Os erros que cometemos quando éramos cegos

Dia B?

Helen tinha um Volvo preto de segunda mão, dado a ela por Buck que um dia teve condições para tal, com Hale a guiando no banco do carona, ela dirigiu calmamente até onde vendia as melhores hortaliças da região, estacionou o carro na entrada da garagem e desligou o motor, logo sendo recepcionada por uma mulher ruiva de cabelos rebeldes.

- Oi, eu sou a Ava, prazer! - elas apertaram as mãos assim que Helen saiu do carro. - Em que posso ajudar?
- Meu irmão me disse que vocês vendem os melhores legumes do bairro, vim às compras. - Helen sorriu animada.
- Ah, a gente faz o melhor que pode nesse calor. - Ava brincou. - Perdão, eu te conheço?
- Provavelmente sim, sou Helen Doss, filha de Raymond e irmã desse pirralho, Hale. HALE! - a morena gritou, fazendo o jovem sair do carro.
- Oi, senhora Poleman.
- Ah, o jovem Hale! - Ava achou graça. - Não o reconheci com esse cabelo grande.
- Tá horrível. - Helen comentou.
- Eu achei... Diferente. A amiga da minha filha tem o cabelo verde... - ela estalou a lingua. - Esses jovens. Você deve conhecer a Betina já que Hale e ela são amigos.
- Não, eu não conheço. - a morena olhou em direção ao irmão e viu que ele estava inquieto. - A senhora me dá um minuto?
- Claro! Fique a vontade, vou estar na loja. E pode me chamar de "você". - Ava deu um pequeno aceno e se distanciou.
- O que tá rolando?
- Nada.
- Hale, fala logo.
- Não é nada, Helen. Eu não sou mais criança e você não pode me obrigar a falar.
- Ah não?

A mulher arqueou uma sobrancelha e correu para a frente do carro, subindo no capô e se ajeitando, logo estava de joelhos e com os braços apoiados pelas palmas, imitando o uivo de um lobo. Hale sentiu seu rosto arder quando Ava e a idosa Dinah saíram da tenda para ver o que estava acontecendo.

- Meu Deus do céu, Helen, não me mata de vergonha.
- Se você não falar, eu vou continuar.
- Já disse que não é nada, cacete!
- Não me convenceu. - Helen continuou, agora com um uivo mais agudo.
- SANTA MISERICÓRDIA, QUE MERDA É ESSA?!

A voz irritada da garota fez o coração de Hale acelerar e agora tinha certeza de que estava corado, queria entrar no carro e se esconder la dentro mesmo que as janelas não tivesses insilfilm como o carro do seu pai.

- Ah, oi. Perdão. - Helen agora estava de joelhos.
- Que loucura é essa e por que você ta uivando no estacionamento da minha casa?
- É um método criado por mim pra fazer meu irmão morrer de vergonha.
- Na minha casa?
- É que eu vim comprar legumes.
- Oi... De novo. - Ava apareceu ao lado da filha. - Coelhinha, essa é Helen Doss, irmã do...
- Hale. - Betina murmurou, torcendo um bico.
- Sim! - Helen se animou. - Então vocês se conhecem mesmo? Achei que era brincadeira da sua mãe, ele nunca se seu bem com garotas.
- Eu sei. - Betina havia notado o rapaz que encarava um ponto perdido além das casas. - Mãe, vou estar com as beterrabas.

Assim que Betina se distanciou, Ava pediu para que Helen descesse do carro e a acompanhasse até a loja para escolher os produtos. Quando achou que estava sozinho com o carro, Hale foi tirado da sua zona de conforto.

- Então você é o filho da puta que sequestrou a minha neta? - Dinah lhe apontava a ponta de um rifle.
- A senhora tem licença? - foi a única coisa que o rapaz conseguiu pensar quando se viu na mira da senhora.
- Por que está tremendo? Está com medo?
- Um pouco.
- Hm... Resposta certa. Você é grande, garoto, mas não tão grande quanto o urso que eu cacei em 57. - a mulher tinha a voz lenta e rouca pelo fumo do cachimbo.
- Ima-magino.
- Se você contar até cinquenta em dois segundos, eu não mato você. - ela destravou a arma.
- Isso é impossível!
- Um...
- Um,dois,três,quatro,cinco... - ele contava sem respirar. - quinze,dezessete,vinte...
- Dois...
- Vovó, para. - Betina disse rindo. - Não ta vendo que ele é um cagão?
- Eu vi isso quando ele saiu do carro. Não acredito que ele te sequestrou.
- Olhando pra ele agora, nem eu acredito.
- Vou ficar de olho. Como uma águia careca.
- Obrigada.