Capítulo 33

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PEPE GONZÁLEZ

Estava procurando Sabina que nem doido quando escuto alguns murmúrios seguidos de soluços.

Saby: Por que? Por que ela? Por que não eu? Meu pai me odeia, não tenho família a única pessoa que poderia me amar fui eu que matei!

Do que ela tá falando?

Me aproximo dela por trás.

Pepe: Sabina? - Chamo e ela se vira.

Saby: Sai daqui Pepe! Eu odeio ser vista chorando!

Pepe: Não posso. - me ajoelho ao seu lado, levanto seu rosto com meu dedo indicador e com a outra mão limpo as lágrimas que corriam desesperadas sobre seu lindo rosto.

Saby: Por que não?

Pepe: que tipo de pessoa acha que eu sou? Não vou te deixar sozinha, Sabina, ocê pode contar comigo. - ela soluça alto e agarra meu pescoço me fazendo agarrar sua cintura.

Saby: está doendo! Muito! - seus soluços se intensificam.

Pepe: eu não vou sair daqui. - com essas minhas palavras ela me solta.

Saby: Obrigada.

Pepe: de nada - ela senta no chão novamente e eu sento ao seu lado olhando as árvores ao nosso redor, ela deita a cabeça em meu ombro e eu deito minha cabeça por cima da sua.

Tão frágil quanto as lindas rosas do jardim.

Saby: Minha mãe morreu no meu parto - ela começa e eu me atento a suas palavras, ela quer desabafar e eu vou ouvir. - nunca tive carinho de mãe, não sei o que é comida de mãe, abraço de mãe... não sei nada relacionado a carinho materno, mesmo tendo nascido no México, vivi desde pequena nos Estados Unidos, meu pai sempre exigiu que eu fosse poliglota, falo inglês, francês, espanhol, alemão, português, hindi, russo, japonês, coreano, chinês e finlandês, quando eu tinha seis anos, meu pai me obrigou a ir em um jantar com os sócios da empresa dele "escute, sua peste! Se você me envergonhar nesse jantar eu vou te trancar naquele quarto!" Foi o que ele me disse, eu sempre fui muito sozinha porque meu pai não me deixava ser amiga de "qualquer um" como ele dizia, no jantar eu conheci as meninas, no começo eu achava que eram só garotas que eu ia conhecer nesse jantar, brincar um pouco e depois nunca mais as veria. Não foi bem assim, Any, Sofya e Hina insistiram em manter contato comigo, no começo eu estava bem relutante, hoje eu agradeço a elas do fundo do meu coração por elas não desistirem de mim. Elas são a minha família.

Eu nem fazia idéia.

Pepe: Sabina, ocê é muito forte e... vai ficar tudo bem. - ela assente e vejo que falar isso e não falar nada deu no mesmo. - o nome dela era Cecília - ela se vira para mim. - ela amava tirar fotos, acho que em todo lugar que ela ia, tirava uma foto diferente, ela foi meu primeiro amor, tinha doze anos na época mas sabia que a amava, meu primeiro beijo foi com ela, ela era doce, gentil, fofa espontânea... um dia fomos passear de barco, ela estava animada, tirando fotos para lá e para cá, nossas famílias e eu ríamos encantados por sua empolgação, então ela caiu no mar - respiro fundo, buscando forças para continuar. - ela não sabia nadar, eu tentei ir atrás dela mas... quando eu pulei na água pra tentar encontrar ela, eu só vi seu corpo afundar completamente, quando eu subi de novo no barco eu chorei, chorei por ela e por culpa de não ter ido atrás dela antes. Me culpei por anos e minha família decidiu sair do México por isso. Meus pais disseram que o tempo ia curar e curou, a ferida da perda ainda está aqui, mas Sabina, acredite quando eu falo. Vai ficar tudo bem. - ela assente e encostar a cabeça em meu ombro novamente.

Vida No Campo  《Concluída》 Onde histórias criam vida. Descubra agora