Capítulo 7

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À noite, depois de estudar um pouco, ligo para Heejin. Meu primeiro instinto foi ligar para a Olívia a fim de lhe contar sobre Jeon e Rosé, mas, se não me forço a estudar, isso não acontece, e estou ansiosa para acertar minha dívida com a Ryujin. Por mais que eu não queira que ela saia com Heejin.
Heejin atende ao telefone, e ouço a música altíssima ao fundo.
Por um instante, minha respiração fica presa na garganta.
Quando Kai morreu, roubei o iPod dele e fiquei ouvindo suas músicas sem parar...na sala de aula, no meu sono, enquanto eu corria por quilômetros indefinidamente. O álbum dele, xx, da banda The xx, sempre era o último a tocar e, quando parava, o mesmo acontecia comigo. Era difícil demais apertar o play de novo, recomeçar, sair da cama.

-Olá, Kim Hyunjin. Decidiu se vai sair comigo novamente, só que dessa vez com minhas amigas?

Respiro novamente.

-Ainda não. Preciso lhe pedir um favor.

-Não sabia que estávamos nesse termo de pedir favores.

-Não estamos, não necessariamente, mas temos muito em comum. Nós dois fomos traídos por um encontro lascivo entre Jeon Jungkook e Kim Chaewon

-Essa é uma forma leve de discutir um assunto bem pesado.

-Sim, mas é a vida, e, se a gente ficar sério demais, vai se afogar nela.

Estico-me na cama e chuto as perna para cima, contra a parede, apoiando os pés em um pôster do gg CLC.

-Você é uma filósofa e tanto.

-Não verdade, não. Vamos direto ao ponto. Queria lhe pedir que fosse a um encontro.

Segue-se um pausa.

-Não comigo. Com alguém mais parecido com você. Ela é excêntrica. E bonita. Tem um certo je ne sais quoi.

-Você não me disse nada de concreto.

-Ela fala um pouco de francês, faz um pouco de balé e é uma hacker e tanto.

Ela fica em silêncio e verifico o celular para ter certeza de que a ligação não caiu.

-Hyunjin, você se lembra de que minha ex-namorada acabou de morrer, certo?

-Como disse, seria um favor para mim.

Procuro desesperadamente um argumento mais convincente.

-Será uma boa distração. Sair de casa. Desligar essa música depressiva.

-Não saia do basquete para ser líder de torcida, Hyunjin.

-O que falei acabou soando errado. Quando meu irmão morreu, a única coisa solitária que me mantinha sã era sair e fazer coisas. Sei que o luto é diferente para todo mundo, mas...

A voz dela fica mais suave quando se pronuncia de novo:

-Sinto muito quanto ao seu irmão. Mas não gosto muito de fazer coisas. Além disso, sou entendiante num encontro.

-Acho você seria uma garota bem eletrizante num encontro.

Ouço uma risada abafada e, sem querer, fico ruborizada.
Foi algo idiota a dizer.

-Você sabe que sou uma suspeita em um caso de assassinato, certo?

-Não se trata oficialmente de um caso de assassinato, não?

-Não sei. Eles não usaram essa palavra quando me interrogaram, mas já fui chamado para interrogatórios duas vezes. Não é um sinal.

Contenho um suspiro de alívio. Se estão ficando na Heejin não focaram em nós.  No final das contas, ainda devo um encontro à Ryujin, mesmo eu não querendo.

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