Agora era eu que não queria mais nada com Dimitri. Tentei abrir mão de ser protegida por meu Anjo da Guarda dois dias depois que Gustav me levara para casa. Mas havia um "porém" de tamanho incalculável; não sabia como dizer a Dimitri como poderia se libertar de tal tarefa. Gustav se reaproximara de mim desde então, ignorando os avisos de Dimitri. Mas ninguém sabia nada sobre nós. Vivíamos as escondidas pelos banheiros interditados do terceiro andar e saíamos todos os sábados para passear, logo depois das minhas aulas de direção. Dimitri e eu nos tornamos novamente "amigos", mas eu sabia que ele não conseguia esconder o que sentia por mim, por mais que eu conseguisse esconder mais que ele. Se eu cortasse o último vínculo que nos unia, o de guardião e protegida, iria cada um para o seu canto e ponto final. E com certeza ele não iria querer isso.
Gustav estava no meu quarto aquela noite. Beijávamo-nos as escuras quando ele me largou na cama.
- O que foi? – eu disse, assustada.
- Alguém está se aproximando.
- Mamãe? – perguntei, largando-o para o lado. Ele tinha de sair do meu quarto antes que ela descubra alguma coisa.
- Não é sua mãe, nem seu pai. É alguém mais forte – Gustav endireitou a calça e abriu a janela do meu quarto. Uma brisa fria inundou o interior do meu quarto. Uma brisa fria inundou o interior do cômodo. – Sua mente é embaralhada. Não consigo acessá-la. Só sinto a sua presença, mas não o vejo. Da mesma forma que aconteceu na aula, quando você teve um acesso e achou que era eu quem estava mexendo na sua mente.
Os olhos de Gustav brilharam na escuridão. Ele estava imóvel, como se estivesse tendo algum tipo de visão.
- Será Dimitri? – perguntei apoiada nos cotovelos, mas ainda deitada.
- Não acho que seja ele.
- Como você pode ter certeza? – incitei.
- É um Mago Negro – Gustav alterou a voz. Fiz um sinal com o dedo para que ele falasse mais baixo. – Ele veio nos vigiar. Preciso ir embora. Você corre perigo perto de mim.
- Você também corre perigo se ficar perto de mim!
- Não é a mesma coisa... Anjo. Acontece que todos pensam que eu ainda estou te seduzindo. Que ainda não consegui te matar, porque você não me deu uma chance – ele deu um soco na parede. Meu grito saiu sufocado. Mamãe e papai. – Por isso é preciso que nos vejamos às escondidas. Por enquanto. Não é tão fácil esconder do Anjo Renegado as coisas.
Enrijeci na cama. Gustav saltou pela janela. Corri para ver se ele havia se machucado. Impossível para um imortal como ele.
- Fique onde está – ordenou ele. Eu queria segui-lo, mas não cometeria a mesma loucura que ele cometeu ao pular pela janela. – Volto o mais depressa que puder.
Ele se embrenhou floresta adentro.
Estava assustada demais para ficar calma. A inquietude tomou conta dos meus braços e pernas sem meu consentimento. Aguardar a volta de Gustav foi muito torturante. Aproximavam-se das duas da manhã quando ele retornou, ofegante de tanto correr. Mas sua pele continuava quente como um dia de sol escaldante de verão.
- Ele... desapareceu... Escondeu-se ou coisa parecida – ele dava intervalos para as suas palavras fluíssem melhor.
- Anjos podem morrer?
- Apenas pelas mãos de outros Anjos, ou pelo próprio Criador, ou a quem Ele consentir – disse ele, apertando-me num abraço de urso. Eu me perdia no meio daqueles músculos protuberantes.
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Enviada - Série Eternos
Teen FictionSinopse de Enviada - Série Eternos Tudo havia se tornado turvo em minha mente. Talvez fosse mais um dos meus sonhos esquisitos. Porém, não era. Frederik perdera suas asas. Meu Anjo se fora para talvez nunca mais voltar. Eu precisava me convencer que...