CAPÍTULO XIX - DESCOBERTAS

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Loren apareceu na calada da noite em meu quarto logo após Gustav sair pela janela, já que havia sentido uma premonição. Contei-lhe que eu estava com Gustav. Ela estava absorta com a notícia. Chamou-me de traidora e proferiu xingamentos contra Gustav.

- Você não pode se apaixonar por um Demônio, Angela – eu a contive. Ela estava me dando nos nervos com seus gritos excessivos. – Isso foge a toda a regra. Você tem de ser inimiga de toda iniquidade. Tudo o que não agrada ao Criador...

- Ele não é como você pensa, Loren – encostei-me no espaldar da cama. Ela me fitou ao longe.

- Espere, espere – disse ela, remexendo os dedos. As unhas de gavião muito bem pintadas. – Você mantém contato com ele há muito, correto?

Tentei mentir. Mas ela parecia que podia decifrar cada gesto meu.

- Falava com ele, depois nos afastamos. Depois nos reaproximamos. Agora estamos juntos desde o baile de Primavera – tentei encurtar ainda mais as coisas para que ela não desconfiasse que eu o conhecia há muito mais tempo.

- A verdade é que você parece ter se esquecido a que veio – vociferou Loreta, olhando para a janela.

- Eu não me esqueci – corrigi. Saltei da cama rapidamente, fechando as cortinas para que ela não desse uma incerta na floresta. Gustav estava escondido lá, eu sabia. – A ideia de exterminar Demônios cabe a Anjos ou Arcanjos, seja lá o que for. Não cabe só a mim.

Ela engoliu em seco e saiu de perto de mim.

- Isso não vem ao caso. Vou lhe dar um prazo até o Ano Novo para que se livre de Gustav. Se você não o quer matar, deixe que outros de nós o façam. Sua dor será menor – as palavras de Loreta soaram frias como gelo.

- Ele não é igual Alexo, Loren. Eu juro – minha voz era melodiosa, de atriz. – E por falar nele, ele está no Rio.

- É, eu já sei – seus longos cachos moveram-se com uma forte rajada de vento vinda da janela. As cortinas esvoaçaram com a força do vento. – Ele e seu adorável filho Roberto.

Segui-a.

- Ele veio atrás de mim. E agora que sabe de Gustav e de mim...

- Preciso ir... – ela abriu a porta. Seus passos abafados pareciam a penas caindo no chão. – Hã, e diga a esse tal de Gustav que ele não precisa se esconder. Já que, por hora, é você que o deve matar. Não eu!

Eu ia dizer mais algumas palavrinhas quando ela fechou a porta e desapareceu. Gustav estava atrás de mim; suas roupas pretas confundiam-se com a escuridão de meu quarto.

- Ela quer que eu me distancie de você – avisei, abraçando-o.

- Eu sei – ele confirmou. – Ouvi toda a conversa. E talvez ela esteja certa em uma coisa, se você não consegue nem me matar, nunca conseguirá fazer com outros.

- Claro que conseguirei e sempre levarei em conta que você não é igual a eles, os Demônios.

- Eu sou um Anjo do Mal, um Anjo da Morte. Sou um Príncipe das Trevas – falou Gustav.

- Mas Aquelo e Aloisa... são seus pais também! Com certeza o amor que você possui foi herdado de algum deles? – supus.

- Como você sabe o nome deles? – ele estava curioso demais. Gaguejei a princípio, mas ele continuou:

- Hã, Dimitri!

Não disse mais nada.

- Aquelo e Aloisa, sim, eles pertencem ao mais alto escalão do Anjo Renegado. Meu pai precisava me mandar à Terra, para alguém em quem ele "confiasse". Então mandou-me para eles. – disse Gustav. Cruzei as pernas em posição de lótus. Prestava atenção em suas palavras com muita clareza. Estava fascinada com tanta beleza diante de mim. Ele se sentou na cadeira da escrivaninha. – Aquelo e Aloisa são Magos Negros, uma espécie de braço direito do Anjo Renegado aqui na Terra. São imortais iguais a Alexo e o filho.

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⏰ Última atualização: Aug 26, 2015 ⏰

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Enviada - Série EternosOnde histórias criam vida. Descubra agora