CAPÍTULO XV - SONHOS OU PESADELOS?

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- Angela, onde está você?

Estava de camisola branca, inconsciente, num chão duro e gelado. Abri os olhos pela segunda vez, e, a princípio, vi somente escuridão. Depois, recuperando-me pouco a pouco, vi um Anjo com asas longas, voltadas para o alto. Suas mãos estendidas na minha direção e seus olhos fixando-me, me amedrontaram de imediato.

Levantei-me, encarando a figura a minha frente.

- Você é um Anjo? – fiquei na ponta dos pés para atingir a altura dos dedos do Anjo branco perolado.

Era somente uma estátua. E havia várias outras no meu entorno. Eu estava dentro de um cemitério inóspito, numa madrugada fria e fantasmagórica.

- Eu sou seu Anjo, Angela – uma voz que logo reconheci. Virei-me. Do meu lado esquerdo estava parado Dimitri. Sua pele translúcida brilhava na escuridão.

- Você está brincando comigo, Dimitri – comecei a chorar a uns vinte metros dele.

- Sou o seu Anjo da Guarda. Venha comigo – Dimitri estendeu a mão na minha direção. – Vou levá-la de volta para casa.

De repente, longas asas se abriram para os lados.

- Não vá, Angela – outra voz. A de Gustav.

- Gustav? – perguntei, assim que o vi sair detrás de um gigantesco mausoléu. Estava vestido todo de preto, nada mais.

- Se ele é o meu Anjo da Guarda. O que você é de mim? – perguntei, mas Dimitri deu um passo à frente.

Percebi que eu estava descalça também.

- Ele é o seu Demônio, Angela. É o seu Anjo da Morte. É aquele que veio para te perseguir. Para fazer com que você se apaixone por ele até você se tornar vulnerável. Deixando que todas as obras do nosso Senhor Supremo tornem-se inacreditáveis por você e por milhares... – intrometeu-se Dimitri.

Olhei para uma lápide ao meu lado. E li o que estava escrito em grandes letras douradas:

"Aquele que perseverar até o fim será salvo"

- Veja o que ele é... – apontou Dimitri. Gustav se escondeu ainda mais, debaixo das sombras de algumas estátuas. – Ele é um Anjo sedutor enviado das profundezas do Abismo para atormentá-la das mais asquerosas maneiras.

Gustav sorriu para mim. Seus olhos estavam vermelhos como esferas cor de fogo.

- Mas você é um Anjo? Digo, você não pode ser um Anjo... tão mau?

- Sim, um Anjo da Morte, como eu lhe disse. Um Príncipe das Trevas... Como pode achar que ele não é mau?

- Deixe ele responder, Dimitri – gritei, esgoelando-me. Fiquei sem voz quando fiz isso.

O silêncio momentâneo foi quebrado quando Gustav sorriu mais uma vez e disse num sussurro:

- Sim, eu sou um Anjo. Ou um Demônio... Isso ficará a cargo de como você julgará. Mas não sou tão mau como Dimitri acredita que eu seja!

Balancei a cabeça negativamente. Dei dois passos e caí novamente no solo duro. Dimitri e Gustav vieram ao meu encontro. Comecei a gritar desesperadamente em pleno cemitério.

- Deixem-me, por favor. Eu quero sair daqui – fechei os olhos, jogando rapidamente os braços na frente do meu rosto.

Suspirei bem fundo ao jogar meio-corpo para frente. Estava na minha cama, porém, minha janela estava aberta e uma corrente de ar frio fazia as cortinas esvoaçarem. Levantei-me quando alguma coisa espetou meu dedo outra meu braço esquerdo. Peguei para ver o que era; duas penas grandes. Uma pena grande e branca.

Enviada - Série EternosOnde histórias criam vida. Descubra agora