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Jennie Kim

Me lembro perfeitamente do dia em que me assumi gay para os meus pais. Passei a manhã inteira ansiosa e temerosa sobre suas reações à essa notícia, principalmente por papai.

Era uma tarde ensolarada de quinta-feira quando coincidentemente, ao chegar em casa, a família inteira estava reunida na mesa de jantar. Omma estava tentando alimentar Ella, essa que estava ocupada enfiando a mão em seu prato de comida, e papai lia um jornal com sua face emburrada de sempre.

E mesmo que minhas pernas estivessem como gelatinas e minhas mãos geladas e trêmulas como se o tempo estivesse frio, eu juntei forças e apenas soltei a frase:

"Eu sou gay."

Que ótimo jeito de se assumir, Jennie.

Omma me encarou de olhos assustadoramente arregalados por cerca de trinta minutos, sua boca abrindo e fechando, me deixando ainda mais aflita por nenhum único som sair dela. Meu pai, que antes estava com sua atenção no jornal, me encarava com as sobracelhas franzidas. Até mesmo Ella, que sequer sabia o que estava acontecendo, me olhava como se dissesse um: "Se fodeu, maninha."

Mas apesar da reação exagerada e de algumas lágrimas que mamãe fez questão de derramar por ficar assustada com o que a sociedade homofóbica atual pudesse fazer comigo, ela me aceitou e aconselhou-me como enfrentar todos aqueles que me desrespeitassem por conta da minha sexualidade. Papai não se pronunciou sobre, então não posso dizer se ele levou bem ou mal essa notícia. Mas não faz diferença, não me importo e nunca me importei com a opinião dele, afinal.

E onde eu quero chegar contando sobre esse momento inesquecível? Desde que me descobri gay, nunca, ninguém, absolutamente ninguém fez meu coração bater tão rápido como Lisa está fazendo-o bater agora.

Seus lábios estão grudados aos meus como se ao separá-los o mundo inteiro ao nosso redor fosse explodir. Suas mãos firmes percorrendo cada curva do meu corpo, provocando aos meus pelos inúmeros arrepios. Nossas línguas se tocando tão arduamente que parar se tornou impossível. Lançando um gigante "foda-se" para meus princípios e dignidade, subi em seu colo deixando uma perna de cada lado de sua cintura e aprofundo minhas mãos em seus fios à procura de ainda mais contato com seus lábios tão suculentos.

Talvez Lisa não conquiste as mulheres com aquelas cantadas baratas, afinal, mas sim com sua maravilhosa pegada e com seus lábios viciantes. E agora entendo o porque de tantas continuarem atrás dela. Querem mais. Mais de tudo o que Lisa pode proporcionar-lhes.

Eu também quero.

Mas vai contra meus princípios.

Já passei por cima de muitos apenas durante o tempo que permaneci com minha língua enfiada na boca dela. Pular inúmeros passos e cair direto na cama dela não é de longe, uma opção. Não vou dar à Lisa esse gostinho de me ter em sua cama com apenas alguns dias desde que nos conhecemos, isso só vai inflar ainda mais seu ego.

Ao separar nossos lábios, recorri imediatamente por ar para meus pulmões necessitados. Com a respiração ofegante e o coração batendo em uma velocidade absurda, eu fechei os olhos temendo que eu tivesse um infarto.

- Não que eu não goste, mas estou com um certo problema que só vai piorar ainda mais se você continuar sentada em meu colo, Jenjen. - Ela falou ofegante em minha orelha.

Sentindo minhas bochechas esquentarem, saí rapidamente de cima dela e sentei-me ao seu lado passando a encarar o horizonte iluminado a nossa frente.

- Se arrepende? - Perguntou Lisa, me encarando.

- Por que acha isso? - Questionei, sem tirar meus olhos da vista diante de nós.

The Waitress - Jenlisa Onde histórias criam vida. Descubra agora