O campo vindouro do sossêgo.

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O incêndio cessou, a tão aguardada calmaria toma conta do meu ser,
A poeira abaixou, a tranquilidade é algo inóspito, preciso aprender a me acostumar.

Meu coração já não grita mais, minha mente já não se contorce mais em ódio.
Nada parece me Afligir, meu Eu menino morreu, e do pequeno corpo surge, uma figura altiva e estática.

Nunca mais me banhei em trevas, nunca mais mergulhei no profundo abismo do nada.
Só me resta a luz, a qual me acaricia com seus raios dourados. Teu calor secou minhas lágrimas e deu lugar a um pensamento novo.
Contemplação é minha obrigação, procuro beleza até na parede branca dos salões. Beleza é o que me sustenta, pois tudo que é belo tem um pedacinho do Divino dentro, logo me atrai.

O ciclo vicioso começa novamente, acordar, dormir, acordar e dormir.
Nada novo, nenhuma irritação.
Sem murmúrios sem lástima.
Sem dor, sem amor, estático.

Meu refúgio é o passado longínquo que guardo no peito, campos floridos de resplendor, pássaros cantando ao voar.
As árvores dançando junto ao vento. E eu, a contemplar, fazendo parte do todo sendo um com o uno, seguindo o fluxo da união de todas as coisas.

Todas as coisas tendem para o bem, cujo mesmo é a finalidade de todas as causas.
Tudo está entrelaçado, ir contra o destino é antinatural, cria uma anomalia na corrente que nos une, gerando dor e aflição.
Amor fati, devemos ser útil ante nossa natureza, e segui-la nos guiando pela moral primordial.
Enfim, enfrentar a labuta com dignidade, descansar em paz.

Devaneios Obscuros e Outras ReflexõesOnde histórias criam vida. Descubra agora