Riscos de um amor criminoso

Capítulo12 - Encontros

- O que quer dizer com isso? Conheceu alguém assim?

- Conheci um rapaz outro dia, ele me ajudou em uma situação que estávamos nós dois e um outro homem, mas quando fui ver, onde ele estava havia duas manas, eram bem diferentes, como se fossem duas pessoas dentro de uma.

- Entendo, é raro, mas é possível. Acredito que o que você viu, na verdade, eram as duas manas da pessoa, a vital e a emocional, isso acontece quando alguém passa por um momento muito traumatizante de muita dor e essa emoção toda acaba por criar um álter ego. É quase como se energia emocional dele criasse outra pessoa dentro da mesma pessoa, não necessariamente uma dupla personalidade, mas sim ela ficasse tão forte quanto a energia vital, podendo sim aparecer no radar.

- Eita...

- S/N, uma pessoa dessas sofreu muito na vida, sentiu muita dor, é um milagre caso ele não tenha enlouquecido de vez por isso, mas caso você consiga entrar no coração dele, pode ser que mude completamente e vire a melhor pessoa que poderia conhecer.

- Sim, eu imagino... – Ficamos encarando o céu, a hora do almoço estava próxima, já era possível sentir o cheiro da comida da Shizume-san no ar.

- Isso teria ligação com o tal "Dabi" que falou dormindo? Ou com o rapaz que estava aqui semana passada?

- Ah! N-não! Quer dizer, sim! Talvez.

- Tudo bem! – Ela estava rindo do meu nervosismo, veia lazarenta. – Eu não iria perguntar, mas é que é tão bom saber que está interessada em alguém.

- Não é bem assim...

- Sem problema, querida! Pode trazê-lo aqui, só peço alguns favores.

- Quais?

- Camisinha, não quebrem nada e não façam muito barulhos, não preciso ouvir vocês fazendo certas coisas.

- VÓ DO CÉU! A SENHORA É LOUCA!

- Eu não, já tive sua idade, sei bem como é, fora o fato que ele é um gatinho, sua malandrinha!

- A senhora o viu?! – Olhei em choque para ela.

- Sim, essa noite, eu estava chegando com o carro e vocês aos beijos no quintal da frente.

- Meu deus... Queria ser um avestruz e enfiar minha cara na terra. – Certo, com certeza eu estava mais vermelha que um tomate.

- Deixa disso, ridícula! Vocês são lindinhos juntos! – Falava apertando minhas bochechas. - Dava para ver a mana de vocês fluindo juntas de longe! Rolou o tchan, não foi? Minha netinha tendo dois tchans, safadinha.

- Masein?

- O tchan! Quando duas almas que estão destinadas a ficar junto finalmente se encontram.

- Sim, eu sei o que é o tal "tchan"..., mas isso não acontece uma única vez?

- Normalmente sim, em poucos casos, quando um morre ainda novo, é possível que aconteça novamente. Não se preocupe, não vou pedir para conhecê-lo, não até que você queira me apresentar. – Isso me fez encarar o chão pensativa.

- Eu não sinto que esteja pronta para um relacionamento, mas eu me sinto bem com ele, como se tudo que há de ruim simplesmente sumisse e o tempo parasse, existindo somente nós, ali naquele momento, me sinto segura e é quase como se eu estivesse voando, mas com os pés ainda no chão, não sei explicar, a única pessoa que me fazia sentir assim era o Touya. – Não vou revelar que na verdade são a mesma pessoa.