Capítulo 22

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Passamos a manhã na sala de jogos, um cômodo bem iluminado pelo sol no canto noroeste da casa, com vista para o mar. No centro há uma mesa de bilhar gigante, e as paredes são cobertas por relíquias de parques de diversão, como antigas máquinas de skee-ball, pinball e uma daquelas máquinas sinistras de videntes com olhos brilhantes às quais, por um centavo, a pessoa pode fazer uma pergunta e a resposta é cuspida em uma tirinha de papel. Gostaria de permanecer indefinidamente na máquina de pinball, em cujo topo há um palhaço com ar presunçoso sorrindo de forma demoniaca para mim. Porém, depois de mais ou menos uma hora, Ryujin parece cada vez mais entediada de jogar skee-ball com perfeição.
Ela espia lá fora.

- Você quer lançar algumas bolas de golfe no oceano?

- O quê? - Não tiro os olhos do palhaço do mal.- O  que sou, a Sana?

- O golfe não é exclusividade dela - Ryujin murmura, e então se planta em um cavalo de carrossel e tira um caderno e um lápis do bolso.

- Ótimo. De quem você gosta mais, do Jeon ou da Heejin?-pergunta ela.

Viro-me relutante da máquina de pinball, com a mão ainda no fliperama.

- Sério? Depois de tudo que aconteceu vou deixar de namorar por um tempinho.

Ela dá risada.

- Eu estava querendo dizer de quem você gosta mais como suspeito... Ela morde a ponta do lápis. -Jeon  tem uma obsessão esquisita e sinistra. Ele mata a Chaewon e arma para que você vire suspeita como vingança por magoa-la. Então ele mata a Chaeryeong quando ela fica no caminho dele, que está tentando ter você de volta. Já o motivo de Heejin envolve ciúmes. E mais limpo. Mas não tem nenhuma conexão com a Chaeryeong.

Hesito.

-Não consigo ver nenhum dos dois matando a Chaeryeong.

-Consegue ver algum dos dois matando a Chaewon?

-Não mais do que você ou eu ou a dra. Jihyo. - Deslizo até o chão.-Qual foi a pior coisa que você já fez na vida?

Ela mastiga a ponta do lápis por um bom tempo.

- Fiz minha irmã e o namorado terminarem. Nós quase parecemos gêmeas, e, quando éramos pequenas, costumávamos trocar de roupas, amigos, namorados, só para ver quanto tempo poderíamos fazer essas coisas sem nos me termos em encrenca.

-Então vocês eram chegadas antes.

- Parou de ser divertido quando me dei conta de que as pessoas gostavam mais de mim quando eu "era" ela. Então terminei com o primeiro namorado de minha irmã quando estava "assumindo o papel" dela. Eu lhe disse que ele cheirava a um hamster morto. Mas ela me perdoou. Eu só tinha oito anos de idade.

- Bem, provavelmente você não vai para o inferno por dizer coisas do tipo-comento, suspirando.

- Se você acreditar no meu pai, podemos ser perdoados por qualquer coisa - diz ela.

- Parece o meu pai falando. Meu pai antes da morte
do Kai. Depois do funeral, ele deixou de ser católico, pois era ofensivamente inaceitável que uma pessoa matasse, pedisse perdão e fosse absolvida. Não, o irmão de Yuna arderia no inferno. Essa era a nova religião do meu pai. A religião em que os erros são pagos no inferno. De não buscar nenhuma vingança na terra, porque não pode ser assim. Isso simplesmente não é o que nós fazemos. Mas o maldito vai arder no inferno. Essa é a fé que mantém os Kim seguindo em frente.

- Ele manipulou mesmo e totalmente o meu avô - diz ela com um sorriso fraco, apoiando a cabeça na crina pintada de cor-de-rosa do cavalo. - Meu tio.

-Para ficar com a casa?

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