A família do Mason - parte dois

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3 de setembro de 2009


Futuro cardiologista (assim espero),

Já aprendeu como curar corações partidos?

Eu sabia (sabia!) que não deveria me apegar a mais ninguém, havia aprendido isso da maneira mais dolorosa e eficiente possível. Eu tinha tia Sue e isso já deveria bastar. Melhor: eu a tenho e isso basta, sim. Mas acho que, contra toda minha razão, talvez até sem perceber, construí outros laços também, e pra quê? Só para me decepcionar! De novo.

Acho que (vou me arrepender de sequer verbalizar isso)... Não sei, desenvolvi uma certa afeição pelo nada merecedor do Mason. Com aquele jeito divertido, descontraído, perspicaz, calmo e ainda assim vibrante, diferente dele, acabou ganhando vários pontos comigo (que raiva!), sem falar da minha confiança. Pensei saber do que fosse capaz, de que sabia como tratar as pessoas e... e... Ah, estou jogando tudo em cima de você como se já soubesse dos fatos, certo? Perdão, ainda estou meio "fora de mim", porém só preciso respirar um pouco... ou não.

Na intenção de retificar minha explosão provavelmente inesperada (a julgar pelos últimos dias, sim, quem diria? Eu entendo. Apenas... Justamente por isso, deveria ter previsto algo ruim — desapontada comigo mesma! —, não?), no entanto, permita-me narrar os acontecimentos relevantes desta quinta-feira fatídica...

Acredito que valha destacar, primeiramente, a pequena surpresa que tive na aula de espanhol. Causadora? Jasmine Johnson. Causa? Somos compañeras de clase ("companheiras de classe", caso não esteja familiarizado com o idioma, o.k.?).

— Por que está aqui? — perguntei assim que se acomodou ao meu lado, modos obstruídos pela curiosidade.

— Poxa... — Esfregou uma das mãos no peito, onde supostamente está o coração (fica à nossa esquerda, não fica? Já ouvi até que era no meio, apesar de não fazer muito sentido...). Amiga do Mason e do Logan, sem dúvida!

— Desculpa, é só que... Por que está aqui? — apenas mudei a entonação e ela riu.

— Só vou deixar passar porque faria a mesma coisa, viu? — Tomou fôlego para explanar: — Meu pai tem uma política muito rígida sobre verdadeiramente se conectar com seus clientes, toda a família ter que de apoiá-lo, coisa e tal, o que é bem legal, claro, mas agora que decidiu expandir os negócios para a Espanha, todos temos de aprender espanhol, acredita? Então cá estou eu.

— É a primeira vez que ouço algo assim... Mas tem seus benefícios, não?

— Pode apostar! E c'est comme ça que j'ai appris le français! — Não se preocupe, diário, também não entendi, e deixei-a saber. — Significa "foi assim que aprendi francês" — esclareceu com outra gargalhada.

— Os leigos agradecem a informação — zombei, intensificando sua risada e me fazendo sorrir também. — Mas você não disse que só tinham estabelecimentos em determinadas partes dos Estados Unidos?

— Isso. Dos Estados Unidos.

— E temos uma poliglota, América!

— Para! — Empurrou-me de leve com um sorriso, o rosto corado.

El español es divertido, ¿no es así, chicas? — repreendeu-nos a senhora Jackson.

O que poderíamos dizer? Se disséssemos que sim, a língua era divertida, certamente estaríamos ainda mais encrencadas, e se falássemos que não... Bem, preferimos ficar caladas. A senhora Jackson podia não ter implicância conosco como o Miller, mas também desejava silêncio para passar seu conteúdo. Compreensível. Todavia, não devo ter emanado a serenidade que esperava, pois mal terminamos o exercício de tradução e Jas já disparou:

Diário De Um Passado Iluminado | 2ª ed. | ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora