Capítulo 4

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Ela pôde sentir quando ele passou por ela, a pegando antes que tocasse o chão. Sentiu a dor percorrendo todo o seu corpo enquanto caia, e sentiu o corpo ficando dormente enquanto o mundo a sua volta escurecia - Liliane - foi a última coisa que disse antes de desmaiar, enquanto uma lágrima corria por seu rosto e morria em sua boca.

Ane acordou mas não abriu os olhos. Sentia o corpo dormente e a boca seca. Se sentia de luto, como se tivesse perdido alguém que amava demais.

- Que sonho estranho - pensou consigo mesma.

Tentou se ajeitar na cama, mas foi violentamente atingida por uma dor aguda percorrendo todo o corpo, enquanto as lembranças do que havia ocorrido tomaram conta de sua mente.

- Não pode ser real - ela pensou enquanto lágrimas brotavam sem parar de seus olhos - não pode ser real - repetia para si mesma.

Ane abriu os olhos, congelando frente aos imponentes olhos azuis que a encaravam a poucos centímetros do seu rosto. Ela podia sentir a respiração dele, com seu hálito fresco de menta, que agora abria as pálpebras dela com o dedo.

- Olá, você está ai? - ele disse batendo com o dedo na testa dela.

Ela tinha certeza estava sonhando, pois estava deitada sobre o chão e o homem estava flutuando sobre seu corpo, com o rosto na frente do dela.

- Hum, aparentemente você não acordou totalmente da ilusão, então deve estar bastante confusa - disse enquanto girava o corpo no ar se colocando de pé - oi Ane - ele fez uma pausa coçando a cabeça - Isso é meio confuso, mas a gente meio que se conhece, embora você deve achar que não - ele passou a mão no rosto - eu só estou piorando a situação né. Permita-me me apresentar, me chamo Altair - ele disse fazendo uma reverência exagerada se curvando ao lado dela.

- Melanie, minha filha, onde ela está? - ela disse quase que sussurrando, enquanto o medo e o pânico tomavam conta dela ao se lembrar do último momento com a filha.

- Oh, você deve precisar de água - ele pegou um cantil de couro próximo a ela e ergueu um pouco sua cabeça, despejando água aos poucos em sua boca - coloquei um pouco de remédio pra ajudar com a dor.

Ane movia os olhos de um lado para o outro, mas estava muito escuro e não conseguia ver. Seu olho estava inchado, tampando quase que completamente a visão e doía bastante. Tateou o chão com as mãos percebendo que havia terra e folhas, e o ar tinha um cheiro horrível de ferro e sangue.

- Melanie, ela está aqui?

Altair se sentou ao lado dela, mas agora sua expressão estava mais séria.

- Não Ane, ela não está - ele pensou por um momento, procurando as palavras - Eu tive que fazer uma escolha difícil e eles a levaram. E embora eu pudesse ir atrás dela agora, isso significaria que você iria morrer, portanto, por enquanto nós precisamos cuidar de você.

- O que está acontecendo? Eu não entendo. Que lugar é esse? Quem é você? - ela disse de forma afobada e lágrimas surgiam em seus olhos.

- São muitas perguntas Ane, e o tempo pra respondê-las vai chegar - Altair tentou acalma-la e falava baixo e de forma cadenciada. Limpou o ferimento em seu olho com um pano da forma mais delicada que conseguiu,  enxugando as lágrimas de Ane, e depois as dele mesmo - Sobre Melanie, nós vamos trazer ela de volta, eu te prometo, mas vamos fazer isso juntos e você não está em condições. Agora - ele se ajoelhou ao lado dela, enrolando um pedaço de pano na mão - eu preciso mover você e isso vai doer está bem? Então preciso que morda isso para não se machucar - Altair colocou um pano enrolado entre os dentes de Ane.

Ela não conseguia responder, se sentia atordoada, confusa e a dor começava a afetar seus sentidos, ficando tonta demais pra manter os olhos abertos.

- Ei, ei, ei, não feche os olhos. Não faça isso comigo garota, vamos, você precisa ficar acorda - ele deu alguns tapas leves em seu rosto e ela abriu os olhos, piscando algumas vezes em sinal de aprovação.

As Crônicas de Luz e Sombra - AneOnde histórias criam vida. Descubra agora