Soulmate

Três

— Acordado, estou acordado. – Ele diz quando se afasta e percebe que isso assusta Wen Ning até morte, ele não beija outra vez, mas suas mãos ainda estão segurando o rosto de Wen Ning e as mãos deste seguram seus pulsos. — Acordado e beijando você, beijando você porque Wen Ning é a pessoa que eu quero. Se você não quer o beijo, então diga não.

Silêncio.

Wen Ning não tem a vontade de recusar, mas ele tem muita vergonha de pedir. Ainda mais assim, com essa pessoa consciente. Não que seja muita consciência, visto seu desespero e as palavras atropeladas. Esse homem sabe que ele é quase o mesmo que um cadáver?

— Wen Ning, você vai dizer não? – Lin LuSe insiste. Ele quer uma resposta negativa, ele quer ser empurrado para longe ao mesmo tempo que é puxado e acarinhado. Ele quer tantas coisas impossíveis que se auto anulam, ele não está completamente dentro da razão, mas é uma epifania, ele percebe que não quer ninguém se casando com Wen Ning. — Se você não quer, me diz. Se você quer, então... Apenas. Me. Solte.

Há silêncio mais uma vez.

As mãos de Wen Ning soltam seus pulsos e aquela expressão de olhos baixos deixa bem claro que ele estaria corando, se houvesse algum sangue nas suas veias. Lin LuSe não tem senso de vergonha ou propriedade usualmente, mas há menos ainda agora.

É um grau negativo de falta de vergonha porque Wen Ning quer ser beijado por ele e ele saboreia essa felicidade, desliza a ponta da sua língua sobre o lábio macio e então pressiona suas bocas juntas, várias vezes seguidas, pequenos selinhos antes de chupar o lábio inferior de Wen Ning. Seu corpo treme com o suspiro do outro contra seus lábios, ele nunca esperou isso, mas agora é como se ele nunca tivesse querido beijar de outra forma além desta: lentamente, provocando, chupando até haver um fio de saliva quando eles se afastam. 

Um sorriso de alívio desliza por seu rosto, ele fez isso. Ele teve a coragem de pedir e não foi recusado. Como se uma magia desconhecida estivesse colocando as coisas no lugar. Ele pode não amar Wen Ning, quem ama não consegue manter uma mentira, mas ele gosta ao ponto do desespero, como se sua alma tivesse sido costurada e então partida quando ele pensa sobre ser deixado. Não muito claramente, mas ele tenta, há a percepção que essa pessoa não é sua alma predestinada e que em teoria, todos esses sentimentos deveriam não existir. No entanto, ninguém irá vê-lo se importar isso. 

Almas predestinadas são apenas uma bobagem. Ele quer quem ele quer. 

E quem ele quer, por alguma espécie de azar para si próprio, quer ele de volta e o beija de volta. Os lábios se movendo lentamente, chupando a língua de Lin LuSe quando ele a usa para esfregar a bochecha de Wen Ning por dentro, apreciando o sabor. É bom, tão bom que Lin LuSe não pode refrear seus pensamentos. Com o sonho ainda fresco em sua memória, ele vê o Wen Ning tendo um véu bordado pelas mãos de uma senhora demônio e se deitando com ele numa cama simples, selando um casamento. Dessa vez com ele, não com aquele patriarca feio e muito dado para as risadas. Ele puxa Wen Ning para mais perto, mas não é como se ele tivesse a força para mover de verdade, por isso Wen Ning é quem precisa se aproximar, ainda receoso, ainda desejando isso. 

Wen Ning não sabe identificar o que sente porque existe muita coisa ao mesmo tempo. Ele está encantado, como todas as noites. Se os destroços do seu coração pudessem bater, seu ritmo estaria tão acelerado quanto o coração dessa pessoa que está batendo sob sua mão. Wen Ning se lembra de não ser muito bruto, apenas fingir que Lin LuSe é feito de algodão. Afora isso, ele não pensa em mais nada porque nenhum dos seus beijos, que ele sabe que roubou na calada da noite, foi assim. Esse é ele sendo beijado por uma pessoa acordada, que quis beijar ele, que está mordendo seu queixo como se fosse um cachorro, mas a sensação não é ruim, é quase brilhante.