máximo de feitiços para iniciantes antes de começarmos. Aprenderíamos coisas mais avançadas juntos.

  Eu sentia que não merecia tudo o que ele estava fazendo por mim. Não aprendo rápido como ele, que em uma semana conseguiu preencher seis páginas de novas magias e feitiços.

  Os outros também iriam nos dias que eu fosse aprender. Segundo a teoria do Mochila, quanto mais tempo ficarmos juntos, mais chances teremos de achar os outros cavaleiros. Não curti muito a ideia, tenho vergonha que me vejam errar (principalmente o Max, que é sempre o aluno modelo), mas tenho essa saudade dentro de mim que me faz querer incessantemente encontrar esses caras que nem sei quem são.

  É a saudade do que a gente não viveu ainda...

  Posso dizer que essa foi uma semana de mudanças, principalmente porque agora Alie Martin e eu temos algo bem próximo de uma amizade.

  Eu fiquei com cara de boba quando ela e o Max foram sentar comigo e o William no refeitório. Depois que entregamos o trabalho de História, ela insistiu muito que eu me sentasse na mesa deles, coisa que eu não faria, pois não tinha só gente do segundo ano, tinham pessoas populares até do terceiro e quarto.

  O Maxwell sacou um pouquinho melhor o meu desgosto e disse que seria melhor que ela fosse comer com a gente, a loira foi e arrastou ele junto (para o meu desgosto).

  A Dakota olhou indignada para a Alie e disse que estavam fazendo “uma caridade estúpida” antes de sair desfilando com aquela minissaia.

  Estúpida é ela, não preciso de nada deles.

  Como Alie e Max não são veteranos, não tinha tantas pessoas olhando pra gente, mas o suficiente para gerar uma fofoca.

  Imaginem a sensação de alguém que se esforçou para ficar invisível por quase dois meses, mesmo sendo uma novata que entrou no segundo ano e estando na escola mais cara da cidade, só para ser alvo de fofoca por estar se sentando com o segundo casalzinho mais amado da escola?

  Aí vai uma curiosidade inútil: descobri através das ruivas língua de trapo que o primeiro lugar é da Lina Weinberg e Jordan Lee, porque ela é presidente do comitê estudantil, ele é capitão do time de baseball e os dois são veteranos. Eles ganharam a coroa de rei e rainha de todos os bailes da escola e ainda assim, eu não faço ideia de quem são. Essa fofoca não me edificou.

  Eu descobri conversando com a Alie que a Muse Campbell tem muitos bailes. Também, com o preço da mensalidade de todos os alunos dava pra fazer um casamento digno da realeza britânica por ano.