Morgan Davis
Esperei ansiosamente que o Matheo entrasse, mas eu sei que Meyer saiu a pouco tempo, só que a minha ansiedade, não me deixa, não consigo pensar que ele vai me apoiar, que ele vai ficar comigo nisso...
A porta se abre de repente, me levanto rapidamente por causa do susto, mas me sento tão rápido quanto, ainda me sinto altamente enjoada, e acho que não vou poder viver normalmente, por um tempo, já que o meu corpo tem que se acostumar, afinal ele está gerando uma vida.
Uma onda de alegria me preenche ao ver quem entrou, tenho vontade de desabar no choro, mas me contenho, olho para Vitória, esperando encontrar um olhar de julgamento, mas muito pelo contrário, eu encontro, um olhar acolhedor, um olhar de respeito, não sei o que ela sabe, nem o que ela pode estar pensando de mim, mas fico feliz por ela ter vindo até aqui.
- como você está? - ela me pergunta.
- ainda não sei...
- você tem que descansar e pensar no melhor para você, o Matheo faz parte disso, mas a decisão e o corpo são seus - Vitória fecha a porta e caminha até o sofá, não esperava que ela fosse vir até mim, sozinha, na verdade, não achei sequer que ela soubesse, mas levando em conta, a proximidade do Matheo, com o Henrique, era de se esperar, olhando bem.
Sinto que finalmente tenho alguém com quem eu posso contar, sei que as meninas não estão aqui e que elas na verdade são o meu complemento, mas a Vitória é diferente, ela é a minha pessoa.
- o que você sabe? - pergunto a Vitória, quando ela passa o braço pelos meus ombros, me abraçando.
- não tudo, o Meyer achou melhor você me contar.
Eu o respeito por isso, sinto que isso me fez confiar mais nele, mas ao mesmo tempo, eu seria 100% grata por não ter que reviver tudo novamente...
- não quero que se sinta pressionada a me contar nada, eu juro que estou aqui para você independente, se você falar ou não.
- eu quero te contar, mas acho que antes eu preciso falar com o Matheo.
- claro, eu entendo.
Ela mexe no cabelo loiro, enquanto, me olha.
- estou aqui para tudo, você sabe né?
- eu sei, muito obrigada por isso - uma lágrima escorre involuntariamente pela minha têmpora.
- então é isso, vamos esperar - levanto a cabeça para encarar os olhos cor de mel.
- o que isso significa? Onde está o Matheo? - pergunto, enquanto tento não pensar que ele me abandonou.
- Está do lado de fora, ele com medo que você desista dele.
Meu coração que já estava em cacos, termina de se quebrar, nunca achei que o Matheo fosse me apoiar, na verdade nunca criei esse cenário na minha cabeça, mas nesse meio tempo, desde que eu descobri a gravidez, não esperava que ele fosse estar comigo, mas isso só deve estar acontecendo, porque eu sempre o vi como um dos maiores canalhas de Londres.
Mas talvez eu esteja enganada.
- então porque ele ainda não entrou? - pergunto ansiosa.
- porque da última vez que eu chequei, ele estava a ponto de vomitar e extremamente ansioso, então o Meyer mandou ele para o outro escritório.
Um sorriso me escapa e Vitória sorri comigo.
- então vamos esperar - digo ainda sorrindo.
(...)
Acordo de supetão, ainda no sofá, observo ao meu redor e percebo que estou sozinha, o sentimento se tornou realidade, meu peito aperta, enquanto sinto um forte enjoo.
Minha cabeça dói como nunca, pela primeira vez, realmente reparo no cenário ao meu redor, as paredes no tom de azul escuro, o busto na mesa de centro, o tapete de vaca...
Não tenho tempo de analisar tudo antes de correr para a porta da esquerda, torcendo para que seja um banheiro... dou graças a Deus por realmente ser um banheiro, coloco tudo que eu sequer me lembrava de ter comido um dia.
De repente sinto mãos nas minhas costas e por um momento penso que pode ser o Matheo e que ele pode finalmente ter voltado, voltado para mim, mas um balde de água fria, cai em mim, é apenas o Meyer.
Tipo, sem querer desmerecer o meu irmão, porque eu sei que ele é foda para um caralho, mas eu não queria que fosse ele me apoiando, sou grata, mas eu queria o pai do bebê comigo...
- vai ficar tudo bem - ele diz segurando o meu cabelo.
Sinto o meu corpo ficando completamente mole, me encosto na parede, tentando resgatar o resto de forças que eu ainda posso ter dentro do meu corpo, Meyer se inclina dando descarga, fazendo que com isso, todos os meus antigos nutrientes saiam pelo ralo.
Meyer me olha de um jeito, que eu sei que tem algo errado.
- o que houve? - pergunto ansiosa - Aconteceu algo ruim? Com o bebê?
- não... - ele balança a cabeça, como se estivesse pensando em como me contar.
- o que diabos está acontecendo, Meyer? - pergunto exasperada e coloco na conta da dor de cabeça, estou me sentindo uma megera, mas eu me sinto extremamente grata por ter alguém ao meu lado.
- o Matheo foi atrás do seu pai - Meyer diz enquanto segura os meus ombros, me mantendo sentada, tento me levantar, mas não consigo, já que estou fraca demais - você não pode ir atrás dele.
- você não sabe do que está falando! Eu queimei a casa dele, não tem como o Matheo ter ido a um lugar cheio de cinzas.
Me sinto mal por gritar, me sinto mal por estar nessa situação, como diabos tudo simplesmente saiu do meu controle tão rápido assim?
- o incêndio foi controlado, me escute... eu entendo que você esteja nervosa e que sinta que precisa agir, mas não é assim que vai acontecer - Matheo está louco, completamente louco, se acha que pode falar com o meu pai de igual para igual, das duas uma, ou ele sai morto, ou ele mata o meu pai, o que desencadearia um caos em Londres - você precisa me ouvir.
Ouço a voz de Meyer, vindo de longe, como se ele não estivesse ao meu lado, será que eu posso tomar uma aspirina? Acho que não, antes eu preciso comer.
- você vai se alimentar... - Meyer fala como se lesse os meus pensamentos - depois disso iremos, juntos para a casa da família Davis, me entendeu?
Aceno com a cabeça, sem querer verbalizar mais nada, Meyer me ajuda a levantar, seguimos de volta para o sofá, onde surpreendentemente tem uma bandeja cheia de comida, panquecas, bacon, frango e ovos.
- eu não posso comer tudo isso - falo olhando da bandeja, para Meyer.
- não se preocupe, o garotão ai, - ele aponta para a minha barriga - vai te ajudar.
Sorrio, será que já dá para saber o sexo do bebê? E se for mesmo um menino?
Espero que venha saudável, afinal, é isso que mais importa.
Tento me concentrar na comida, mas a minha cabeça fica voltando para o Matheo, espero que ele esteja bem, é só isso que eu consigo mentalizar enquanto como.
- pense com cuidado - Meyer diz e percebo que ele está olhando para a minha mão, que sem nem perceber, acabei apoiando na barriga - muitas pessoas gostam de homenagear alguém... pelo bebê, eu digo.
- quer ser o homenageado? - pergunto sorrindo.
- oras, não negaria, mas também não posso pedir isso, sou muito perfeito para pedir qualquer coisa, as pessoas apenas fazem - ele faz um gesto com a mão, como se estivesse me dispensando.
Sinto como se o sorriso não fosse sair tão cedo do meu rosto, mas me lembro onde o Matheo está e com quem está, e sinto meu coração acelerar... não consigo acreditar que ele foi se meter no pior lugar do mundo.
Desespero deve tomar conta das minhas feições, já que o Meyer tenta me tranquilizar.
- estou com você, quero que tenha isso em mente.
- eu sei - sussurro.
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Empresário imprevisível - livro 3 da série: Os Mendonça
RomansaMorgan finalmente mostrará como é difícil ser livre em uma sociedade opressora, com o coração cheio de cicatrizes, ela voltará para o jogo do amor, mas não exatamente com quem ela deseja, muito menos com quem ela espera. Lidar com os pais nunca pare...