Capítulo 12

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Morgan Davis

Fecho a porta bem devagar, sei que Matheo não está aqui, afinal ele não mora aqui, bom, o fato é: eu voltei para casa, mas o Matheo estava deitado no sofá, abraçado com a Madrid, ele estava me esperando, não pude acordar nenhum dos dois, fechei a porta o mais devagar que pude e vim para a casa do Júlio, ou a casa da Catarina, chame como quiser.

Ando pelo corredor, torcendo para Catarina não estar acordada, mas muito pelo contrário, encontro Júlio sentado no sofá, olhando a Lily dormir.

- ei! - sussurro, Júlio dá um pulo.

- que porra? - ele sussurra-grita para mim.

- preciso conversar - sussurro de volta.

- escritório, agora!

Não espero mais nada, para seguir a diante no corredor, entro no escritório, enquanto escuto seus passos na escada, depois de um tempo, começo a pensar se não devo tomar uma garrafa de vinho.

A porta se abre, deixando um Júlio de calça moletom e uma camisa polo ao avesso, com cara de confuso.

- me diz que ele não encostou em você, de novo -  Júlio exige, mas desvio o olhar.

Pouco tempo atrás, eu estava usando um short, mas eu tinha esquecido do maldito roxo, minha perna estava manchada, de lado, na coxa direita, quando Júlio perguntou, eu comecei a chorar, não tinha como esconder isso, eu nem consegui articular uma mentira, apenas comecei a chorar.

Júlio anda até mim, mas toca a porra do meu braço, encolho o corpo, me afastando, seu olhar se torna feroz, ele sabe, mas antes que eu possa falar qualquer coisa, ele me puxa para um abraço.

Sem falar nada, ele me abraça, como se isso fosse tudo no mundo, isso me tranquiliza, principalmente quando as lágrimas começam a cair, Júlio não conta mentiras, ele não diz "vai melhorar", ou "tenha calma, tudo vai ser melhor amanhã", acho que é por isso, que ele é o único que sabe de tudo.

- quero que você tire tudo, - Júlio diz, ele está se referindo a minha maquiagem, ele sabe que tem mais coisa por baixo - ainda tenho lenços na primeira gaveta e sabonete líquido no banheiro.

Faço oque ele diz, sigo até o banheiro, quando meus olhos batem no espelho, eu sei que está muito pior do que qualquer vez, eu sei que isso só vai piorar, eu sei que o meu porte de armas, não vai impedir que isso aconteça novamente, apenas a morte impediria isso.

O olho roxo que aparece logo depois que eu lavo, me faz dar um gritinho, não achei que fosse parecer tão ruim, ele está com as bordas esverdeadas, um pouco de roxo e vermelho no centro.

Júlio surge atrás de mim, assim que minha maquiagem se foi, meu rosto está abatido, tenho olheira no olho que não está roxo, tenho uma marca vermelha, começando a ficar roxa, na bochecha, marcas roxas no braço... e por Deus, não quero nem levantar a camisa.

Minha cabeça dói, Júlio me olha pelo espelho, sua expressão dura, eu sei oque vem agora, eu definitivamente, sei oque vem agora.

- preciso fazer uma ligação - Júlio diz com a voz dura.

- por favor... - começo mas ele me interrompe.

- nem que me foda! Aquele filho da puta, vai pagar, independente da sua mãe ou da sua irmã - a menção delas, me faz encolher o corpo.

Megan sabe de algumas coisas, mas... não quero envolvê-la.

Júlio se afasta, sigo até o sofá, retirando os saltos, joguei minha bolsa na poltrona. Cerca de cinco minutos se passam, quando Júlio se aproxima novamente, agora com uma camisa curta, - merda - e uma calça, uma batida soa na porta, vou para o banheiro, - eu fujo para o banheiro, não quero que Catarina, ou qualquer pessoa, me veja assim, o sol vai nascer em breve, logo recolocarei a maquiagem e irei para o trabalho.

Minha barriga, tem um roxo, muito feio, do lado esquerdo, tento esconder com a calça, mas não cobre, e a camisa só vem até as costelas, abro a porta, mas paro, assim que vejo Meyer.

Seu olhar desce, direto para o roxo, antes que eu me dê conta, ele está parado na minha frente, segurando meu rosto entre as mãos.

- porque você não me deixa te ajudar? - Meyer sussurra - Eu vou matar aquele desgraçado.

Espera, como Meyer pode saber quem é? Ele não conhece meu pai, Júlio não diria nada, então, como ele pode saber?

- você não vai matar ninguém - digo segurando seus pulsos.

- ah querida, eu vou, mas não vai ser apenas por você, aquele filho da puta, tem contas a acertar comigo. Por enquanto, você terá um segurança com você, o tempo todo.

- você acha? - um riso de escárnio me escapa - achei que já tivesse colocado um dos seus cachorros, para me seguir.

Meyer olhar por cima do ombro para Júlio.

- este não é o lugar, nem a hora para discutirmos isso, - Meyer fala - você espera oque? Que eu deixe isso acontecer novamente? Ou quem sabe, você quer que eu fique com os braços cruzados, olhando você desfilar por aí, toda machucada.

Meu coração se aperta, não faço ideia do que Meyer quer, ou do que ele pensa, muito menos, o porquê, desse temperamento, não vejo motivo para toda essa importância, da parte dele.

- porque você o chamou? - pergunto para Júlio.

Me esquivo do Meyer, andando até Júlio, que me olha com os olhos sombrios, seus olhos parecem muito com o tom de cinza, fugindo totalmente do verde habitual, o escritório tem apenas uma luz ligada.

Bato no seu peito, Júlio desvia o olhar, quando eu o empurro.

- porque? Eu confiei em você, droga! - vou para o banheiro, colocando rapidamente a minha roupa anterior, ao sair do banheiro, passo por Meyer, para pegar minha bolsa, dando uma rápida olhada, para Júlio.

Saio pela porta, muito ciente das marcas no meu rosto e no meu braço. Consigo andar quase dois metros, a porta está a vinte passos de distância, eu consigo chegar...

- me desculpe por fazer isso.

Escuto a voz de Meyer, quando seu braço envolve minha cintura, minhas costas, batem no seu peito e um pano vem para minha boca, quando eu tento me afastar, o cheiro forte faz minha vista ficar turva e o meu corpo amolecer, tento resistir até o último minuto, mas minha mente, me trai, deixando meu corpo mole é minha vista escura.

(...)

Meu corpo dói, não estou na casa do Matheo, nem em nenhum lugar que já estive antes, uma agulha fura meu braço e outra dura minha mão, quando finalmente consigo abrir os olhos, vejo uma máquina, que marca os meus batimentos cardíacos, que por si dizer, estão em alta.

Puxo as agulhas, sentindo o sangue quente aquecer minha pele, por quanto tempo eu dormi? Onde diabos eu estou?

- eu se fosse você, ficaria bem quieta - escuto a voz da Marina, então percebo que ela está sentada bem na frente de onde estou deitada - vou te atualizar um pouco, Matheo acha que você viajou para dar um perdido no Osman, Megan está em um tipo estranho de relacionamento, mas isso não me diz respeito, Júlio sabe que você está aqui, mas acha que o ideal, é manter você o mais longe possível do Paul, ou ele pode acabar te matando da próxima vez, mas suponho que você não gostaria de morrer apanhando...

- onde estou? - pergunto interrompendo.

- na fortaleza, Meyer te trouxe. Cinco dias atrás, - levanto a cabeça abruptamente, cinco dias atrás? Eu dormi esse tempo todo? Isso é possível?

- como é? - consigo dizer.

Empresário imprevisível - livro 3 da série: Os MendonçaOnde histórias criam vida. Descubra agora