35° final

18 4 3
                                    

Para sempre


A cor do vazio, é uma cor que poderia ter muitas cores e variados tons, mas aqui, é apenas o escuro, escuro esse que já estava familiarizada, estive aqui muitas vezes, mas, mas havia algo diferente, não estava frio, mas não era quente, apenas morno. Mãe, pai!? Estava indo até eles, agora estou aqui? O que significa isso? Talvez o meio entre a luz e as trevas , ou aqui era o centro entre a vida e a morte? Aqui seria antes de estar no céu? Eu ainda não morri? Mas os vi estavam ali na minha frente. Assim que tomei um grau de consciência muitas perguntas surgiram, mas para todo caso essas não seriam perguntas respondidas, ali não havia porta ou qualquer coisa que me indicasse o caminho. Sentia meu corpo flutuar em meio aquela vastidão sombria, não sabia se estava em pé tão pouco deitada, mas a sensação de leveza pairava em meu corpo, me deixava relaxada, não sentia mais medo, tristeza ou dor.

— Agora só tenho você. — Olhei em volta, contudo não sabia de onde a voz saia, o sussurro era tão baixo que chegava em meus ouvidos em vários ecos. — Não teria sido um babaca. — Vozes que poderiam ser familiares para mim, no entanto minha mente parecia estar bloqueada por uma tempestade.

— Mas suponho que você não suporta obedecer né. — Eram tons diferentes, sussurros desconexos viajavam por aquela escuridão, como o uivo do vento, impossível de compreender o que falavam — Acorde logo! — Essa voz, era a que mais se destacava entre as demais. Deveria saber de quem era certo? Não sei, minha mente era um completo vácuo. Subitamente senti minhas pálpebras pesadas, meu corpo parecia pesado demais para mim sustentá-lo naquele momento. Irei fechar um pouco meus olhos, será rápido, logo irei voltar, para quem estiver esperando, apenas alguns minutos okay? Ali jamais saberia com quem estava falando apenas sentia a necessidade de respondê-los, quem sabe alguém estaria ouvindo.

— Eu não vejo a hora de podermos ver juntos. — O sussurro viajou até meus ouvidos, meu coração respondeu, vibrando em um sentimento que nunca saberia identificar, ali naquela imensidade era diferente de outros vazios que vivenciei aqui minha mente estava bloqueada, não me permitia pensar e nem lembrar de muitas coisas, mas aquele som foi o suficiente para me arrancar um suspiro leve, satisfeita por ouvi-la. Queria abrir meus olhos e saber quem falava comigo ou se estava de fato falando comigo, entretanto tinha medo de ser apenas uma voz em minha cabeça, talvez seja, estou morta, é a única explicação.

— Deus se aqui for meu castigo, tudo bem, aceitarei de bom grado, mas me deixe aqui o ouvindo, não quero voltar e sofrer mas, por favor! — Me recusava a voltar para aquele lugar sujo, onde cheirava a sangue e suor, não queria lutar com, mas ninguém, estou cansada, repentinamente uma sensação, um toque leve e delicado em minha mão, me causava um formigamento leve, me senti curiosa e agora sentia a necessidade de olhar, quem sabe estivesse em perigo precisava me proteger, meu corpo estava em perigo. A sensação se tornou mais forte, portanto tomei coragem em abrir os olhos, uma forte luz branca me atingiu me deixando cega temporariamente me impedindo de abri-los totalmente. Quanto tempo estou assim? Quando minha visão se acostumou com a claridade do ambiente, me assustei quando não reconheci a minha volta, havia paredes brancas, uma mesinha, vaso de flores em tons de lilás e um pequeno corredor que deveria levar para a porta. Meus olhos seguiram o percurso quando me deparei com um homem à minha frente. Quem seria? Olhos azuis como o oceano, e cabelos negros como a noite, um rosto definido, parecia ser forte por debaixo da camisa, então seu nome veio a minha mente, como uma onda atingindo um barquinho.

— Dylan!? — Seu sorriso se iluminou na mesma hoa, e seus olhos se encheram de lágrimas, começando a transbordar, sua mão veio direto em meu rosto eram quentes mas estava trêmula.

— Sim, sou eu! Que alívio, você está acordada mesmo?! — ele falava nervoso e chorava muito, alisando meu rosto como se eu fosse de porcelana a qualquer toque brusco poderia quebrar. — Acho que estou sim! ha! ha! — brinquei com a situação mesmo não lembrando de muito, contudo estava feliz ali. Vê-lo em minha frente me trouxe a lembrança da noite na cabana, lembrar do nosso quase beijo me trouxe uma sensação boa como uma saudade, lembrei também que devia uma resposta ao homem em minha frente.

Perdida Na Guerra: Livro 1 - (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora