Capítulo 16

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Morgan Davis

Porquê eu quis fazer administração?

Fiz direito em média, por causa do meu pai e da minha mãe, - sempre buscando orgulho de quem nunca se orgulharia de mim - fiz o que eles queriam e podemos julgar de forma feliz, porque eu gosto de exercer a advocacia, mas a questão não é essa.

Acho que acabei me precipitando escolhendo administração, só por causa da minha diversão na empresa, que nem tem nada haver comigo, mas seguimos assim, eu tenho certeza absoluta de que a microeconomia, está tentando me matar.

Carga horária de 30 horas, pelo amor de Deus, porque 30 horas? Eu não tenho mais idade para isso - na verdade nunca é tarde para estudar - mas isso é tão - ênfase no tão - cansativo, mas não posso simplesmente abandonar algo que eu comecei porque quis, ninguém me influenciou para isso.

Mas eu não tenho nenhum amigo nessa faculdade, nem nas aulas, que coisa boa, agora só me resta...

Porra nenhuma!

- você vai fazer faculdade junto comigo? - pergunto quando Meyer se senta, na cadeira ao meu lado.

- quase isso - Meyer sorri.

O professor começa a tagarelar, sobre economia, tenho certeza que é algo que vai cair na prova, eu deveria comer alguma coisa, todo dia, mas não, eu sempre cometo o mesmo erro, de não comer nada durante a manhã, e acabo ficando morta de fome, na hora do almoço.

- não vai voltar a trabalhar nunca? - Meyer pergunta, enquanto pega o meu caderno.

- Eu por um acaso, trabalho para você? - pergunto irritada.

Convenhamos, que eu já não estou exatamente feliz, depois de passar a manhã com o Matheo - novamente - acho que não posso nem sequer respirar o mesmo ar que ele.

- não seja assim, docinho - a voz... essa voz, foi só pensar no diabo.

Os pelos da minha nuca, se arrepiam em reconhecimento, Matheo, eu estou bem ciente de tudo, principalmente da noite em que eu sentei em seu colo e quase... quase ultrapassamos uma barreira, que não pode ser jamais, ultrapassada.

- puro complô - reclamo um pouco alto.

- no exército, fizemos um juramento... - Matheo fala, mas eu o interrompo.

- coisa de três mosqueteiros, mas vocês só são dois - acuso.

- nunca falamos sobre o Jorge - Meyer diz, com a voz pesada.

Um pouco de culpa pesa no meu peito, mas sei que não devo ser tão sentimental, eu preciso afastá-los e eu só vou conseguir fazer isso, com grosseria ou deboche, então não é como se eu me importasse.

Eu sou uma puta vadia!

- então vocês eram mesmo os três mosqueteiros? - pergunto colocando uma máscara fria no meu rosto.

- cale a porra da boca! - Matheo esbraveja, chamando a atenção das pessoas nas filas próximas.

- venha calar! - eu pareço uma criança de merda.

- vocês dois! Já chega.

Meyer interrompe, olho para ele, esperando o próximo passo, mas ele apenas começa a anotar no caderno, alguma coisa, encosto minhas costas na cadeira, olhando para oque ele está escrevendo na cadeira ao lado, e de forma confusa.

- que letra feia - murmuro.

- vai se ferrar - Meyer diz ainda escrevendo tudo que o professor escreveu no quadro.

Empresário imprevisível - livro 3 da série: Os MendonçaOnde histórias criam vida. Descubra agora