Capítulo 15

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Quando acordo, Ryujin está sentada à sua escrivaninha, fitando com ar sério a tela do computador. Sento-me direito, grogue, e ela me traz uma caneca de chá de camomila.

- Continue sentada-diz.

-O que está acontecendo? Esfrego os olhos, em busca de me orientar.

Não me lembro de imediato de que adormeci no quarto de Ryujin, e então a noite passada cai sobre mim como chuva, com fragmentos, como estilhaços de vidro partido. Chaeryeong, Sana, Heejin, aquela coisa horrível que deixei escrita para Olívia, o beijo, minha conversa com a detetive Dahyun, todas as emoções horríveis que senti. Minha cabeça dói demais e o nariz está entupido e coçando. Espirro com força, e Ryujin me entrega uma caixa de lenços de papel. Assoo o nariz e olho por instinto para o calendário de Matisse que está pendurado na parede. Estou doente, a investigação de assassinato continua em andamento, e restam apenas poucos jogos agendados antes do fim da temporada. Eles não vão recomeçar até que a investigação termine. Preciso continuar correndo, manter minha velocidade acelerada.

Ryujin entrega o laptop, aberto em um site de notícias local.

- Em primeiro lugar, você estava certa em relação a Chaeryeong. A polícia está investigando a morte como homicídio. Possivelmente ligado ao da Chaewon.

Puxo o edredom ao meu redor, tremendo.

- A polícia acha que foi mesmo assassinato?

- Mesmo lugar, mesmo padrão. A Chaeryeong sofreu overdose, mas morreu afogada. Nenhum bilhete, nenhuma indicação de que ela queria morrer. Chaewon também não deixou nenhum bilhete. Essas são as notícias de última hora do dia. Se a mesma pessoa matou Chaewon e Chaeryeong, isso prova que o assassino escreveu o blog da vingança. F. C. vem arquitetando essa coisa toda e manipulando todos os movimentos que fazemos.

-F.C. E...?

- Falsa Chaewon. A pessoa por trás do blog.

Há olheiras escuras sob os olhos dela, e me pergunto se chegou a dormir na noite passada. Ryujin não está mais vestindo a roupa de ontem. Em vez disso, traja uma sóbria camisa preta de botões com uma gola branca de Peter Pan, uma saia da altura dos joelhos e meias que também alcançam os joelhos. Sinto-me envergonhada em relação ao beijo da noite passada, mas a vergonha é sufocada pelo choque e pelo entorpecimento que sinto em relação à morte de Chaeryeong e à culpa acerca da mensagem que deixei para Olívia.

- Não podemos simplesmente presumir que Chaeryeong e Chaewon foram mortas pela mesma pessoa. - Tento manter a voz estável. - Eram duas garotas muito diferentes. Não tinham nada em comum. E quanto a Heejin? Ele não tinha nenhuma relação com a Chaeryeong.

- Bem, talvez não tenha sido a Heejin-diz Ryujin baixinho.

Pego o laptop de Ryujin sem dizer nada e abro o site da vigança. Destravamos a senha e clicamos no link do prato principal. A tela fica escura e então o forno se abre, revelando poema da receita final.

Oh Hyunjin, torta de carne morta.

Corte-a, faça picadinho dela, transforme-a em carne moída
Chame os tiras para beberem e comerem
As receitas estão escritas e postadas
Espero que tenha gostado do menu que servi
Só faltam duas coisas - para arrematar tudo
Todo sofrimento é pouco para Hyun.

De repente noto o timer da cozinha voando em uma velocidade vertiginosa.

- O que está acontecendo?

Ela clica no timer algumas vezes, mas ele continua correndo.

- Espere. -Então digita alguma coisa na caixa da senha, mas ele continua correndo, mas nada acontece. - Hummm.

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