Fukase caminhou em passos lentos, desviando de todos os corpos que encontrava estirados na passagem, tornando o corredor estreito. Muitas das vezes, Oliver tropeçava em alguma perna, o que o fazia grunhir sozinho e apertar a mão do ruivo com mais força, como quem pedisse para ser levado daquele lugar. Porém, ambos estavam seguindo para dentro daquele corredor por pedido dele próprio, e pensar nisso o causava arrepios.
Ainda com seu olho fechado, o loiro pôde ouvir o som de uma porta se abrindo em sua frente, o que o fez institivamente abrir sua pálpebra, encarando uma sala vazia.
– Yukari? – Chamou Fukase, em um tom baixo.
Porém, aquela sala não era um quarto como a maioria, sim um centro de comando. Fora lá onde eles e a equipe de Yukari haviam feito os planos de resgate dias atrás. Reconhecendo o lugar que estava uma total bagunça, Fukase fechou a porta para evitar surpresas indesejáveis e acendeu a luz do cômodo, revelando uma mesa cheia de mapas e um quadro com imagens da maioria dos resgatados que se abrigavam naquele local. Era estranho olhar aquelas imagens e se dar conta de que os cadáveres de vários deles estavam espalhados pelo chão daquele lugar que antes era um abrigo.
Se sentindo um pouco seguro, Oliver soltou a mão de Fukase e começou a andar pelo cômodo, enquanto o ruivo fazia o mesmo. Havia armários com diversos papéis e, ao lado direito estava uma porta.
– Tem uma porta aqui – avisou Oliver em um sussurro, estando prestes a abri-la.
– Espera – avisou Fukase, indo ao seu lado e se pondo na frente do loiro enquanto segurava sua mão novamente.
Assim que a porta se abriu, revelou outro cômodo, agora bem menor que a sala de comando. Nele havia uma escrivaninha acompanhada por uma cadeira de escritório, e na parede estava um outro mural, porém a diferença era que nas imagens pregadas nele estava: algumas pessoas que nenhum dos dois reconhecia, Lily, Ia, Mayu, Luka e...Fukase.
Intrigado, o ruivo soltou a mão de Oliver para pegar a imagem que não parecia nada recente. Encarando a si mesmo, ambos se perguntaram por que diabos manteriam uma foto dele ali naquele mural, ainda mais junto daquelas pessoas. O que todas as que ele reconhecia tinham em comum era que, sem sombra de dúvidas, haviam "enlouquecido", como eles diziam.
Por que ele estava na lista?
– Esse é você? – Perguntou Oliver, se aproximando.
– Sim, sou eu – Fukase mostrou a imagem para Oliver, voltando a analisar o mural.
Dentre as imagens, estava um mapa desenhado a mão, da cidade onde eles estavam. Cada foto estava pregada em um lugar diferente, a de Fukase estava pregada sobre o hospital onde eles haviam encontrado com Mayu. Este que, na verdade, era o local onde ele havia acordado de repente. Como sabiam disso? Ele não havia contado sobre aquilo para ninguém além de Rin e Oliver, e a julgar pelo estado das imagens e do mapa, aquilo havia sido montado muito antes.
Enquanto Fukase estudava mais o mural, Oliver foi olhar as coisas sobre a escrivaninha. Os papéis sobre a mesa eram estranhas fichas escritas a mão, falando um pouco sobre o que sabiam de cada um dos que viviam ali. Fuçando mais entre as papeladas, Oliver passou o olhar sobre muitos nomes até chegar no seu próprio.
– "Oliver, quatorze anos" – leu em voz alta – Nossa, eu tenho quatorze anos!
No mesmo momento, Fukase se virou para o loiro, pegando o papel de sua mão e lendo.
– "Acordou em um túnel com ferimentos graves no tornozelo e outros leves no resto do corpo, depois de ir na loja de um posto de gasolina, encontrou outro objeto que tentou matá-lo com tiros..." – Fukase voltou e leu novamente a última frase – Espera, agora eu sou um objeto?
Oliver riu, fazendo Fukase sorrir para ele, embora aquela situação fosse séria demais para risos. Seja lá quem tivesse escrito aqueles papéis, sabia exatamente onde e como eles haviam acordado. Como essa pessoa sabia isso? Por que se dirigiu a Fukase como "outro objeto"? Tudo aquilo era estranho demais para rir despreocupadamente.
– Ah, bem lembrado. Você tentou me matar assim que nos vimos... – Disse Oliver, passando as mãos em mais outros papéis – Não estou achando a sua.
– Que bom – Fukase suspirou, colocando a ficha de Oliver sobre a mesa novamente – E sobre eu ter tentado te matar, já me expliquei sobre isso.
– Explicou? Não me lembro.
– Eu não te conhecia, é meu costume apontar arma pra desconhecidos.
– Assim você assusta alguém que pode ser seu amigo! – Oliver deixou os papéis de lado e se aproximou de Fukase, não tendo dificuldade de encará-lo pois ambos tinham quase a mesma altura – Se tivesse me matado, não gostaria tanto de mim agora!
A frase que deveria ter sido inocente e totalmente boba, deixou as bochechas de Oliver vermelhas poucos segundos depois, fazendo Fukase sorrir enquanto coçava a própria nuca e desviava o olhar para o teto.
– Sim, claro – resmungou o ruivo – em compensação, eu teria mais paz.
– Q-Que!? – Oliver se afastou, quase chorando ao levar a sério o que Fukase havia dito, mas o riso do ruivo o fez esquecer o choro e ficar com raiva – Idiota!
– Enfim, a trilha de sangue nos trouxe até aqui, mas pelo visto está vazio.
Retomando seu objetivo, Fukase voltou a mexer na escrivaninha, procurado mais alguma coisa suspeita ou alguma pista de que Yukari estivesse por lá. Enquanto mexia em um porta lápis, notou algo estranho ao levantá-lo... havia algo sob ele. Ao tocar, notou que era um tipo de botão. Com medo do que fosse acontecer, sua mão segurou a mão livre de Oliver antes de apertá-lo, ouvindo um som de algo ranger logo em seguida. Quando levantou seu olhar, a parede ao seu lado estava se abrindo e revelando uma passagem.
– Uau – Oliver soltou – Como isso é possível?
– Não duvido de mais nada dessa merda de lugar – Fukase suspirou, segurando sua metralhadora enquanto se colocava na frente de Oliver.
Por Fukase agora segurar a arma com as duas mãos, o loiro teve de se apoiar no mais velho puxando a borda de seu sobretudo branco, torcendo para não soltá-lo sem querer.
– Lembre-se: faça tudo que eu mandar, assim como prometeu. Certo? – Disse Fukase, com uma voz fria e séria, diferente da que usava para falar com o loiro em seu habitual.
Com medo do que fosse acontecer, Oliver assentiu em um movimento com a cabeça, sentindo um mal pressentimento ao fazer aquilo. Fukase poderia mandá-lo ir embora sem ele? Se esse fosse o caso, recusaria de obedecê-lo até a morte, pensou sozinho. Mas já havia quebrado uma promessa quando subiu ao terceiro andar sem Fukase, e se fosse pensar nisso, eles estavam nessa situação por culpa dele próprio. Talvez Fukase estivesse com razão ao dizer que sem Oliver em sua cola, ele teria mais paz.
Com a mente cheia, Oliver balançou a cabeça, espantando aqueles pensamentos negativos enquanto os dois desciam algumas poucas escadas. Depois de passarem por completo pela passagem, o lugar havia sido tomado por uma total escuridão até que, por fim, os dois avistaram uma fraca luz distante, depois de terminarem de descer os degraus.
– Como é possível ter um lugar assim em um colégio destruído? – Perguntou Oliver, não conseguindo segurar sua inquietação.
Porém, o que ele não esperava era receber uma resposta.
– Porque em um lugar que não é real, tudo é possível – disse uma voz feminina vindo do fundo do cômodo, na direção onde podiam avistar uma fraca luz – Um mundo destruído criado pelos desejos das mentes perturbadas de todos vocês!
Ao fim daquelas misteriosas palavras, a luz do cômodo se acendeu por completo, deixando que Fukase e Oliver pudessem avistar com perfeição a pessoa que estava bem de frente para os dois: uma garota de curtos cabelos esverdeados.
Embora suas roupas fossem como as de uma garota fofa, ou sua expressão carregasse um sorriso de orelha a orelha, seu par de olhos verde-esmeralda continham uma frieza cruel que chegava a beirar uma insanidade. E principalmente, seus olhos não pareciam os de uma humana.
– Sou Gumi, sua comandante. É um prazer finalmente conhecer vocês pessoalmente!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dominação [Vocaloid - Fukase x Oliver]
FanficFanfic de Vocaloid | Ollikase/Fukoli/Fukase x Oliver | +16 por conter gore e/ou tortura. | Oliver acorda completamente sozinho em um mundo caótico, sem ter memórias de sua vida ou do que havia acontecido para o planeta estar naquele estado, o menino...