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Morte e vida



Corríamos contra o tempo, a sensação de ficar completamente no escuro era deprimente, enquanto aquela transmissão corria a equipe juntamente com meu pai, se preparava para uma corrida contra o relógio, nossos homens já estavam infiltrados na cidade, o lugar que antes era movimentado agora estava como uma selva de pedra abandonada, os únicos que tinham coragem de transitar eram pessoas que trabalhavam e sua cidadania era confirmada, e claro animais, ao contrário disso nem moradores de rua se arriscaram ali, lugares abandonados e totalmente destruídos eram vistos aos montes, pichações como: fora estrume, lixo de país pobre... e tantas outras ofensas. Depressão pairava no ar enquanto caminhávamos ansiosos, talvez para encontrar algo? Era a primeira vez que estávamos às cegas.

Já havíamos encontrado alguns locais em que a localização dos explosivos fosse óbvia, tivemos sucesso no começo, aparentemente seu alvo era destruir o que tínhamos de melhor, fomos divididos em vários grupos, mas o que era óbvio se tornou estranho. Quando saiamos de um dos enormes shoppings, fomos surpreendidos por uma explosão em uma pequena lanchonete, ficamos todos estáticos e paralisados no lugar, quando pensamos que não podia piorar o maior hospital que tínhamos explodiu a dois quarteirões de distância, a explosão foi enorme e a que teve, mais impacto, agora havia entendido, era uma distração, e uma tentativa de nos tirar do rumo, funcionou, agora víamos pessoas correndo desesperadas e outras totalmente carbonizadas, foram momentos traumatizantes para quem vivenciou, hospitais menores vinham prestar socorro, os bombeiros foram chamados, agora tudo estava um verdadeiro caos, enquanto a poeira demorava a abaixar pessoas corriam de um lado para o outro. Aquele dia passava cada vez mais lento, os gritos de vítimas, os soldados correndo de um lado para o outro, ordens sendo direcionadas aos nossos pontos de comunicação, tudo estava um verdadeiro apocalipse.

Enquanto o sol dava lugar a uma lua tão brilhante e intensa, meu peito se sufocava em um sentimento que não podia identificar, parecia que algo estava errado, talvez fosse um pressentimento? Algo tentando me despertar, mas não compreendia. A lua brilhava fortemente como se quisesse nos ajudar a encontrar sobreviventes, em meio às ruínas daquele hospital não parávamos um só segundo, aquele lugar era enorme, vítimas choravam, parentes se aglomeravam em busca de respostas, mas no meio daquele caos onde corpos separados dos seus membros se entrelaçam em meio às ruínas.

So-cor-ro! — Enquanto corria para ajudar um dos bombeiros ouvi quase que um sussurro, olhei em volta sem saber para onde ir. — P-or fa-vor! Gr-r! — Ouvi novamente com um gemido acompanhado parecia estar com muita dor.

—ONDE VOCÊ ESTÁ?! — Gritei tentando acompanhar os gemidos. — So-cor-ro! Cof! Cof! — Era uma voz fraca feminina, mas estava perto.

—ESTOU TE OUVINDO! CONTINUA FALANDO! — Corri para perto dos escombros. — E-eu t-to a-qui! — E então eu vi uma perna do lado de fora coberta de sangue, embaixo de uma viga pela metade.

— BOMBEIRO AQUI! ENCONTREI, MAS UMA! — Abaixei encontrando uma fresta entre a viga e uma parede caída. — Ei, ei te achei! — Estava escuro, me forcei a alcançar o celular em meu bolso esquerdo e usá-lo para iluminar.

Argh! Po-r fa-vor! — Era uma garotinha seu rosto estava coberto de sangue, talvez seu tom de cabelo fosse loiro, mas estava com uma crosta de sangue e poeira, a visão do seu rosto fez meu coração se sufocar e o choro entalado em minha garganta, os segundos ali embaixo pareciam uma eternidade, onde estão os bombeiros!?

— BOMBEIROS AQUI! EMERGÊNCIA! — Voltei minha cabeça para fora, de repente a viga pareceu se mexer, e a garotinha gritou e gemeu. Meu Deus! Vai cair! Em um ato desesperado me abaixei novamente e encontrei um espaço no outro lado daquele corpinho frágil. — Olha para mim! Me diga seu nome! — Tentei a distrair enquanto passava meus braços para o outro lado e ficando com meu tronco sobre a menina.

Perdida Na Guerra: Livro 1 - (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora