O efeito do meu... ciúme? - parte um

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4 de dezembro de 2009


Destinatário das mais boas notícias,

Você acredita em mudanças plenas e imediatas? Ao menos, até certo ponto?

Nunca havia de fato refletido sobre isso, e creio que se houvesse, meu posicionamento seria outro, mas após os eventos de hoje... Bem, simplesmente sou incapaz de negar.

Dito isso, peço seu perdão, porém teremos de nos conhecer novamente.

O.k., o.k., eu sei que isso soa terrível e que, na verdade, nada faz sentido, porém confie em mim quando digo que o melhor me aconteceu. Esta sou eu falando, afinal...

É claro que, seguindo nosso benevolente padrão, apesar de toda a bonança comunicada, meu dia não começou como gostaria. Para ser honesta, até um determinado momento, diria que foi a pior manhã que já tive em muito tempo. A simples lembrança faz meu sangue ferver! No entanto, agarro-me ao sólido consolo de que pelo menos isso me levou ao lugar certo. Isso mudou a minha vida.

Muito obrigada, Samantha Howard!

A suprarreferida, em todo seu esplendor de cachos louros, passou uns consideráveis cinco minutos parada rente ao armário do Mase (sei disso porque estava organizando o meu e, de sua posição, é quase impossível não ver) e mal esperou o garoto aparecer no corredor que já gritava, toda charme e sorrisos:

— Mason! Aqui!

Bem, é claro que ele iria até lá, aquele era o espaço dele! Entretanto, qual era a necessidade de agir como se tivessem marcado um encontro ou algo assim? Fala sério...

Esperei o Mason sorrir e dispensá-la gentilmente, como sempre fazia em situações semelhantes, mas não foi o que aconteceu. Definitivamente não. Em vez disso, o projeto de Barbie dificilmente terminou de falar e ele já a girava no ar, um sorriso radiante no rosto traidor, como se acabasse de ganhar o dia.

Eu literalmente senti meu queixo cair, diário, assim como uma dor cortante na minha palma direita, tão forte apertava-a contra a porta do armário aberta. Bem, não por muito tempo. Fechei-a com tamanha brutalidade que a escola inteira deve ter ouvido, contudo pouco me importava.

Talvez desse modo os amantes no outro corredor se recompusessem, depois de tudo... Minha única apreensão era a possível presença do monitor nas proximidades, embora claramente tivesse problemas maiores com os quais me preocupar, como o fato de que meu... melhor amigo saísse rodopiando moças por aí.

Dirigi-me à sala de aula como um furacão e nem precisava virar para saber quem me seguia poucos segundos depois.

— Que é isso, garota?! — Jas brincou. — Feroz!

Senti-me mal por não respondê-la, mas era a escolha correta. Caso contrário, despejaria tudo em cima da coitada, o que não era nem um pouco justo. Portanto, apenas continuei meu caminho, mãos ainda em punhos.

— Caramba, é sério mesmo, não é? — considerou com complacência.

Minha falta de reação deve tê-la verdadeiramente perturbado, porque rapidamente apressou o passo e colocou-se em minha frente, bloqueado qualquer passagem.

— Sunny, dá pra você, pelo amor de Deus, falar comigo?!

— Desculpa, Jas, essa realmente não é uma boa hora... — adverti.

— Tá brincando, Sun?! Você está tremendo!

Foquei no bebedouro próximo e instantaneamente me arrependi, pois a imagem refletida ali certamente comprovava o argumento. Apenas... Como pude deixar isso acontecer, hein? E o que era isso, pra começar?

Diário De Um Passado Iluminado | 2ª ed. | ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora