A família do Mason - parte um

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2 de setembro de 2009


Caixinha de segredos,

Fiz mal. Fiz muito, muito mal.

Afogando em dever de casa (está surpresa ou, como eu, pensa que já estava demorando? EAAR High School, afinal...), resolvi adiar minha escrita para hoje (mesmo porque, cansada da forma que me encontrava, temia adormecer ainda segurando a caneta), acreditando que, com tudo o que enfrentei, nada mais me espantaria. Relataria os eventos dos dois dias rapidinho, estaria pronta...

Bem, pronta para me dar mal, ao que tudo indica, embora possivelmente já tenha imaginado. É estranho o quanto já fui elogiada por meu intelecto e, ainda assim, pareço nunca aprender as lições que a vida me propõe... Aparentemente, minha cognição limita-se aos livros. Que promissor...

Os únicos fatores que se mostraram comuns a ambos os dias foram minhas suposição e comprovação de que a situação se alteraria após a Hora do Mason. Não apenas por esse acontecimento em si, mas porque os alunos pareceram notar (ou foram informados) que, de alguma maneira, havia conseguido a façanha de me tornar amiga das pessoas mais improváveis (para não dizer almejadas) possíveis: Logan, Mason e, talvez até principalmente, Jasmine.

No caso desta última em especial, a notícia se espalhou como fogo, e sinto "um dedo" das irmãs B. (meu apelido "carinhoso" para as "amabilíssimas" de outrora, não quero ter de ficar escrevendo seus nomes aqui — já bastou uma vez, você não merece isso) nesse quesito. Não me incomodaram mais, a memória da Jas provavelmente ainda bem fresca em suas mentes, mas isso não significava a privação da oportunidade de proclamar a fofoca que certamente se tornaria a mais "quente" (segundo os constantes cochichos) do momento. Argh!

Aquelas pessoas já me encaravam antes, isto é fato, mas agora é diferente. Antes, olhavam-me porque estava passando e acabava lhes chamando atenção, o que é natural, acontece com todo mundo (embora, com relação a mim, isso dure um pouco mais, como é de conhecimento público), porém agora conscientemente me esperam para poder olhar. Inacreditável, não?!

Especialmente no começo, ainda faziam o favor de me apontarem seus indicadores (o que sabemos ser uma tremenda falta de respeito), como se dissessem: "A garota ali, está vendo? Foi dela que te falei". E, nesse ou no presente período, cabe-me a horrenda tarefa de lidar com mais e mais expressões incrédulas... Espero que a recíproca seja evidentemente verdadeira e, assim, ao menos tenham de dar conta da minha descrença por sua índole.

Na aula do Miller, por ser a única que tínhamos todos juntos, muitos estudantes, discretamente ou não, utilizavam-se de um enorme esforço para observar nossa interação. Por motivos óbvios, no entanto (a-há!), era justamente nela que menos podíamos explorá-la, portanto muitos a deixavam decepcionados, apesar de nunca realmente desistirem (estaríamos em uma nova era se os adolescentes fizessem uso de tamanho esforço para os motivos certos. Que desperdício...).

Era bom, entretanto, finalmente saber o motivo da tensão entre o senhor e meu amigo, e, estranhamente, parecia que era capaz de percebê-la inclusive mais claramente... "Algo a acrescentar, Sr. Knight?" e "Concorda com o teórico, Knight?" eram perguntas frequentes em suas ministrações, acompanhadas de um tom incontestavelmente irônico, o que não considero muito profissional de sua parte. Para ser sincera, acho até meio infantil...

É tão diferente da aula de História Americana, como deve supor... A senhora Davies falta apenas beijá-lo, tão grande é seu carinho e admiração por ele. Também é falta de profissionalismo? Certamente. Mas... Bem, "menos mal", como alguns diriam, e francamente, não dá pra culpá-la quando se vê o quão fantástico é na matéria. Que Deus me ajude, corro um sério risco de ficar como ela! Qualquer um ali corre, sejamos objetivos (sem brincadeira, o garoto é quase melhor que a própria professora!).

Diário De Um Passado Iluminado | 2ª ed. | ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora