Dominação [Vocaloid - Fukase x Oliver]

32 - Uma Esperança

Por mais que ele soubesse que aquela pequena frase carregava milhares de significados ocultos de sua história, Oliver ignorou tudo o que "irmãos adotivos" poderia ser e interrompeu Fukase, o impedindo de dizer o que quer que fosse ao tocar suas mãos nos lábios do ruivo, tampando sua boca.

– Não se preocupe com mais nada – sem saber se realmente queria dar espaço para a privacidade de Fukase ou se estava fugindo daquilo, Oliver continuou – Eu não preciso saber de tudo agora, tudo bem?

Com um sorriso coberto por uma ternura imensurável, Oliver apenas o encarou. Fora como se seu olhar abraçasse Fukase, tal gesto de carinho o deixara sem reação.

Sentindo-se incapaz de dizer qualquer coisa, o ruivo respondeu com um suspiro aliviado, deixando claro que realmente não queria mais voltar àquele assunto. Na verdade, Fukase não gostava de conversar sobre si mesmo, e por uma boa razão. Afinal, sempre que se lembrava de tudo o que já fez e tudo que vivenciou, aquele sentimento de repugnância retornava. O mesmo que o fizera apontar sua pistola contra sua própria cabeça.

Era em momentos simples como aquele que Fukase agradecia por ter Oliver ao seu lado. O loiro era como uma lanterna para ele, a única coisa que o permitia enxergar em meio a sua própria escuridão.

– Ainda teremos muito tempo para conversar sobre tudo, quando sairmos daqui – continuou Oliver.

Tomado por um sentimento acolhedor, Fukase segurou as mãos de Oliver que tocavam seu rosto.

– Sim, teremos – confirmou, por mais que em seus olhos ainda restasse uma considerável insegurança.

Oliver sentiu, em silêncio, a diferença da textura da pele de Fukase: no lado direito, era macia; já no esquerdo, grosseira e rígida por conta das cicatrizes de queimaduras. Seus dedos passearam pelos fios ruivos da franja que caía sobre seu rosto, os tirando do caminho e permitindo-o fitar melhor os traços de Fukase e seu par de olhos vermelhos-sangue.

Sentindo-se tomado por um sentimento de nostalgia, Fukase brincou:

– Me lembro que antes você tremia quando tocava em mim.

– Claro! Você me assustava!

– Não assusto mais?

– Não –Oliver ruborizou – nenhum pouco.

Os lábios de Fukase se curvaram em um sorriso suave, carregado por alívio. Não importava o quanto Oliver repetisse aquilo, era sempre bom ouvir novamente.

E por mais que não tivessem tempo de sobra, tudo que Fukase queria naquele momento era puxá-lo para mais um beijo. Como se estivessem em um mundo distante daquele; em um lugar que pudessem aproveitar o tempo juntos, como pessoas normais, como pessoas livres. Embora, para o ruivo, aquela realidade fosse um sonho tão distante, quando estava com Oliver tudo parecia ser possível.

– Pronto, acabei!

A voz eufórica de Yuma os despertou para a realidade. Antes que Oliver notasse, Fukase que antes estava prestes a beijá-lo, se virou em um pulo como quem tivesse sido pego cometendo um delito. Ao espiá-lo, Oliver notou que seu rosto estava tão vermelho quanto seus cabelos ruivos. Sem entender a reação inesperada dos dois, o rosado parou seus passos.

– A... Atrapalhei algo?

– Não. – Fukase soltou seu típico tom de voz irritado.

Yuma encarou Oliver na procura de uma resposta, mas o loiro fez cara de paisagem. Preferindo deixar de lado, ele pigarreou e apenas continuou:

– Peguei tudo que me pediu, mas o que faremos agora? Não temos ideia de onde levaram a Yukari...

– Eu tenho – Fukase deu um passo, ainda de costas para os dois enquanto via as horas em um relógio em seu pulso – é melhor corrermos, antes que não dê mais tempo.