Minha contagem de corpos eleva-se para seis. Há alguma regra de três nisso? Porque, quando vi o cadáver do meu irmão, senti um suave clique, aquele acender de uma lâmpada na parte não iluminada do complexo de Kim Hyunjin. A parte que conhece as profundezas do desespero de minha mãe. Que me permite fazer o que faço, porque ninguém pode me deter, e nada, de fato, nada, na verdade, importa. Quando vi o corpo de Chaewon, uma ansiedade minúscula e urgente começou a irromper no meu peito, uma sensação de que, até retomar a rotina, o controle da minha vida não seria restaurado. Quando vi a pobre pilha de ossos e pelos de Daniel, o medo nu e cru perfurou-me, um terror por recear que me considerassem culpada por aquilo. Não apenas por sua morte, mas por todas as outras, pelo fato de que a morte e suas consequências existem. Pela postura debilitada da dra. Jihyo e pelos terríveis conjuntos de blusa e calça, pela prolongada dependência de remédios da mamãe, pelo fato de que nunca serei capaz de largar o basquete ou minha família se desintegrará em um horror de gritos e loucura serpenteante.
Isso ocorreu quando minha contagem de mortes atingiu. Quando vislumbro a cabeça da doce Chae submersa na água à corrente transbordando, angelical ao som da estranha música de harpa-Chae, que nunca pensou em algo malvado que apenas seguia a mim, à Sana, Mina e à Rosé, caio na fina camada, no chão e grito junto a ele, batendo e socando minhas mãos com camada de água no tudo no piso e soluço, eu não estava chorando, mas o choro e a dor que eu estava por dentro era umas piores sensações. Pressiono o rosto piso até sentir braços sob meus ombros.
Ryujin me força a ficar em pé e me arrasta pelo corredor, passando por onde a sra. Irene faz reanimação cardiopulmonar no corpo mole e pálido de Chae. Por que os paramédicos não fizeram isso com a Chaewon? Como tinham tanta certeza de que ela não estava viva? Os pensamentos são selvagens e desconjunta dos, fragmentados demais para eu verbalizá-los. Ryujin tenta fazer com que eu entre na sala comunitária, mas luto e me solto de sua pegada, descendo as escadas aos tropeços. Preciso de Olívia mas ela não está aqui. Consigo chegar até a porta da frente, e neste momento uma dupla de paramédicos passa correndo, empurrando-me de volta para o saguão, com dois policiais logo atrás deles, seguidos pela detetive Dahyun. Tento passar aos empurrões por clareza, mas a mulher agarra meu braço.
-Já que está com pressa-ela me diz, na sala comunitária no primeiro andar.
Sento-me na cadeira de madeira diante dela, inexpressiva e aos pedaços.
Se ela me pedisse que confessasse agora, eu faria isso. Não tenho mais com que lutar dentro de mim. Diria qualquer coisa para ir para casa e rastejar até minha cama. Para simplesmente desaparecer.
- O que foi que aconteceu? A voz dela está um pouco mais suave do que de costume, e isso me pega desprevenida.
- Chaeryeong está morta.
- Chaeryeong era uma de suas amigas? Uma das meninas que encontrou Chaewon
Respondo que sim com um movimento de cabeça.
- Ok.-Ela anota. Como sabe disso?
- Eu a encontrei.
-Você não ligou.
-Não. Sai correndo.
-Certo. Acalme-se.
Eu não tinha percebido, mas estava falando e tremendo, inspirei fundo algumas vezes.
-Eu a encontrei em uma banheira com a cabeça debaixo da água e o chão inundado. A água ficou correndo tempo. Definitivamente ela estava morta. por muito.
-Ok.-Ela escreve mais um pouco. - Mais alguma coisa que queira me dizer? Meu rosto desmorona.
- Chaeryeong me disse que ligasse para ela, mas não liguei. Ignorei as chamadas dela. E continuo deixando as pessoas morrerem, e continuo deixando as pessoas morrerem.
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girls in boarding school
Mystery / ThrillerKim Hyunjin pode ter segredos sombrios, mas passado é passado e ela se reinventou por completo ela é uma estrela: uma jogadora de basquete cujo grupo de lindas e populares amigas comanda um Internato particular. Porém, quando o corpo de uma garota é...