Soulmate

Onze

Na pausa que se segue, Wen Ning reza para qualquer deus que possa ouvi-lo. Que Lin LuSe esteja mentindo sobre seu nome, que esteja mentindo sobre as informações que passou do exército que ele fez parte. Qualquer coisa, que ele esteja mentindo sobre qualquer outra coisa.

Quando o silêncio é quebrado, Lin LuSe confessa, com uma voz muito baixa e rápida, que ele mentiu sobre terem um laço no início.

— Tive medo de não conseguir sobreviver, mas eu menti apenas sobre isso. - Ele se apressa em justificar porque espera que Wen Ning veja a verdade nisso. Lin LuSe estava apenas desesperado demais para tentar outra coisa.

Outra risada brusca escapa de Wen Ning e ele sente que está ficando louco. Tristeza? Raiva? Ele não sabe, só sabe que alguma coisa se quebra dentro dele e as partes pontiagudas furam e rasgam seu peito de dentro pra fora.

Nunca houve amor, ele estava nisso sozinho, enganado até a raiz de sua energia espiritual.

Como ele pôde se misturar com essa pessoa?

É só um instante e tudo que foi bonito sobre Lin LuSe parece afundar em feiura, perdendo as cores alegres para ganhar tons opacos de cinza. Cada sorriso como uma armadilha bem desenhada, cada vez que ele se aproximou era como uma cobra preparando o bote. Wen Ning foi usado.

— Você me enganou direitinho, eu até pensei que podia amar alguém como você. - Sai antes que ele possa perceber, rasgando de sua garganta porque Wen Ning quer ser cruel, ele quer que Lin LuSe sinta dor também.

Muito embora ele saiba que pra essas palavras doerem em Lin LuSe, aquilo que foi dito entre eles deveria ter havido alguma verdade e não houve. Como haveria verdade num soldado inimigo e que é tão sorrateiro que conseguiu descobrir uma marca de nascença dele? É só uma víbora, pior que isso até. Quantas vezes todos os preceitos e seitas alertaram sobre demônios e que deveriam ser destruídos? Não são humanos, não são pessoas, apenas animais peçonhentos esperando para dar o bote.

E Wen Ning pensou que Lin LuSe era bom. Que piada.

— Gege, eu amo você tanto, você pode ver como eu fiquei feliz quando percebi? - E esse tipo de frase faz o estômago de Wen Ning contrair em ânsia, ele quer vomitar.

— Vá embora. - Ele abre a porta do quarto, sua força é desmedida, então o correto é dizer que ele derruba a porta do quarto. — Vai embora, eu não quero ver você.

— Você se esqueceu que o laço. - Ele não consegue dizer o que o preocupa sobre o laço entre eles porque Wen Ning o interrompe.

— Eu espero que você morra. — Se ele acreditava que Wen Ning tinha alguma piedade restante, ele estava enganado. — Os justos não devem trilhar o mesmo caminho que os maus. Não faça amizade com o indecente e corrupto.

— O quê? O que você está dizendo? - Lin LuSe parece e está atordoado. Tudo que ele se esforçou para mostrar, o quanto ele tentou ser bom, nada disso adiantou. No final ele ainda está sendo jogado fora e é tudo sua culpa.

Lin LuSe não se importa em ir embora, mas ele pensa, agora que o laço é real, Wen Ning seria afetado? Wen Ning poderia morrer? Ele fez aquelas runas e se por causa delas alguma coisa má acontecer?

— Vá embora, se perca. - Wen Ning derruba a próxima porta enquanto Lin LuSe o segue, atônito e obediente.

— Não posso, você pode se machucar se eu. - Ele também não termina esse pensamento porque Wen Ning o empurra para a chuva, é tão forte que ele está surpreso que a mão não atravessou seus órgãos, queimando suas costas quando bate nele. Ele diz pra si mesmo que é sem querer, mas os dois sabem que Wen Ning quis.