- Angela, onde está você?
Estava de camisola branca, inconsciente, num chão duro e gelado. Abri os olhos pela segunda vez, e, a princípio, vi somente escuridão. Depois, recuperando-me pouco a pouco, vi um Anjo com asas longas, voltadas para o alto. Suas mãos estendidas na minha direção e seus olhos fixando-me, me amedrontaram de imediato.
Levantei-me, encarando a figura a minha frente.
- Você é um Anjo? – fiquei na ponta dos pés para atingir a altura dos dedos do Anjo branco perolado.
Era somente uma estátua. E havia várias outras no meu entorno. Eu estava dentro de um cemitério inóspito, numa madrugada fria e fantasmagórica.
- Eu sou seu Anjo, Angela – uma voz que logo reconheci. Virei-me. Do meu lado esquerdo estava parado Dimitri. Sua pele translúcida brilhava na escuridão.
- Você está brincando comigo, Dimitri – comecei a chorar a uns vinte metros dele.
- Sou o seu Anjo da Guarda. Venha comigo – Dimitri estendeu a mão na minha direção. – Vou levá-la de volta para casa.
De repente, longas asas se abriram para os lados.
- Não vá, Angela – outra voz. A de Gustav.
- Gustav? – perguntei, assim que o vi sair detrás de um gigantesco mausoléu. Estava vestido todo de preto, nada mais.
- Se ele é o meu Anjo da Guarda. O que você é de mim? – perguntei, mas Dimitri deu um passo à frente.
Percebi que eu estava descalça também.
- Ele é o seu Demônio, Angela. É o seu Anjo da Morte. É aquele que veio para te perseguir. Para fazer com que você se apaixone por ele até você se tornar vulnerável. Deixando que todas as obras do nosso Senhor Supremo tornem-se inacreditáveis por você e por milhares... – intrometeu-se Dimitri.
Olhei para uma lápide ao meu lado. E li o que estava escrito em grandes letras douradas:
"Aquele que perseverar até o fim será salvo"
- Veja o que ele é... – apontou Dimitri. Gustav se escondeu ainda mais, debaixo das sombras de algumas estátuas. – Ele é um Anjo sedutor enviado das profundezas do Abismo para atormentá-la das mais asquerosas maneiras.
Gustav sorriu para mim. Seus olhos estavam vermelhos como esferas cor de fogo.
- Mas você é um Anjo? Digo, você não pode ser um Anjo... tão mau?
- Sim, um Anjo da Morte, como eu lhe disse. Um Príncipe das Trevas... Como pode achar que ele não é mau?
- Deixe ele responder, Dimitri – gritei, esgoelando-me. Fiquei sem voz quando fiz isso.
O silêncio momentâneo foi quebrado quando Gustav sorriu mais uma vez e disse num sussurro:
- Sim, eu sou um Anjo. Ou um Demônio... Isso ficará a cargo de como você julgará. Mas não sou tão mau como Dimitri acredita que eu seja!
Balancei a cabeça negativamente. Dei dois passos e caí novamente no solo duro. Dimitri e Gustav vieram ao meu encontro. Comecei a gritar desesperadamente em pleno cemitério.
- Deixem-me, por favor. Eu quero sair daqui – fechei os olhos, jogando rapidamente os braços na frente do meu rosto.
Suspirei bem fundo ao jogar meio-corpo para frente. Estava na minha cama, porém, minha janela estava aberta e uma corrente de ar frio fazia as cortinas esvoaçarem. Levantei-me quando alguma coisa espetou meu dedo outra meu braço esquerdo. Peguei para ver o que era; duas penas grandes. Uma pena grande e branca.
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Enviada - Série Eternos
Teen FictionSinopse de Enviada - Série Eternos Tudo havia se tornado turvo em minha mente. Talvez fosse mais um dos meus sonhos esquisitos. Porém, não era. Frederik perdera suas asas. Meu Anjo se fora para talvez nunca mais voltar. Eu precisava me convencer que...