Dez

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Eles testam o coração de Wen Ning vezes o suficiente naquela noite. Na boca que desce por seu pescoço, nas declarações de amor sussurradas ao pé do ouvido, nas mãos que se entrelaçam ou agarram a carne das coxas. Desde que ele é um morto vivo, Wen Ning nunca sentiu qualquer tipo de cansaço, mas ele acha que é realmente o limite quando precisa empurrar Lin LuSe de cima dele, já perto do amanhecer. 

─ Vá dormir, sem vergonha. ─ É uma reclamação, mas estar rindo faz com que Wen Ning não tenha tanta credibilidade. De qualquer forma, depois que ele diz um não, Lin LuSe apenas se enrola ao lado dele, segurando seu braço como se fosse uma criança e deitando a cabeça no ombro. ─ Não vai vestir uma roupa? 

─ Estou do lado do meu parceiro, para o quê eu teria de incomodar com as roupas? Por acaso nós estávamos vestidos quando gege veio beijar meu pau? ─ Lin LuSe boceja depois disso, mas isso não o impede de levar um cutucão na bochecha e se chamado de indecente. Fica um silêncio no quarto, o tipo de silêncio que Wen Ning gosta, em que apenas as respirações são ouvidas e agora tem o adicional de dois corações acelerando por causa do esforço. ─ Não consigo dormir, me faça dormir. 

─ Beijando? ─ Wen Ning pergunta. Apenas por hábito, porque ele sabe que é assim que Lin LuSe gosta de dormir. Quando o outro assente e faz um barulho, arrulhando como um bebê, Wen Ning o beija no rosto, trazendo-o bem perto. ─ Mimado. ─ Ele reclama, esquecendo que é ele quem está mimando. ─ Eu te amo, eu te amo tanto. ─ Wen Ning acrescenta, entre um beijo e outro na ponte do nariz, então nos olhos fechados. ─ Eu te amo. 

Lin LuSe está sorrindo quando adormece. 

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Nos próximos dias Lin LuSe está aperfeiçoando seus conhecimentos o tempo inteiro, testando combinações e sorrindo para Wen Ning a cada segundo do dia. Ele é amado, como não se lembra de ter se sentido até a idade adulta. 

A rotina deles fica ainda mais unida e confortável, beijos amáveis são trocados até tarde da noite, eles riem no mercado e Lin LuSe até faz um pouco de amizade com as crianças do mercado. E é Wen Ning quem não consegue mais ver a vida sem a presença dessa pessoa. 

Ele até escreve sobre Lin LuSe na carta que envia ao seu sobrinho. 

É como uma brisa de verão, todo animado e sorridente, cálido e gentil, um demônio em sua mais pura falta de vergonha mas sempre disposto a ajudar em qualquer tarefa. Eu acho que estamos destinados e por isso, gostaria que A-Yuan pudesse tratá-lo bem, apesar de todas as coisas. Ele desperta a humanidade em mim. Wen Ning escreve essas coisas e sentem que elas não descrevem um terço da pessoa que deita ao seu lado e pede para dormir sendo ninado por beijinhos. 

Não leva meio mês até que Lin LuSe tenha a coragem de aplicar as outras runas. 

Sentados no quarto parcamente iluminado, nus e de frente um para o outro, ainda cheirando ao incenso do banho recente, o cabelo ainda úmido e apesar de se esforçar para não demonstrar, Wen Ning prefere cheirar como o suor de Lin LuSe. 

─ Essa é uma runa para emoções, talvez as emoções e sentimentos fiquem mais fortes e seja difícil de controlar, mas tente meditar para manter a calma. ─ Lin LuSe explica de maneira muito paciente, mas Wen Ning não está se importando com isso, ele só consegue pensar no quanto ele quer beijar essa pessoa. O que é engraçado, porque ele nunca teve esse desejo antes, mas Lin LuSe desperta essa sua humanidade restante e perversa. Para bem ou para o mal, ele não está escutando, apenas pensando, que funcionem ou não essas novas runas, sua boca deveria estar chupando o peito de Lin LuSe ou sua língua dentro dos lábios rosados e cheios. ─ Vou aplicar uma adicional no seu peito, mas se doer me avise. Essa runa é para sangue e fluídos, vai fazer efeito primeiro, então essa para cor da pele e mais uma para músculos maleáveis. Uma para lucidez na nuca, porque os sentimentos podem ser intensos demais e eu tenho medo que seu controle se perca. 

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