Diário De Um Passado Iluminado | 2ª ed. | ✔️

O efeito do meu... ciúme? - parte três

12 de dezembro de 2009

Dileto confidente,

Eu tenho o melhor pai do mundo! Por causa dele, sinto como se cada vez mais, de uma forma ou de outra, estivesse experimentando um pequeno pedaço do céu. Hoje, talvez até literalmente...

De Senneville despertou-me em volume máximo e lastimei profundamente o momento em que tirei o celular do silencioso. Atendi-o a muito contragosto, ainda meio grogue:

— Alô?

— Bom dia, flor do dia! — Jas cantarolou, enérgica como sempre.

— Que horas são? — Podia sentir o mau humor em minha voz. Não sou uma pessoa matinal.

— Sete e um.

— O.k., então, te ligo às nove.

Ela riu.

— Para, vai, nem é tão cedo assim...

— Jasmine, é sábado!

Outra risada mecânica.

— Por isso mesmo. Levanta, Bela Adormecida, temos trabalho a fazer. Chego aí em vinte minutos.

Forcei meu cérebro a trazer qualquer memória sobre planos recentes, porém nada me veio. Acabei culpando o sono, porém quando me encontrei com minha amiga no carro, logo após informar tia Sue, constatei que não podia estar mais errada. Definitivamente não havia combinado nada daquilo.

— Quer que vamos às compras?! — guinchei.

— Também. Vai ser mais como um dia das garotas, sabe? — explicou, nem um pouco abalada.

Minha réplica confusa estava na ponta da língua, mas mudei o foco assim que deu partida no veículo.

— Jas, espera, não peguei dinheiro o suficiente!

— Relaxa, é por minha conta! Sou eu quem está te arrastando, não sou?

— O quê?! — Agitei-me mais ainda. — Jasmine, não posso deixar você fazer isso.

— É claro que sim, qual o problema? Não disse que queria renovar seu guarda-roupa? Considere isso um presente da sua melhor amiga entusiasta.

— Pretende me comprar um guarda-roupa inteiro?! De jeito nenhum!

— Sunny, eu posso e quero fazer isso por você. Estou muito feliz pela sua escolha, nunca te vi tão contente, e ficaria ainda mais se me permitisse contribuir. — Certamente percebendo minha hesitação, acrescentou: — Provavelmente, nem vou pagar, de qualquer jeito, a maioria dos estabelecimentos só quer que eu use a mercadoria.

Tal informação me tranquilizou moderadamente, com certeza nem tanto. No entanto, aquela era uma discussão que nunca venceria, portanto apenas suspirei com resignação.

O resto da manhã, desse modo, passou-se em um borrão de lojas e provadores. O fato da Jasmine ser aficionada por moda não ajudou nem um pouco, em minutos me vi cercada por mais roupas que já tive em toda minha vida, e pior: nem sei quanto custaram. Sutilmente, atentei para as tags diversas vezes, mas a Jas, sagaz, sempre dava um jeito de escondê-las, até que, por fim, encontrou butiques que não as expunham.

Após o almoço, julguei que havíamos terminado, entretanto novamente me equivoquei. Em vez disso, fui levada à construção mais luxuosa que já contemplei, seu letreiro orgulhosamente comunicando: J Beauty.

Meu queixo caiu.

— É um dos salões da sua família?

— Isso aí! — Piscou, liderando o caminho. — Vem, Enrico é um amor, mas detesta ficar esperando.