Bem, Wen Ning aprendeu muito rápido que a vida das pessoas estão todas nas redes sociais. E, para a felicidade dele, Lin LuSe era um adolescente comum, por mais que não pareça. E, como todos os adolescentes, ele deixou seu endereço numa rede social.
Wen Ning consegue confirmar o endereço ao entrar no site da escola e espera que esteja certo porque gosta muito de ter seus dentes. Melhor, ele gosta de ter uma vida onde seu pescoço não foi quebrado e seu rosto não foi amassado. Wen Ning não se considera o mais bonito do mundo, mas ele tem um rosto do qual gosta bastante e que sabe que vai perder assim que Lin LuSe descobrir a mentira.
De qualquer forma, ele aprendeu a não sofrer por antecipação e é por isso que ele vai viver uma angústia de cada vez, dando seu melhor para sobreviver ao dia de hoje e pensando no amanhã quando o amanhã chegar.
Lin LuSe, diferente de Wen Ning, não está preocupado sobre surras ou qualquer coisa do tipo. De fato, ele prefere que o garoto apareça e se prove como seu namorado, do que descobrir que é uma espécie de perseguidor idiota que enfeita a parede do quarto e os cadernos com desenhos da sua "vítima".
Para a garantia de chegar a formatura - e poder fugir para uma universidade do outro lado do país, Wen Ning está na porta de Lin LuSe uma hora antes do que ele costuma ir para a escola, suas mãos tremem ao segurar a bicicleta, mas ele mantém um sorriso no rosto, tentando não parecer nervoso. É uma tentativa falha, todo sua linguagem corporal grita de ansiedade.
Quando Lin LuSe abre a porta e encontra Wen Ning esperando por ele, o seu corpo inteiro relaxa de alívio. Eles são namorados, ele não é nenhuma projeto de criminoso. Bem, se você não olhar pelo ângulo da sociedade que estão inseridos, ele são bastante normais.
─ Bom dia. ─ O menino bonito gagueja e Lin LuSe tem a impressão que seu namorado deve estar assustado e ressentido por não ter sido reconhecido. ─ Sua cabeça ainda dói?
─ Um pouco, mas eu posso retornar às aulas sem problemas. ─ Lin LuSe percebe que não respondeu o cumprimento, mas se ele responder agora vai parecer um bobo que não sabe lidar com as pessoas. Ele não sabe, mas não é algo que seu namorado deve se importar. Há um mini Lin LuSe dentro dele, pulando de alegria porque ele tem um namorado que até vai para a escola junto com ele. ─ Sobre ontem, eu sinto muito que eu não te reconheci. O médico disse que minha memória não vai voltar rápido, então, eu agradeço se você puder compreender e me desculpar.
Certo, Wen Ning sente sua vida deixando seu corpo. Esse cara que tentou envenenar ele e o fez vomitar por horas, está olhando pro chão, corando e pedindo desculpas?
Wen Ning deve ter apanhado tanto que está alucinando sobre uma dimensão alternativa.
Ele não consegue evitar o silêncio estúpido, onde ele só fica com a boca aberta, impressionado demais para dizer qualquer coisa coerente. Como Wen Ning fica em silêncio, Lin LuSe assume que não está desculpado, por isso ele vai direto para a cantina e compra um pãozinho doce que lembra uma flor. Se ele soubesse cozinhar, ele mesmo faria alguma coisa. Bem, ele não sabe, a única coisa que ele já aprendeu foi bolo de aniversário, mas só porque não há ninguém que possa fazer um pra ele.
Na confusão do corredor, Wen Ning tenta chegar até a sala de aula antes que Lin LuSe se encontre com seus amigos e descubra que Wen Ning é seu saco de pancadas - não literalmente, mas algo parecido - e não seu namorado. Quando uma mão pesada toca seu ombro, puxando para trás, Wen Ning pensa que é o karma vindo para derrubá-lo, mas é apenas Lin LuSe, um pouco ofegante de tentar chegar até ele.
─ Venha comigo. ─ É o que Lin LuSe diz e Wen Ning teme que a justiça divina está vindo se abater sobre ele.
Wen Ning improvisa uma reza, embora ele não acredite que algum deus vá ouvi-lo, ainda vale mais a pena do que gritar e chorar. Bem, ele pode considerar chorar em um último caso. As pernas de Wen Ning estão tremendo quando os dois se enfiam debaixo da escada, dentro do armário. Pelo menos é uma morte simbólica, sabe, dentro do armário pra sempre.
Lin LuSe confere se o armário está bem fechado e então vira pra Wen Ning, que está suando mais que um viajante atravessando o deserto do Saara.
─ Eu realmente sinto muito que fui grosseiro quando não te reconheci. ─ Com cuidado, Lin LuSe tira o pacote com o pãozinho de dentro do bolso, está meio amassado, mas ele não pode reclamar.
─ Não estou chateado. ─ Wen Ning responde, pensando "que porra é essa?" enquanto aceita o saquinho amassado. ─ Só não esperava que você se desculpasse por isso. Quero dizer é. ─ Nesse ponto, ele é interrompido por um toque no rosto, muito macio e então, Wen Ning é beijado. Não é nada demais, só uma pressão longa e então lábios se movendo, mas ele está sendo beijado pelo garoto mais bonito da escola e que vai matá-lo por isso depois. Quando Lin LuSe se afasta, ele pisca os olhos algumas vezes, ainda atordoado. ─ Eu queria dizer... Não me lembro mais.
Lin LuSe sorri, roubando mais um beijo de Wen Ning, só um selinho longo e despreocupado, do que Wen Ning vê em alguns dramas que sua irmã gosta. Wen Ning não sabe onde colocar as mãos e seu cérebro ainda está fora do ar.
─ Tenha um bom dia. ─ Lin LuSe sussurra, muito perto da boca dele, antes de roubar mais um beijo. ─ Não se atrase pra aula.
─ Não vou. ─ Wen Ning mal consegue falar as palavras, dividido entre choque e a realização de que esse é, muito provavelmente, o melhor beijo da sua curta vida.
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Soulmate
FanfictionNo início do mundo, um demônio teve sua alma partida. Da produção de um fio de prata, ele uniu dois dos fragmentos, mas ainda faltava um que tinha se perdido no mundo humano. Uma vez que essas duas almas demoníacas predestinadas se encontraram, ela...