A minha mãe sempre me disse - independentemente do que os outros dissessem o contrário -, que eu era igual a ela em tudo. Mas com o passar dos anos, eu, vendo-me a cada dia maior e mais responsável, notei que não era nada daquilo que mamãe sempre achara que fosse. Eu poderia até parecer-me fisicamente com ela, entretanto, meus olhos, minha maneira de pensar e meu senso de justiça não me deixavam enganar; isso eu havia herdado do meu pai.
No passado, quando eu tinha por volta dos dez, onze anos de idade, minha mãe começou a tomar medidas drásticas quanto a mim e a minha educação. Todas as casas e apartamentos em que vivi transformavam-se em locais altamente vigiados, e os cômodos/celas, com janelas fortemente protegidas com armações de ferro ao estilo medieval, pareciam uma prisão, onde eu era a princesa confinada dentro de uma das torres de um suntuoso castelo, esperando o meu príncipe encantado chegar e me resgatar das garras do terrível dragão ao qual minha mãe se transformou. Brincadeira. Minha mãe não se parece em nada com um dragão, e sim, com uma verdadeira rainha, impondo todos abaixo de suas vontades. Papai e eu sabíamos como ela reagia quanto às pessoas com quem eu me relacionava e, para ajudá-la com aqueles frequentes surtos psicóticos, não objetávamos e nem a contradizíamos em nada. Nós dois sabíamos que mamãe precisava ser tratada por um bom médico psiquiatra, embora em alguns momentos, papai sempre achasse que minha querida mãe só queria me proteger das coisas mundanas, e cancelava as consultas que eu marcava para ela.
O mês de dezembro tinha chegado tão depressa que eu nem tinha notado que era o mês do Natal. E todas as coisas que eu fazia, de certa forma, sempre incomodavam mamãe. Desde arrumar a casa para as comemorações, a dar palpites dos pratos que iríamos preparar. Às vezes, de tanto vê-la enchendo a minha cabeça, me trancava no meu quarto e só saia de lá no dia seguinte - e em alguns dos muitos casos, por conta de ter brigado com papai, ela descontava em mim sem um bom motivo aparente - com a cara inchada de tanto chorar.
A cada momento que eu ficava a sós com mamãe eu queria que o mundo inteiro explodisse em milhões de pedaços. Odiava ficar com ela quando papai tinha que resolver algum problema da empresa em alguma cidade vizinha. Por falar em papai, ele era o oposto de mamãe, sempre prestativo e com bom humor. O pobre trabalhava tanto que não tinha quase tempo para mim e nem para ela, mas sempre quando conseguia uma brecha no trabalho, nós dois fazíamos o que mais gostávamos: passeávamos juntos e íamos ao cinema. Recusava-me a levar mamãe junto, já que, a ela não agradava muito o fato de se misturar com pessoas "anormais". Meu pai trabalhava em uma das muitas filiais da construtora Lucy&Mary, na Europa. Tudo isso se deu, pelo fato do Sr. Lewgoy oferecer-lhe um estágio quando estava na faculdade, anos atrás, ainda no Rio de Janeiro. Isso nos garantiu, hoje em dia, uma vida confortável no continente europeu, em especial, o lugar mais recente de todos: Innere Stadt, no coração de Viena, na Áustria. Frequentamos - não tanto quanto antigamente - o Naturhistorisches, palácios desde o Imperial de Hofburg ao Schönbrunn - ambos da Dinastia Habsburgo. Parques (o que eu mais gosto de ir, até hoje, é onde há a roda gigante nas mediações, o Parque Prater), Galerias de Arte, o Burgtheater, o famoso Teatro de Ópera de Viena, uma das jóias da Ringstrasse, as ruas mais requisitadas pelos turistas que visitam a cidade como Kärntner, Kohlmarkt, Mariahilfe Strasse, Meydergasse 2 e a Graben com seu calçadão repleto de bandas típicas. Não me esquecendo do mais moderno shopping que há em Viena, na esquina da Ring com Kärntner Strasse. O Café Frauenhuber, o mais antigo da cidade, ao lado da catedral Stephansdom.
Como Lady Mary Worthley Montagu escreveu, em 1716: "A cidade é muito grande e quase completamente composta por deliciosos palácios". Eu acreditava ser mais uma a achar aquilo da cidade onde se transformou a minha casa, já que praticamente vivo em Viena há mais tempo do que em qualquer outra cidade Européia.
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Enviada - Série Eternos
Ficção AdolescenteSinopse de Enviada - Série Eternos Tudo havia se tornado turvo em minha mente. Talvez fosse mais um dos meus sonhos esquisitos. Porém, não era. Frederik perdera suas asas. Meu Anjo se fora para talvez nunca mais voltar. Eu precisava me convencer que...