Um frio arrepiava sua pele, fazendo-o sentir-se como quem fosse furado por milhares de finas agulhas, junto do cheiro nada agradável de gasolina que parecia estar impregnado em suas narinas. O som distante de risadas ao fundo o trazia uma estranha sensação nostálgica, mas algo o fazia acreditar que aquelas vozes não pertenciam àquele mesmo momento. Ainda imerso em sua própria mente, o menino percebeu que não se lembrava de quem ele era, rostos sem nome vagavam por suas memórias falhas, como um vídeo de uma fita antiga, não haviam expressões ou identidades. Apenas seu primeiro nome vinha em sua mente:
"Oliver", era como ele se lembrava.
Aquelas risadas continuavam ecoando, junto de sons divertidos de brincadeiras e conversas alegres. As vozes eram projetadas por pessoas sem rosto, que perambulavam sobre o chão de pedras acinzentadas. Tal cinza pálido que era decorado por sombras, não só das pessoas que andavam para lá e para cá, mas também de construções grandes e quase tão altas quanto um arranha-céu. Porém, as formas destas sombras não eram tão monótonas quanto um simples prédio, do contrário, eram tão lúdicas que faziam lembrar rodas-gigantes, montanhas-russas e até carrosséis. Talvez aquele lugar fosse um parque de diversões.
Por mais que as sombras se movessem de forma alegre como se respondessem aos risos e vozes felizes, as mesmas também pareciam engolir parte da consciência do garoto que ainda não entendia nada do que conseguia se lembrar, pois embora todo aquele cenário parecesse tão simpático, em seu peito havia um estranho sentimento ruim, como um presságio. Havia dor, desespero e medo.
Como se os sons que ouvia e as sombras que via seguissem suas emoções, gritos de pânicos começaram a ecoar por cima dos risos, fazendo com que seus ouvidos fossem tomados apenas por aqueles sons perturbadores e pedidos de socorro. Algo ruim acontecia, mas Oliver nem mesmo tinha certeza se aquilo era real, ou estava apenas dentro de sua mente.
Entre os milhares de gritos ao redor, o garoto ouviu uma voz feminina:
"Oliver... não...", dizia ela com dificuldade, entre grunhidos de dor. Embora Oliver não reconhecesse aquela voz, ela o trazia um certo sentimento de conforto, como se pertencesse a alguém muito querido. Mas ele não se lembrava de quem era.
Após a súplica da mulher, um som agudo de um disparo de uma arma de fogo ecoou, rompendo a linha tênue entre sonho e realidade.
Sentindo todo seu corpo trêmulo ao finalmente despertar, Oliver não sabia distinguir se tudo aquilo havia sido um pesadelo ou uma estranha memória. Tentando acordar por completo, Oliver tentou abrir seus olhos, notando que apenas conseguia enxergar com o direito. Em um susto, o garoto pôs sua mão sobre o rosto, deixando-a na cor carmesim pela quantidade de sangue que manchava sua pele, se dando conta de que, onde deveria estar seu olho esquerdo havia apenas pontos de sutura.
"O que diabos aconteceu?", perguntou a si mesmo.
Estando deitado sobre aquele asfalto, Oliver se levantou apoiando-se na parede ao seu lado. Ele estava em um tipo de túnel estreito e escuro, não podia ver nada além de uma fraca luz distante à direita, que aparentava ser um tipo de saída. Querendo sair do escuro, Oliver tentou dar um passo, sentindo uma dor quase insuportável em seu tornozelo. Ao olhar para seu corpo, notou que suas roupas estavam ensopadas por um sangue no qual Oliver nem mesmo tinha certeza a quem pertencia, suas pernas estavam cobertas por machucados e seu tornozelo estava com um corte um tanto fundo. Depois de resmungar pela dor aguda, o garoto de curtos cabelos loiros voltou a caminhar.
Com dificuldade pela dor, seus passos tiveram de ser tão lentos que Oliver demorou cerca de meia hora até alcançar a luz que havia avistado, saindo do escuro e podendo sentir a luz do sol tocar sua pele que ardia por conta das feridas. Oliver não entendia o que estava acontecendo ou o motivo de estar naquele estado, mas mesmo que aparentasse ter passado por alguma cirurgia em seu rosto, o loiro não sentia dor alguma. Seria por conta de alguma anestesia? Querendo tomar fôlego, Oliver sentou-se no chão com as costas sobre a grade logo atrás. O exterior aparentava ser uma cidade um tanto destruída: ao seu redor havia diversos prédios em péssimo estado – como se fossem desabar a qualquer instante –, logo atrás tinha um tipo de posto de gasolina totalmente abandonado, e as ruas davam continuidade ao estrago estando cobertas por buracos e grossas rachaduras.
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Dominação [Vocaloid - Fukase x Oliver]
FanfictionFanfic de Vocaloid | Ollikase/Fukoli/Fukase x Oliver | +16 por conter gore e/ou tortura. | Oliver acorda completamente sozinho em um mundo caótico, sem ter memórias de sua vida ou do que havia acontecido para o planeta estar naquele estado, o menino...