Hale's POV

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A chegada da Veronica na escola foi um inferno pra mim. Pra quem não sabe ou não imagina, há um ano atrás, eu e ela tivemos um namorinho quando fomos voluntários num acampamento infantil, foi gostoso estar com ela, até porque ela é bem gostosa, mas havia acabado, eu não sentia mais nada, porém na época eu fiquei animado quando ela disse que se mudaria pra minha cidade, como ela demorou um ano pra aparecer, eu tinha esquecido da existência dela até aquela maldita segunda-feira. Justamente quando eu consegui beijar a Betina, quando eu finalmente havia dado um passo com a "garota que eu gosto", Veronica aparece pra destruir tudo. Durante a aula, ela ficava sentada do meu lado fazendo perguntas bestas ou jogando bolinhas de papel, no refeitório ficava mexendo no meu cabelo, eu odiava e ficava puto quando via a Betina fingindo que não estava vendo aquilo, ficava vermelha mas não virava a cabeça meio centímetro pra olhar pra nós. Eu amava vê-la vermelha daquele jeito e era bom saber que era por causa de mim, que eu causava algum tipo de coisa no seu sistema nervoso.
Depois do beijo, toda vez que a gente ficava o mínimo de tempo sozinhos, ela ficava nervosa e com as bochechas vermelhinhas como se ficasse com vergonha de mim, mas eu queria beijar ela de novo, sentir o cheiro dela de perto como quando ficamos sozinhos, ver as sardas das suas orelhas... Eu sentia saudade de ficar sozinho com ela.
A doidinha de cabelo verde marcou comigo pra tirar medidas, ela era divertida e me fazia cantar com ela muitas músicas aleatórias e rir quando ela não sabia a letra e eu sim, não me surpreendi quando Veronica quis ir junto e ficar lá sentada mexendo no celular e cagando pra nossa existência, apenas marcando território.

- Amigo, você tem umas costas largas, hein. - a doidinha brincou e eu fiquei com vergonha.

Veronica apenas olhou pra Moira que continuou falando.

- Entendo a Tini...
- Quem é Tini? - Veronica se meteu.
- A Betina, aquela morena de cabelo curto e piercing no nariz.
- Ah, sim! Minha amiga é linda, as saias dela sou eu quem faço e combinam MUITO com os coturnos. - Moira piscou pra mim.
- Ah... A esquisita? - Veronica piscou os olhos de um jeito asqueroso.
- Ela é gostosa. Né, Hale Doss? - Moira me cutucou.
- Se ela é gostosa, eu sou o que? - Veronica riu.
- Gostosa também, ora pois.
- Muito mais que ela... Enfim, já acabaram? Temos aula de história.
- Não, temos tempo livre aqui no Teatro. - Moira respondeu, eu estava impedido de falar.
- Por favor, não me fura com um alfinete, eu não tenho nada a ver com isso. - sussurrei pra Moira que revirou os olhos.
- Bom... - Veronica levantou ajeitando a saia. - Eu vou dar uma volta já que temos tempo livre.
- Não, não. NÓS temos tempo livre, VOCÊ tem aula de história.
- Qual a diferença, gata?
- Você não é do Clube de Teatro. Gata.

Veronica revirou os olhos e apenas saiu, estava mais do que atrasada para a aula. Quando ficamos sozinhos, Moira caiu na gargalhada e eu acompanhei, a risada dela era horrível mas engraçada.

- Ai, que chata, Hale! Como você aguenta?
- É castigo do Fanstasma do Verão Passado. Ela não era tão insuportável assim.
- Entendi. - Moira deu os últimos ajustes na manga esquerda. - Ela sabe que você e a Tini têm alguma coisa e ta sendo a ex chata, marcando em cima.
- Eu e Betina não temos nada. Ainda.
- Uuuh, esse ainda que enche os telespetadores de esperança. E você gosta dela, Hale Doss, não tenta mentir.
- Eu gosto dela sim, quero ficar com ela mas ela vive fugindo nervosa. Ainda não acredito que ela não falou nada quando viu a Vee fazendo cafuné em mim no refeitório.
- Ela ta cuspindo pregos até agora. - Moira riu. - Ela não gostou de ver.
- Jura?
- Juro. Mas a Betina tem essa coisa de guardar os sentimentos pra ela e depois gritar pra parede, por isso que a maioria das vezes ela fica com aquela cara de paisagem.
- Quando ela fica olhando pro nada?
- É, quando ela fica assim é porquê ela ta remoendo alguma coisa que só ela sabe. Muitas vezes nem eu sei.
- Ela te contou que a gente se beijou?
- Eu vi, menino! Nossa, que beijão. Mas ela não me falou nada então eu nem perguntei. Ela entrou aqui igual a um furacão naquele dia.
- Foi o dia em que ela conheceu a Vee. Ela já chegou dando em cima de mim.
- Ela ficou muito puta.
- Ainda não acredito que ela gosta de mim.
- Gosta. Só não sabe lidar com isso.

Os erros que cometemos quando éramos cegosOnde histórias criam vida. Descubra agora