Morgan Davis
- estamos nos separando - Henrique falou, enquanto saímos do Starbucks a quase meia hora, mas estamos andando pela rua, como qualquer pessoa desocupada, Vitória está sentada no banco perto ao carro, ela disse que estava tudo bem e que estaria esperando no mesmo lugar.
Mas pelo visto ela não tinha a intenção de cumprir com a sua palavra, já que o banco está vazio, eu não entendo o que faria que esses dois se separassem, a não ser que...
- você não a traiu, traiu? - Matheo pergunta enquanto seguimos em direção a um beco.
Henrique hesita, de novo, não é a primeira vez que ele hesita, e isso não me deixa nem um pouco feliz.
- você vai receber no mínimo uns 40 socos na cara, que porra você achava que estava fazendo? Que mulher poderia ser melhor que a mãe dos seus filhos?
- você acha que eu não sei? - Henrique diz.
Paro de andar, quando a vejo, sentada no chão, enquanto aperta o sobretudo, paro de andar, chamando a atenção deles, não quero que eles a vejam assim e tenho certeza que ela não gostaria de ser vista assim por ninguém.
Matheo para de andar, sua mão procurando meu braço, ele para seguido pelo Henrique.
- existem tantas coisas que vocês nem sonham, - eles se viram para mim, ficando alheios a Vitória - dependência emocional, ansiedade, depressão, transtornos alimentares, mas mesmo assim eu nunca... nunca havia visto a Vitória se apagar.
Henrique desvio o olhar do meu, dando-me as costas, Matheo segura o ombro dele.
- a minha Vitória, - engulo um soluço - se apagou, seja lá o que diabos você fez, com a mãe dos seus filhos, com a sua esposa, com a porra da mulher que você jurou amar e respeitar, não ache que isso vai sair barato, e se você tiver mesmo traído a melhor pessoa que eu já conheci... acho melhor você encontrar algo melhor do que apenas uns seguranças, por que eu vou te matar.
Eu iria presa, mas antes disso eu o mataria, Vitória não merece ser traída, não depois de tudo que ela passou, o peso que ela carrega todos os dias ao se levantar é muito maior do que qualquer um possa medir, mais do que ninguém ela lutou para sair da depressão, lembro-me de quando sumíamos, sem dar qualquer explicação a ninguém, apenas para nós trancarmos na biblioteca do meu pai e viver vidas melhores, mesmo que por apenas alguns minutos.
- ela não quer conversar comigo - Henrique diz, virando-se para mim, e eu dou graças a Deus porque bem agora, a Vitória se levanta e anda na nossa direção.
É eu acho que estávamos perto o suficiente para que ela ouvisse, porque seus olhos estão no fogo puro.
- eu não quero conversar com você? Talvez tenha sido porque eu ouvi você falar com só Deus sabe quem, que o nosso casamento era uma mentira, que a porra do nosso casamento era apenas um acordo para você herdar a parte do seu pai nas indústrias.
Porra, isso era ruim em todas as línguas que eu pudesse falar.
Ouço um estalo bem a tempo de olhar para o Henrique, que está com o rosto virado, enquanto Matheo balança a mão, tento assimilar, o Matheo deu um soco no Henrique? Aparentemente sim, já que o sangue escorrendo no canto da sua boca, parece bem real.
Bom, pelo menos ele não traiu a Vitória, não com outra mulher, mas essa ainda é uma traição...
- você só pode estar de brincadeira se acha que isso é verdade - Henrique afirma limpando o canto da boca com o polegar.
- com quem você estava falando? Para quem você diria algo desse tipo? - perguntei tentando avançar na sua direção mas Matheo foi mais rápido, me segurando por trás.
Em outras circunstâncias, eu poderia até aproveitar a sensação agradável da parede firme de músculos nas minhas costas, mas estava preocupada demais para reconhecer sequer que ele estava me segurando.
- o meu pai contratou o Leandro, meu pai não é o escroto... - Henrique começou mas Vitória interrompeu.
- pelo visto o escroto é o filho primogênito do Roberto - quase sorri com o deboche, mas me segurei.
Não que eu esteja contando mas está 1x0 para a Vitória. Foda-se, eu estou realmente contando os pontos da minha melhor amiga.
- inferno, Vitória, o Bernardo... - ele parou, olhando para o Matheo, - fez a cabeça do meu pai, agora ambos querem que eu me divorcie, para ser igual o Gabriel, eles querem me forçar a... porra, eles querem me transformar na moeda de troca.
De repente estamos brincando de estátua, ninguém se mexe, nem mesmo consigo respirar, as mãos do Matheo se apertam na minha cintura, mostrando-me que ele está tão apreensivo quanto eu.
- o que você está dizendo? - Vitória pergunta.
- esse não é um assunto para ser discutido no meio da rua - Henrique diz.
- foda-se, eu quero saber o que caralhos está acontecendo, agora! - Vitória exige.
- meu pai é viciado em pôquer, ele perdeu toda a parte dele, da empresa eu digo - Matheo fala sua mão agora espalmada na minha barriga - depois entrou na parte do Roberto, meu pai tentou me forçar a casar, mas não estou no clima, não ainda, o Júlio já está casado, o Arthur não é da sua jurisdição e o Gabriel é o mais fácil de manipular?
Henrique acena positivamente, antes de olhar de mim para a Vitória.
- o Gabriel é o único que pode ajudar o Bernardo a recuperar parte da sua fortuna, de certa forma, sendo a moeda de troca - Henrique explica - meu pai te ama - ele diz para Vitória - mas o irmão dele é convincente, estou a mais de uma semana tentando provar que você é a minha metade em tudo, enquanto você está se afastando por algo que nem sequer poderia ser verdade.
- se coloque no meu lugar...
- eu sei, pode acreditar que eu sei como você se sente, mas eu preciso de você comigo, eu te amo, gatinha - suspiro pesadamente, feliz por estar tudo em ordem novamente.
- tá, mas e essa história de rastreador? - pergunto.
- meu pai está controlando os passos das mulheres da família - Matheo suspira.
Que porra de homem controlador do caralho.
- certo, então acho que vamos indo... - Matheo fala enquanto Vitória e Henrique, parecem concentrados um no outro.
Antes que eu percebesse, eu já estava na caminhonete, enquanto o Matheo apertava o botão, para ligar o motor, com um rugido.
- vamos para a vovó, diabinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Empresário imprevisível - livro 3 da série: Os Mendonça
Storie d'amoreMorgan finalmente mostrará como é difícil ser livre em uma sociedade opressora, com o coração cheio de cicatrizes, ela voltará para o jogo do amor, mas não exatamente com quem ela deseja, muito menos com quem ela espera. Lidar com os pais nunca pare...