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Jennie Kim

5 meses depois...

Cinco meses se passaram desde um dos, se não o pior, dia da minha vida. Devem estar curiosos sobre como tudo está desde então. Naquela noite, cheguei em casa e me joguei em Jisoo enquanto soluçava e repetia inúmeras vezes a frase: "Eu não sou uma puta". Foi assim que Jisoo tomou conhecimento sobre essa parte do meu passado.

Diferente de Lisa, ela não me julgou, não me ofendeu, não me machucou, não me fez se sentir uma pessoa suja. Pelo contrário, ela me fez ter orgulho de mim mesma. Orgulho por ter feito o que fiz para sustentar minha família, mesmo que as consequências tenham sido essas e por me manter de cabeça erguida mesmo com tantos me julgando.

Eu me senti melhor. Jisoo juntou todos os cacos que resumiam meu sofrido coração e os colou, peça por peça, até que o mesmo voltasse à funcionar normalmente. Sou muito agradecida por ter ela em minha vida, não sei o que teria acontecido se eu não tivesse ninguém com quem contar naquele momento, talvez eu teria partido, deixando todo o sofrimento para trás. Percebi que é isso o que me faz alguém forte, mesmo com tantas facas fincadas em minhas costas, eu continuo seguindo em frente.

Minhas crises de anorexia têm piorado com o passar dos meses. Não tenho vontade alguma de comer e chego à demaiar em determinados momentos. Esses desmaios frequentes estão ficando preocupantes até mesmo para mim. Jisoo diz que eu estou ficando pálida ou então mais magra que o normal, já está ficando difícil esconder.

Omma foi liberada do hospital três meses atrás e segundo ela, se sente como se nada lhe tivesse acontecido. Com sua recuperação, infelizmente veio a necessidade de voltarmos para casa. Meu doador de esperma não falou nada sobre o ocorrido, tem agido normamelmente, e o normalmente ao qual eu me refiro é o babaca de sempre.

Lisa. Felizmente não a vejo desde o ocorrido. Rosé continua frequentando a lanchonete normalmente e mesmo tendo conhecimento sobre tudo, não me julgou ou ofendeu, pelo contrário, me aconselhou e em momento algun citou o nome de Lisa. Jisoo me disse que ela passou a noite brigando com Lisa quando soube o que havia acontecido, não acho que tenha adiantado, sei o quão cabeça dura Lisa pode ser e ela nem sequer me procurou para se desculpar.

Omma também tomou conhecimento sobre o ocorrido, ela ficou muito desapontada com Lisa. Chegou à chorar enquanto me pedia perdão por tudo o que me fez passar, ela se sentia culpada por tudo isso estar acontecendo em minha miserável vida. Eu a abracei e chorei junto à ela, repetindo que nada daquilo era sua culpa.

Me sinto perdida. Nada mais é como antes, nem mesmo minha paixão desenfreada por livros e histórias de amor, joguei-os no lixo enquanto deixava lágrimas salgadas serem despejadas.

Faz alguns meses que não subo no alto daquele prédio para ler e admirar as estrelas e a lua. Tenho evitado frequentar aquele lugar temendo encontrar Lisa e ela me humilhar outra vez.

Lisa perguntou o porquê de eu não ter lhe contado antes, mas que diferença faria? Ela deixou bem claro que ficou irritada pelo fato de estar se andando com uma puta, e não porque eu não lhe contei sobre isso antes.

Talvez eu devesse parar de criar tantas esperanças que mais tarde vão ser pisoteadas da forma mais dolorosa possível. Cansei de no final do dia ficar me questionando do porquê eu continuar viva, ou do porquê de tanta coisa ruim acontecer comigo.

- Jendeukie! - Ouço Jisoo me chamar enquanto bate com força na porta do banheiro. Dou um salto assustado e me levanto em um pulo.

- Já estou indo! - Grito dando descarga e em seguida corro até a pia para lavar minha boca.

- Aish, por que você demora tanto no banheiro? Estou segurando faz meia hora. Fique atendendo os clientes lá fora enquanto eu faço xixi. - Fala assim que abro a porta e então a fecha rapidamente.

Por pouco, muito pouco.

Volto para a frente da lanchonete e começo a preparar alguns pedidos que estavam escritos nas comandas enquanto Jisoo não voltava.

Estava terminando um cappuccino de caramelo quando ouço o sino da porta de entrada soar. Após isso ouvi o arrastar de cadeiras e então o mesmo murmúrio das pessoas conversando entre si.

Ao virar-me para despejar o café na xícara meus olhos a encontram do outro lado do local. A pequena jarra de alumínio que eu segurava foi direto ao chão, fazendo um estrondo pelo impacto que assustou alguns clientes e até mesmo ela. Seus olhos então se encontraram com os meus e um semblante de surpresa surgiu em seu rosto.

- Que barulho foi... - Jisoo me perguntou ao se aproximar e perdeu a voz quando seus olhos também a encontrou.

Permaneci calada, desviei meu olhar dela e o direcionei ao chão onde algo me incomodava. O piso antes limpo agora estava coberto de café e uma mancha vermelha e dolorosa surgiu em meu pé.

- Oh céus, você se queimou. - Jisoo falou, se ajoelhando e tentando limpar com um pano molhado a sujeira feita ali. - Venha vou colocar gelo para evitar de criar uma bolha.

Sentei-me em uma cadeira e Jisoo cuidadosamente tirou minha sandália e colocou um pacotinho gelado em cima da mancha avermelhada.

- Está doendo muito? - Ela pergunta, com um semblante preocupado.

- Não. Consigo aguentar. - Sorrio tentando provar que está tudo bem. Ela assente e sorri de volta.

- Vou atender Rosé e volto já, não se levante. - Ordena e então vai em direção à mesa onde Rosé e Lisa estão.

Não esperava que depois de tanto tempo sem pisar aqui Lisa fosse aparecer assim de repente. Foi um tremendo baque encontrar ela depois de tanto tempo sem nem mesmo ter notícia de seu paradeiro.

Jisoo voltou com as sobracelhas franzidas e o maxilar trancado. Ela estava irritada, nunca a vi assim.

- Por que você está com raiva?

- E você ainda pergunta? Lisa tem a coragem de voltar aqui depois de tudo o que ela fez. Me segurei muito para não encher aquele rosto bonito de tapas, porque é isso o que ela está
merecendo. Rosé nem mesmo para me avisar! - Exclama mechendo o café agressivamente.

- Não quero que brigue com Rosé por conta isso, duvido que ela tenha tido opção em deixar ou não ela vir. - Falo fazendo uma careta pela pontada de dor em meu pé que sucedeu minha fala.

- Eu podia jogar veneno de rato no café de Lisa para ela aprender. - Resmunga cortando um pedaço de torta de chocolate.

- Jennie, desculpa mesmo! - Rosé se aproxima choramingando. - Eu não tive escolha, ela disse que viria comigo e eu até tentei impedir brigando com ela vinte minutos seguidos, mas ela não desistiu.

- Está tudo bem, Rosé. Só fiquei surpresa... - Falo suspirando.

- Eu imagino. Não sei o que passou pela cabeça daquela idiota em voltar aqui depois de tudo o que ela fez pra você. Juro que vou tentar comer o mais rápido possível.

- Não se preocupe com isso. - Sorrio e lhe dou um abraço desajeitado por eu estar sentada e ela em pé.

- Posso falar com você? - Uma voz extremamente conhecida soou ao meu lado, fazendo meus pelos se arrepiarem e meu coração bater descompassado.

...

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The Waitress - Jenlisa Onde histórias criam vida. Descubra agora