CAPÍTULO VIII - NO COLÉGIO, O IMPREVISÍVEL ACONTECE

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Logo no pátio do colégio havia um alvoroço só. Dezenas de alunos se acotovelavam para ver uma bela Kawasaki ZX12R Ninja. Até Dimitri, embasbacado, admirava tal máquina. Olhei para ele (eu ainda não estava recuperada do que ele tinha feito ontem, ao me salvar do ônibus) e acenei. Ninguém sabia de quem era aquela Kawasaki. E mais tarde ouvi Ernesto dizer que aquela moto é feita por encomenda e poucos a têm na cidade. Para um bom entendedor, meia palavra basta, já que o pai de Ernesto era dono de mais de três lojas de autopeças e uma concessionária na cidade, e consequentemente ele conhecia tudo de carros e motos.

- Você já sabe de quem é a moto? – disse, quando saímos da sala e fomos ao refeitório.

- Ainda não sei – desapontadamente, ele me disse. Senti que ele estava mentindo para mim.

Estávamos na fila do refeitório quando larguei a minha bandeja na frente do corpo ao olhar na direção onde Amanda estava sentada.

- Se sente bem, Angela? – perguntou-me Helena com certa preocupação. A garota era mais tímida que eu e logo reconheci ser  da minha turma. Era mais uma que não gostava nem um pouco de Amanda e suas guarda-costas. – Quer que eu te leve à secretaria?

Amanda riu conforme me via passando mal.

- Pode deixar que eu a levo – vi Helena desvencilhar-se para trás quando ouvi a grosseria de Dimitri.

Quando nos afastamos do grupo de Helena larguei a bandeja no chão. Tudo caiu.

- Às vezes eu não consigo entender essa sua superproteção comigo, Dimitri – vociferei quando saímos do refeitório. Minhas pálpebras superiores caíam sem meu consentimento. – Muitos não se aproximam de mim porque têm medo de você.

- Vou levá-la à secretaria – ele sorriu com maestria e eu, abobada, não pude sentir no fundo o que ele queria de mim.

Olhei para o seu rosto pela última vez e desmaiei.


Estava eu deitada no sofá da secretaria com a Prof.ª Isabelle bem a minha frente, fixando um olhar enigmático na direção de Dimitri.

- Queda de pressão – antes que eu pudesse responder o que havia acontecido comigo, Dimitri fora mais rápido.

- A senhora pode liberá-la para ir para casa?

- Estou muito bem, obrigada – eu odiava que as pessoas tomassem as decisões que eram minhas.

- Só quis ajudar, Anjo.

Num tom de sarcasmo, eu respondi:

- Desculpe!

- Ele tem razão, querida. Vá lavar o rosto e pode ir embora!

- Você já me ajudou muito, porém, está esquecendo-se de você, Dimitri. Não sou Lois Lane, para ser salva toda hora, e nem você é o Clark Kentpara virar um Superman e fazê-lo com maestria.

Dimitri abandonou a secretaria decididamente.

- Ele só está preocupado com você, Angela, o pobrezinho não está sabendo diferenciar amizade de outros sentimentos. Não sou a melhor pessoa para dizer o que deve fazer, mas conheço Dimitri e sei que ele não tem muitos amigos por ser muito reservado, exceto você, querida. Se você só o quer como amigo, então diga-lhe antes que ele se apaixone ainda mais por você.

- E-E eu não sei o que está havendo comigo.

- Você tem o dom de fascinar os garotos, Angela. Isso está causando a rivalidade de muitas garotas deste colégio. Principalmente entre Amanda e você.

Enviada - Série EternosOnde histórias criam vida. Descubra agora