018

7.2K 810 184
                                    

Jennie Kim

Sinto ódio, medo e uma tristeza avassaladora em meu peito ao encarar a fachada daquele lugar que comumente é chamado de lar. Aquele não era meu lar. Não era um lugar onde eu me sentia segura. Não desde que papai continue a viver ali.

Vir aqui antes de mamãe estar recuperada não estava nos planos. Mas se eu quisesse sair com Lisa, precisava de mais opções de roupas, as quais se encontravam todas ali. 

Jisoo se ofereceu para me fazer companhia, afirmando em seguida que se visse meu pai, iria esmurra-lo até ele perder a consciência, e por conta disso dispensei sua companhia e resolvi vir sozinha, mesmo que ainda hesitante sobre o que fazer, falar ou agir quando o ver depois de tudo o que ele fez. Eu deveria fazer por Jisoo o que ela prometeu fazer com ele, mas e depois? Ele iria se recuperar e nada mudaria.

Minhas mãos estavam trêmulas quando encaixei a chave na fechadura da porta de entrada, e por pouco não consegui gira-la para então abrir a porta.

Silêncio. Um silêncio seguro e ao mesmo tempo alarmante.

Tudo o que eu conseguia ouvir era o ruído da porta a qual eu abria cada vez mais. Deixei a chave cuidadosamente sobre a mesinha de madeira ao meu lado e então acendi o primeiro  interruptor, que iluminou a sala de estar. Estava vazia e bagunçada.

As almofadas desgastadas estavam espalhadas pelo piso, o sofá estava caído e ao lado dele, o pequeno abajur que ficava ali se encontrava quebrado. Perdi os sentidos pelo tempo em que a imagem dele espancando omma rodou em minha cabeça.

Mais à frente acendi o interruptor da cozinha e minhas pernas fraquejaram ao observar com espanto o estado que aquele cômodo se encontrava; Totalmente revirado. Os poucos utensílios que tinha ali estavam caídos no chão, alguns quebrados e outros não. A gaveta de talheres estava escancarada e a primeira lágrima caiu quando avistei cerca de três facas fora da gaveta. Mais imagens onde ele tenta usa-las contra omma surgem em minha cabeça.

O piso estava manchado por um líquido estranho. Era vermelho. Tinha cheiro de ferrugem. Sangue. Da minha pobre mãe.

Sangue esse que apenas prova o quanto ela sofreu nas mãos deles. Enquanto eu dormia em uma cama tão confortável quanto uma nuvem, ela era espancada e humilhada pelo homem com quem resolveu passar o resto da vida, homem esse que fez promessas no altar de seu casamento e hoje descumpre todas elas. Um bastardo que a pediu em namoro e depois em casamento, fazendo juras de amor que agora são consideradas frases idiotas de alguém que na verdade não tinha conhecimento sobre o amor. Aquilo estava longe de ser amor.

Malditas promessas.

Nos primeiros anos depois do casamento, seu maior sonho era ter um filho. Não o importava se seria um grande homem ou uma forte mulher. Mas hoje ele despreza o que um dia foi seu sonho, assim como também despreza a fase onde mamãe era o oxigênio para seus pulmões.

A primeira lágrima escapou de meus olhos, não quis fraquejar então a limpei com meu punho de forma agressiva e engoli o choro que formava um grande caroço em minha garganta. Me dói saber que um dia eles já foram felizes, mas que essa felicidade acabou logo. Minhas lágrimas não trariam os felizes momentos que eles tiveram juntos de volta, até porque, se trouxessem, eu não estaria presente em nenhum deles.

Voltei para a sala e logo tratei de ir atrás do que havia me trazido ali. Subi as escadas pulando dois degraus a cada passo e ao chegar no segundo andar fui em direção ao meu quarto. Para minha surpresa, tudo continuava em seu devido lugar. Dando um suspiro trêmulo, vou até meu armário e remexo ele em busca de uma roupa confortável e quentinha.

Lisa prometeu que seria eu quem escolheria o nosso destino naquela noite, então me aproveitei disso e optei por algo mais simples como uma calça jeans clara, uma blusa branca que ia até a metade da minha barriga, um suéter azul claro por cima e um par de tênis brancos nos pés. Perfeitamente o meu estilo.

The Waitress - Jenlisa Onde histórias criam vida. Descubra agora