O Universo me odeia? - parte um

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26 de agosto de 2009


Honorável guerreiro,

Infelizmente, terei de retirar meu pedido com relação a seu envio de energias positivas. Dói-me ter de informar isso, mas definitivamente este não é o seu forte. Reflito na possibilidade de que, caso requisitasse o contrário, coisas favoráveis finalmente pudessem me suceder...

Nas condições correntes, entretanto, prefiro não arriscar. Sério, com todo o respeito, não suportaria outra onda de suas boas vibrações, e vai que as ruins sejam realmente assim e minha vida passe de mal a pior! Já passou, na verdade, o que é motivo o bastante para recear qualquer outra reviravolta, não concorda?

Por que estou falando tudo isso? Simples, deixa eu te contar o que aconteceu hoje na "maravilhosa" Excellence As A Rule High School...

Passei todo o período anterior à primeira aula em uma acalorada discussão interna: parte de mim defendia que talvez não devesse ter mudado o meu horário só por causa do Mason. Assim, ele parecia um cara legal, ter boas intenções (embora nunca possamos saber com certeza) e uma espécie de repelente contra gênios do mal.

Ademais, apesar dos pesares, eu realmente tinha gostado da senhora Smith, contanto que não fizesse daquele tipo de ideia danosa um hábito, nem ficar tentando me enturmar à força (ela provavelmente ficou com pena de mim, algo que detesto, mas entendo. Acho até louvável da parte dela se importar se alguém está sozinho ou não, mas, poxa, não é muito pior — pra não dizer vergonhoso — pedir para juntarem com você?! Aliás, tem algum palpite do porquê de ela escolher logo o senhor Knight para essa tarefa?).

Já a outra argumentava que obviamente eu tinha tomado a decisão correta e o fato de questionar isso devia apenas comprovar. O garoto já tinha mexido demais comigo. E em dois dias, pelo amor de Deus! Imagina como seria daqui a algumas semanas ou meses se aquilo continuasse (será que me reconheceria?)! Não, era melhor parar isso antes que fosse tarde demais.

E, fala sério, despertar tantas reações assim em outrem, e tudo de uma vez, não pode ser saudável! Estou cuidando da minha saúde, afinal, portanto esse lado venceu. Principalmente porque percebi que não era tão fácil assim ignorar o ser humaninho sentado confortavelmente um pouco mais adiante.

Preciso admitir que estou até agora tentando convencer a mim mesma de que era somente por essa razão que olhava para ele de vez em quando. Quero dizer, se estava na frente, não tinha como evitar, certo? Mas o ruim é que não estava tão defronte de mim assim e enquanto meus olhos tomavam seu caminho, minha cabeça era, ironicamente, minha pior inimiga.

Para esclarecer, só conseguia pensar na maneira como ele sorrira ao entrar na sala e me avistar, e então no quanto era interessante a postura relaxada que assumia ali, como se estivesse em casa na aula de História Americana, e no quão fofo ficava quando estava concentrado, e você devia ver sua expressão quando é assaltado por pensamentos! E também... Ah, vê?! Preciso dizer mais alguma coisa? São por estas constatações que meu cérebro não aceita minha teoria.

Queria ser como aquelas pessoas que conseguem se convencer de qualquer coisa... Ou não. Criticidade é inestimável. E necessária. Se não fosse por ela, seria arrastada por esse caos e onde estaria? Não, melhor assim. Apenas uma aula problemática, lembrei-me, apenas uma...

É claro que, no final, seu poder contraditório acabou surtindo efeito e adivinha: quando estava quase entrando na classe do senhor Miller, vi outra pessoa seguindo meu exemplo. Quem? Aparentemente, o melhor amigo do Mason. Até aí, tudo bem, porém o problema é que normalmente os dois fazem tudo juntos e ambos estavam escalados com Rebecca Smith ainda ontem, assim como eu.

Diário De Um Passado Iluminado | 2ª ed. | ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora