Capítulo 12

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Bom dia, queridos leitores..
Como estão? Já beberam muita água neste calor?..
Aproveitem o capítulo..
Até semana que vem..
;)



Ainda é noite. Tudo parece quieto por aqui. O lençol está bagunçado, mas deve ter sido culpa minha. Meu pai costumava falar que desde pequena eu sempre era inquieta na cama. Minha boca se encontra seca e meu lábio ainda cortado de ontem me faz acender a luz para procurar uma pomada para passar no local ferido. Descalço caminho em direção ao armário de remédio que temos no corredor. É um pouco pastosa demais e tem um gosto horrível, e por mais que eu queira não sentir esse amargor não dá. Minha garrafinha de água sempre por perto está a esta altura vazia e é preciso descer para enchê-la. Em minha mente sinto que estou esquecendo de algo muito importante.

Há três dias atrás, quando foi aquele ocorrido com a Jennifer, estou assim. Tudo me assombra e relances daquela imagem vem a minha cabeça. Alan logo depois apareceu do nada me confortando e dizendo que apesar de ter sido culpa minha eu não devia me preocupar. Meus ataques de ansiedade e agressividade tem piorado, segundo ele. O que me faz ficar preocupada, já que semana que vem Hannah vai embora para Duskwood. Ela é a única que sempre está ao meu lado depois de um ataque desses, já que eu acordo meio zonza e com muita dor de cabeça. No outro dia nada fica claro. Sempre me esqueço de tudo o que fiz e agi. É doloroso, pois se eu machuquei verbalmente ou fisicamente alguém nem pedir desculpa poderei, e a pessoa achará que eu sou fria o bastante para não me importar com seus sentimentos. Isso me consome quando penso sobre tudo isso. É frustrante e desgastante. Minha mãe e eu não temos uma relação muito boa por conta disso, e no caso do meu pai eu acho que ele só não sabe como me ajudar.

Ficar sentada na janela do meu quarto tem sido meu escape ultimamente, e apesar dos muitos esforços da Hannah para me levar até lá fora, são inúteis. Simplesmente não consigo descer e sentir a grama como anteriormente. A minha sorte é que ela não sabe o que fiz, e espero um dia me perdoar por isso, pois está me corroendo por dentro. Não queria me separar dela, mas será necessário. Um bem maior, assim me disseram no jantar de segunda. Ela quer ser fotógrafa e antes de ir para a sua futura faculdade pretende passar um breve período com seus pais, em uma cidade pequena e modesta, a qual ela nasceu e cresceu. Tem morado aqui conosco há dois anos já, quando veio para a capital cursar jornalismo; esse não era mesmo seu sonho e nem propósito, e em minha opinião eu só acho que fez isso para agradar a mãe que sempre lhe impunha desejos pessoais sobre a filha. Ela está feliz aqui e espero que fique onde estiver, mesmo que seja longe de mim. Minha irmã de consideração será separada de meu laço amoroso. Mas eu sei que posso conseguir sobreviver sem ela, e além do mais, a veremos todo natal. Assim foi o que me prometeram, espero que cumpram também.

É bom conversar sozinha nos meus pensamentos às vezes. Parece que sempre tem alguém lendo-os e os esmiuçando a fim de encontrar algo útil dessa Mellany estranha que estou me tornando. Olha que belo pote de bolacha. Se voltar para o quarto agora não conseguirei dormir, o que seria uma ótima oportunidade para mergulhar nessas pequenas bolachas de doce. Os degraus são poucos e sub muito rápido. A porta do quarto de Hannah está fechada e onde Alan deveria estar, está aberta já que não há ninguém. Ele foi um covarde e idiota por saber o que fiz e me deixar aqui sozinha para processar tudo. Espero que algum dia o remorso lhe preencha o coração. E quando isso acontecer, que eu esteja presente para ver, já que a culpa foi dele por não me ajudar a livrar dela. De toda forma, não é bom para o coração guardar rancor, e isso eu alimentarei como uma consequência involuntária que precisa ser retribuída por um belo salário.

Se eu pensar assim, então não sinto nenhum remorso pela morte de Jennifer e fico feliz pelo o que foi acometido com ela. Mais ainda por ter sido feito por minhas mãos. Que pensamento errado. Me desculpe se nesse momento eu pareci uma psicopata para quem está lendo meus pensamentos, essa nunca foi minha intenção. Acho que deveria comer apenas seis bolachas. Uma homenagem especial. Seis bolachas, para os seis dias restantes que ainda tenho com minha amiga. Depois disso eu prometo que vou deitar e dormir, amanhã é um novo dia; é preciso estar descansada para ficar em posição fetal na janela e não descer por motivo nenhum.

Duskwood: Crime EleitoOnde histórias criam vida. Descubra agora