Sou a Sun - parte um

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4 de setembro de 2009


Meu fiel amigo,

Agradeço-o imensamente por permanecer comigo não importa quão maluca e conturbada seja a minha vida, porque, sendo bem realista, é certo que realmente não tenho um dia pacífico, e eu disse um! Quando penso que o pior já passou, que finalmente encontrei uma forma de resolver tudo e seguir em frente, o mundo gira de novo e rouba-me o chão. Se a tribulação de fato produzir paciência, como minha tia costuma afirmar, não demorará muito para que ancião algum de filme se compare a mim, isto é certo.

Deparei-me com um tremendo choque de realidade logo na primeira aula de hoje, com o auxílio do Logan.

Após aplicar vários de meus minutos a uma preparação emocional voltada ao meu reencontro com o Mason, desanimei-me ao perceber que a simples vista do seu amigo, por relembrar o tal, já me deixava nervosa, o que significava que meu esforço havia sido completamente vão. E este já devia ter conhecimento do que ocorreu, porquanto seus olhos já me procuravam quando adentrou a classe, exibindo emoções que não fui capaz de identificar (decepção? Confusão? Pesar?). Esperei que seu parceiro de sempre o procedesse, porém, contra minha vontade, acabei ficando preocupada ao notar que aquilo não se sucederia.

O que significava aquilo? O Mason, pelo que pude perceber, nunca faltava a uma aula sequer. Nunca. Principalmente de História Americana. Tinha algo errado ali, e meu insano interior se revolvia em agonia, conjecturando o que seria.

Parece que a senhora Davies adivinhou, pois ordenou que formássemos duplas para a análise de um importante texto histórico. Uma vez que seu amigo havia faltado e eu estava sozinha, como o usual, em segundos Logan puxava uma carteira para o meu lado.

— Vá em frente, pode perguntar — sugeriu assim que se organizou no espaço, matreiro.

— Perguntar o quê? — Temi minha transparência.

— Onde está o Mason, claro.

— O quê? Não, eu não... Eu só... Não sei o que quer dizer.

— Ah, o.k., então. Perdão. Nesse caso, vou guardar a informação pra mim... — Começou a mexer nos papéis como quem não quer nada (que raiva, o cara era bom!).

— Tudo bem, tudo bem, você venceu! Por que ele não veio? Está doente? Aconteceu alguma coisa?

Logan sorriu, convencido (argh!), então preferi acrescentar:

— É meu dever, como cidadã, zelar pelo bem estar dos outros membros da sociedade, não?

— Sim, claro... — Não engoliu nem um pouco (pagaria dez dólares para um "bom samaritano" me ajudar a fugir dali). — Seja como for, é o seguinte: até amanhã, todo o grêmio está em um evento de formação para jovens inovadores ou algo assim, o que significa que nada de EAAR pra os sortudos!

— Também chama a escola de EAAR? — Ri.

— Mas é claro! — empolgou-se. — É muito mais fácil e parece com "orelha*", não? Quase dá um ar de normalidade pra esse pesadelo...


*Do inglês, "ear", termo que significa "orelha", "ouvido".


— Esse é um "quase" bem distante, viu? — salientei.

— Uma semana e já percebeu?! Impressionante!

— Os créditos são deles, não meus, aprendi da pior forma.

— Te passaram tutoria?! — Arregalou os olhos. — Espera, não me diga que... Quem é seu tutor?

Diário De Um Passado Iluminado | 2ª ed. | ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora