Wen Ning continuou na chuva enquanto Lin LuSe se afastava e até muito tempo depois que seu namorado se foi. Nesse altura, ele sabia, seu celular já não estava mais funcionando e seu cabelo estava pingando.
Ele precisou usar um telefone público para chamar sua irmã e, após explicar rapidamente que Lin LuSe não gosta mais dele, ele se recusou a conversar sobre qualquer outra coisa.
"Você me empurrou sem motivo nenhum", a frase não sai da cabeça de Wen Ning. É claro que ele se sentiu ameaçado na época, mas olhando agora, ele sente que foi um pouco intolerante com Lin LuSe.
A água quente do chuveiro é como um abraço reconfortante e ele fica sentado no chão do box, as pernas encolhidas, os braços apoiados nos joelhos e o rosto nas mãos. Wen Ning chora de soluçar.
Ele nunca quis que as coisas fossem daquele jeito.
Lin LuSe parecia alto e ameaçador, ele interpretou as coisas errado e agora tinha acabado ali. Não importa que ele goste de Lin LuSe, ele não é gostado de volta.
Se Wen Ning pudesse ficar no banheiro para sempre, ele ficaria. Melhor, ele desceria com a água para a estação de tratamento de esgoto e iria apodrecer ali.
No entanto, não é como se ele pudesse evitar ir para a escola e no caminho para ela, no dia seguinte, ele só percebe que desviou para a casa de Lin LuSe quando está parando no portão do seu ex namorado.
Seu coração se agita, cheio de ansiedade, e ele espera um minuto antes de pensar se deveria ir embora. Ele não vai.
Faz parte da sua rotina ver Lin LuSe e eles precisam conversar.
Não que Wen Ning tenha bons argumentos para justificar as coisas, mas ele ainda quer se confessar de maneira adequada e ser aceito ou rejeitado, não importa. Ele só quer deixar claro - de alguma forma, de qualquer forma possível, - que não foi nenhuma brincadeira maldosa.
Ele gostou de cada segundo juntos, de cada beijo e de cada plano que eles criaram. Todos esses planos tão bonitos estavam desmoronando sobre ele, acabando com seu coração e com a sua mente.
Sua ansiedade se arrasta pelas veias, sai pelos poros em forma de suor e aceleram seu coração. Em contra partida, sua mente fica totalmente sobrecarregada, como se houvesse uma pedra na sua cabeça.
Wen Ning fecha os olhos, ainda está parado na saída da casa de Lin LuSe, não pode entrar em surto. Ele respira fundo e abre os olhos.
O portão se abre e Lin LuSe está na frente dele, então passando por ele, sem lhe dar um olhar, virando as costas enquanto enfia os fones nos ouvidos.
Wen Ning acompanha seus passos, quase correndo. Está óbvio que Lin LuSe não quer ser incomodado, mas Wen Ning não sente que vai incomodar se apenas andar atrás dele.
Eles venceram metade do caminho até a escola quando Lin LuSe olha por cima do ombro. O sinal está vermelho.
O cabelo roxo não está mais lá. Na verdade, quando ele empurra o capuz para trás, todo o cabelo foi cortado num estilo militar, só há o preto natural. Wen Ning não consegue achar ele feio, mas é como se ele estivesse dizendo que superou Wen Ning.
E, é claro, Wen Ning não vai conseguir superar ele.
— O que você quer? - Lin LuSe parece arrogante e é de propósito, ele retira um dos fones, seus lábios estão franzidos enquanto esperam a resposta.
Wen Ning sente que Lin LuSe quer parecer intimidante e uma parte dele consegue. Porém, para Wen Ning, tudo que esse cara consegue fazer é ser mais atraente. Ele conhece Lin LuSe, agora.
Não há qualquer maneira dele acreditar que esse cara seja um valentão.
— Você. Quero dizer. Falar com você. Você. Por favor. — Wen Ning se atrapalha todo e só se jogar de um prédio depois disso. — Vamos conversar, por favor.
Lin LuSe suspira.
— Tenho tempo no intervalo antes da aula. — Ele torna a colocar o fone e o sinal abre.
Wen Ning se apressa para seguir Lin LuSe enquanto ele atravessa, tropeça nos cadarços soltos e se segura na alça da mochila de Lin LuSe. Os dois se desequilibram um pouco, mas Wen Ning é quem leva a pior ao cair de joelhos.
É ridículo, Lin LuSe pensa. Como ele pode ser apaixonado por esse garoto ao ponto de fazer desenhos dele. Como ele ainda pode estar surpreso que Wen Ning riu dele pelas costas?
Tudo bem, foi ele quem idealizou esse cara. Ainda assim, em suas memórias, esse Wen Ning era doce e apaixonado, beijando-o no chão do quarto enquanto lia suas novels. Quando Wen Ning sussurrou ao seu ouvido "eu te amo", antes deles caírem no sono numa festa do pijama, foi tudo uma piada?
O quão idiota Lin LuSe tinha sido? Ele deveria deixar Wen Ning ser atropelado pelos carros, é isso que ele deveria fazer.
Lin LuSe ajuda Wen Ning a levantar, enquanto o sinal fecha outra vez. As buzinas estão muito altas enquanto eles terminam de atravessar. Lin LuSe continua andando, tentando deixar Wen Ning para trás, sem perceber que está segurando a mão do seu antigo namorado.
Wen Ning não avisa que eles estão de mãos dadas. Em partes porque ele está acostumado com o toque de Lin LuSe, em partes porque ele gosta disso e em partes porque ele não quer soltar. É isso.
Quando Lin LuSe se dá conta, eles já estão para atravessar a próxima rua.
Lin LuSe sacode a mão e a limpa na roupa. Wen Ning sorri e coloca a mão no bolso do casaco.
— Preste atenção aonde pisa. – Lin LuSe não olha para ele, mas está, definitivamente, falando com ele.
— Estou prestando atenção, obrigado por me ajudar a levantar. — Wen Ning fica feliz em não se atrapalhar.
Lin LuSe dá de ombros, como se estivesse indiferente, mas Wen Ning sabe que ele não está. Afinal, se Lin LuSe estivesse mesmo indiferente, por que ele pararia em todos os sinais de trânsito para esperar por Wen Ning?
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Soulmate
FanfictionNo início do mundo, um demônio teve sua alma partida. Da produção de um fio de prata, ele uniu dois dos fragmentos, mas ainda faltava um que tinha se perdido no mundo humano. Uma vez que essas duas almas demoníacas predestinadas se encontraram, ela...