Capítulo 36

8 0 0
                                    

- Basta - a voz poderosa de Arthorius ecoava por toda a tenda. Baradur e Gough se entreolharam, enquanto Cassandra desviou o olhar de Ane para o Centauro - Eu não sei o que está acontecendo aqui Cassandra, mas preciso lembrá-la que Ane está sob os meus cuidados, e qualquer ameaça a ela será uma ameaça a mim - naquele momento Arthorius mantinha a mão sobre o cabo de sua espada e ele parecia duas vezes maior do que Ane se lembrava. Um silêncio tomou conta do lugar e alguns lobos espiavam pela entrada da tenda tentando entender o que acontecia lá dentro.

- Você traz aquela que tirou meu marido de mim e foi responsável por separar nosso povo até a minha casa e tem a coragem de bradar sua autoridade aqui? - Cassandra estava com raiva, mas também sabia que enfrentar Arthorius não seria uma boa idéia, por isso media com cuidado as palavras e ganhava tempo para avaliar a situação - Você nos desonra ao cuspir na cara de nossa hospitalidade Arthorius, por isso recomendo que tome cuidado com o seu tom de voz aqui.

- Ane - ele não tirou os olhos de Cassandra enquanto falava e estava tenso. Arthorius conhecia Cassandra e os filhos e tinha um bom relacionamento com eles há praticamente um ano, enquanto Ane era alguém que ele conhecera a pouquíssimo tempo, mas uma voz gritava de forma incontrolável dentro dele dizendo para ajudá-la. Agora ele questionava se havia errado em seu julgamento - o que ela diz é verdade?

- Ousa questionar a verdade nas palavras de minha mãe - Baradur sacou sua espada e a apontou para Arthorius, mas calculou mal a distância e a espado o tocou. Arthhorius não moveu um único musculo quando a lâmina fez um corte fino em sua pele, e Baradur sentiu um arrepio percorrer seu corpo.

- Cassandra? - Arthorius permanecia com os olhos nela e uma fina linha de sangue correu pela espada de Baradur.

- Guarde sua esparada Baradur! - o tom dela não era um pedido e Baradur sabia que em outro momento Cassandra o puniria pelo erro que acabara de cometer - Vamos ver se ela terá coragem suficiente para mentir e negar o que fez - ela olhou para Ane que estava tensa.

Baradur guardou a espada enquanto trocava olhares com Gough que tinha a mão sobre o cabo do seu machado, pronto para agir a qualquer sinal do irmão. Ele fez um sinal negativo com a cabeça e Gough relaxou dando alguns passos para trás, mas ambos permaneceram com as mãos em suas armas e os olhos atentos em Ane e Arthorius.

Ane não sabia o que responder. Ela sabia que as acusações de Cassandra eram verdade e sabia o que tinha acontecido no dia em que derrotou Kahn. Mas ela também sabia que não foi a responsável pelo que houve naquele dia e que estava sendo julgada pelos crimes de uma Ane que ela ainda estava conhecendo. Quando finalmente tomou coragem para responder, ainda que incerta sobre qual seria a resposta correta, ela ouviu a voz que mais precisava naquele momento ecoando em sua cabeça.

- Me dê cinco minutos! - Ane estava de volta, mas ela sentiu que sua voz estava mais distante e cansada que o normal. Ela parecia tensa, irritada e com pressa, então ela apenas assentiu e permitiu que Ane assumisse o corpo como havia pedido - sei que tem perguntas sobre Rowena e tudo o que aconteceu, mas não posso ficar muito tempo, então conversamos depois.

- Não precisa se explicar Ane, eu confio em você. Agora faça o que precisa fazer.

Os olhos de Ane passaram do castanho para o vermelho rapidamente e Cassandra que não havia desviado os olhos dela um minuto sequer, agora a encarava com curiosidade. Ane ergueu o braço direito retirando o manto que cobria seu corpo e o jogando no chão, revelando Ebony e Ivory desembainhadas em suas mãos. Gough levou a mão ao machado, e Baradur ergueu sua espada, mas antes que pudessem atacá-la ou protestarem Ane o acalmou com um aceno - Isso não será necessário filhos de Kahn - ela matinha os olhos em Cassandra enquanto jogava as adagas aos pés dela sem fazer movimentos que pudessem ser interpretados como uma ameaça.

As Crônicas de Luz e Sombra - AneOnde histórias criam vida. Descubra agora