Soulmate

Prólogo

No início do mundo a alma do primeiro demônio foi partida em duas partes pontiagudas, em seu desespero para ser uma novamente ele teceu um fio das lágrimas prateadas da primeira mulher humana que caminhou sobre terra. Sofrendo de uma dor inimaginável, ele usou o fio trançado para costurar as duas partes de si, ainda assim, ele não estava completo porque seu fragmentado perdido de alma vagou por muitos anos e encontrou alguém que amava mais que a outra metade de si.

Essa alma gerou uma filha e essa filha, quando cresceu, se apaixonou pelos pedaços remendados que ficaram para trás. Os pedaços remendados que esfriaram lentamente através dos séculos finalmente puderam sentir o calor novamente. Por isso, quando os filhos e filhas desses pedaços gêmeos de alma nasceram, eles eram frios e nunca sentiam o calor em seus entes queridos, somente sua alma predestinada poderia lhe devolver esse tipo de sensação.

Uma vez encontradas e se o laço entre elas fosse reciprocamente firmados, então eles morreriam ao serem separados. Esse laço deixava uma marca profunda na pele, nos ossos e na própria alma.

Lin LuSe cresceu escutando esse tipo de coisa e ele não acreditava nelas, mas isso veio-lhe a mente num momento crucial. Enquanto ele estava desesperado para sobreviver, o pequeno demônio da ilusão agarrou-se a Wen Ning.

Ele não tinha esperanças de ficar rico ou ser aceito na sociedade. Lin LuSe só queria sobreviver, mesmo que isso o fizesse ter uma vida dura.

Afinal, uma vida dura vivendo na sombra de um morto vivo é melhor do que vida alguma.

— Quando você nasceu, aposto que tinha uma marca de nascença, não precisa me dizer como ela é, apenas veja a minha, se elas forem iguais, então você só me escuta. — Lin LuSe não apenas um traidor e mentiroso, ele também era sem vergonha ao extremo. Um marca só apareceria na alma da outra pessoa se um laço fosse firmado, mas por sorte ou azar, quando Wen Ning estava lutando nas últimas noites, uma parte de sua roupa rasgou e Lin LuSe viu uma marca de nascença em forma de sol.

Rapidamente, ele começou a abrir suas roupas puídas, ficando completamente nu dos quadris para cima.

Se os olhos pudessem saltar, os de Wen Ning teriam saído do rosto e corrido para se esconder. Lin LuSe apenas deixou que Wen Ning desse uma boa olhada.

Por toda a lateral do corpo do demônio havia uma marca de nascença idêntica a que Wen Ning possuía no ombro, mas amplificada, cobrindo as costelas e cintura, um dos raios desse sol tocando o mamilo róseo e o outro atingia até o meio das costas.

Lin LuSe se virou algumas vezes para deixar Wen Ning apreciar a maior obra de arte que esse demônio podia ter forjado.

— Como isso é possível? - Wen Ning precisou forçar essas palavras a saírem e ele ainda gaguejou. Se ele ainda tivesse um coração, ele tinha certeza que estaria corando e não apenas gaguejando enquanto queria fugir de vergonha.

Lin LuSe vestiu seu olhar mais inocente.

— Bem, creio que você é uma alma gêmea demoníaca. Tenho quase certeza que nascemos no mesmo dia, provavelmente durante a noite. - Ele estava chutando alto, mas a reação arregalar os olhos e recuar de Wen Ning o fez sentir que tinha acertado totalmente. — Essas pessoas são pedaços rasgados da mesma alma e elas ganham marcas para que possam se encontrar. Eu sei que você é minha alma predestinada porque desde que te toquei, eu não senti frio e demônios são usualmente gelados. Faça o teste, toque em mim e veja como eu sou quente para você, aposto que será diferente de qualquer coisa que você sentiu.

Lin LuSe imaginou que ele deveria ser ao menos alguns graus menos frio que um cadáver, mas isso bastava. Ou talvez eles eram tão frios que produziam uma sensação de calor. Tudo que Lin LuSe sabia era que Wen Ning era estranhamente quente e confortável, mesmo que não fosse sua alma predestinada ou qualquer outra bizarrice louca das crendices de sua falecida família.

Wen Ning ainda estava impressionando com o tamanho daquela marca. Ele sabia que não havia como esse cara forjar uma marca desse tamanho e tão parecida com aquela sua, afinal, ele não tirou suas roupas na frente dessa pessoa. Ele não suava e raramente ficava sujo, então não havia como esse cara saber.

Pesando sua própria força Wen Ning estendeu a mão e tocou a marca, se fosse uma tinta, ele tinha certeza que sentiria. Desde que ele foi trazido da morte para essa semi vida, tudo era frio e estranho, mas havia um calor que se espalhou da palma da sua mão por seu braço e desceu por baixo da pele se enroscando em seus ossos como se ele tivesse recebido a descarga de um raio.

Wen Ning sentiu que poderia ser pulverizado por esse tipo de calor, tão envolvente e bem vindo, tão perigoso quanto qualquer coisa bela deveria ser. Wen Ning sentia que esse cara era uma armadilha ambulante de moral duvidosa, mas ele não era um assassino.

Lin LuSe sentiu seu coração errar o ritmo. A ansiedade o consumiu enquanto Wen Ning estudava a marca, os dedos deslizando pela falsa marca de nascença. Ele temia que o outro sentisse alguma diferença, afinal, esse feitiço não foi bem feito, era apenas inspiração do momento. Um tremor escorreu pelo seu corpo traidor por causa daquele tipo de calor, também por causa do pensamento errante de que Wen Ning poderia apenas arrancar seu coração para desfazer o "elo" entre eles.

— Se nós afastarmos você morre? - Wen Ning ainda estava muito próximo e Lin LuSe sentiu que esse cara poderia ser muito bonito. Ele tinha olhos escuros e lábios cheios, se ele tivesse uma cor humana, o quão bom ele seria para os olhos?

Lin LuSe acenou com a cabeça porque ele não podia encontrar sua voz com aquele tipo de toque. Parte dele tinha completa certeza da inocência de Wen Ning, era ele quem não era inocente e estava se retorcendo na cova que ele próprio cavou. Questionando-se sobre sua sanidade de estar esquentando sob o toque de uma pessoa que sequer era totalmente viva e pior, aquele arrepio petulante que se instalou em todos os seus pêlos não era comum ou são.

— Não sou um assassino. - Wen Ning falou novamente. Afinal, ele era imortal, então não importava se essa pessoa o esfaqueava pelas costas. Além disso, se esse demônio encontrasse a morte, Wen Ning não queria ter algo a ver com isso. E ainda menos porque exceto ser sem vergonha, esse homem não lhe fez algo ruim ou bom, Wen Ning era indiferente, foi o que ele achou. Então, sua mente se perguntou, por que a sua mão continuava nele? — Você pode seguir se é isso que precisa para sobreviver.

Lin LuSe suspirou, cheio de alívio, abaixando a cabeça para Wen Ning, ainda meio rígido e meio trêmulo sob o toque de Wen Ning.

— Essa pessoa agradece de todo o coração e promete sua lealdade. — Lin LuSe estava emocionado que foi permitido viver pelas próximas horas e dias.

Wen Ning não acreditou nesse tipo de palavra, esse cara era um traidor do próprio povo, quem acreditaria em juramento de lealdade dele?

É claro, o fato de Wen Ning não dar ouvidos não significa que uma magia tão antiga quanto a que rege o mundo espiritual dos cultivadores não estava escutando.

Enquanto Lin LuSe arrumava suas roupas e Wen Ning retornava sua caminhada, um novo símbolo foi talhado em ambas as pessoas, brotando do cerne dos seus ossos, crescendo através dos poros para se desenhar em ambas as peles, uma runa demoníaca em marrom claro, bem na base de suas colunas, os unindo para sempre nesse tipo de juramento, firmando o laço entre dois fragmentos dos mesmo espírito.

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Um total de três pessoas pediram, então né.

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