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Lalisa Manoban

Após receber a notícia mais detalhadamente sobre o estado de sua mãe, Jennie entrou em uma espécie de bolha que a afastou do mundo real. Eu e o Dr. Wang chamávamos por seu nome consecutivas vezes mas ela parecia não escultar. Por um momento tive receio que ela fosse desmaiar por tamanha falta de reações.

O médico ao meu lado, pegou Jennie no colo e a sentou em uma das cadeiras de espera do lugar, aparentemente também temendo que ela acabasse desmaiando. Ele avisou que iria saber mais sobre a mãe de Jennie, e me deu algumas instruções quanto à garota e seu estado vegetativo antes de ir e desparecer pelos corredores.

Sinceramente, toda aquela situação ainda era bastante confusa pra mim. Jennie me explicou apenas uma parte da história, e então o Dr. Wang revelou outra. Agora estou tentando encaixar todas as informações para chegar em uma conclusão que tire minhas dúvidas.

Pelo canto do olho, observei quando Jennie pareceu ter voltado à realidade com um pequeno pulo na cadeira onde estava sentada. Desviei minha total atenção para ela e esperei em silêncio suas explicações.

- Eu... O que aconteceu? - Questionou confusa.

- Não sei dizer. Você entrou em uma espécie de bolha e não reagia à absolutamente nada. - Expliquei, colocando uma mexa de seu cabelo atrás de sua orelha.

- Eu não conseguia enxergar ou ouvir muita coisa. Você e o Dr. Wang eram como borrões e suas vozes ficavam tão abafadas que não conseguia comprreender o que falavam. - Ela disse, suspirando.

- Você está bem? - Perguntei cuidadosamente.

- Estou, eu acho. O que o Dr. Wang falou da minha mãe... Eu não esperava. - Falou com a voz embargada.

- O que aconteceu para sua mãe estar nessa situação? - Perguntei curiosa.

- Ela... Caiu da escada. Sabe como é, escorregou em um dos degraus e caiu. - Disse com a voz trêmula. Assenti, mesmo que ainda desconfiada.

- Espero que ela se recupere logo.

- Eu também. - Disse brincando com seus dedos. - Você já pode ir, se quiser. Eu...

- Eu não quero. - A interrompi, rapidamente. Ela passou a me encarar de sobrancelhas arqueadas, demonstrando sua surpresa com a minha resposta.

- Não precisa ficar se não quiser, é sério. Tenho certeza que já está atrasada pro trabalho, não quero que se incomode tanto com um problema que nem é seu. - Falou.

- Eu realmente quero ficar, Jennie. Se me permitir, é claro. - A encarei, ansiosa por sua resposta.

- Bem, você pode se...

- Obrigada. - A interrompi novamente, sentando de forma mais confortável na cadeira de plástico.

- Certo. - Falou com um suspiro.

Ficamos esperando por mais notícias por cerca de uma hora. Todas as vezes que um médico ou enfermeira vinha em nossa direção, Jennie levantava-se às pressas, e murchava sempre que passavam direto.

Ela estava bastante preocupada, não era necessário observar muito para notar isso. Afinal, era sua mãe quem estava presa à uma maca, quem não estaria do mesmo jeito que Jennie se encontrava?

Eu gostaria de fazer mais para ajuda-la, mas não fazia ideia de como. Bem, estive em hospitais muitas vezes e nunca me senti obrigada à confortar alguém como sinto agora.

Era estranho ver Jennie tão sensível já que ela sempre agia na defensiva. Eu sabia como agir com ela quando trocamos farpas para irritar uma à outra, mas agora que eu vejo um lado novo dela, não faço ideia do que fazer ou falar.

The Waitress - Jenlisa Onde histórias criam vida. Descubra agora