Estava escuro, tão escuro que era difícil até mesmo de enxergarem um ao outro. Não havia qualquer brecha para entrar luz naquele pequeno elevador, pois o mesmo se encontrava parado no meio de sua trajetória. O fraco vento que balançava sua curta franja cacheada deixava claro que ao menos o lugar estava ventilando, e não era tão sufocante como ele se lembrava. Não, aquele pequeno espaço não era assustador como aquele caixão que um dia ele fora preso. E por mais que já houvesse passado tantos anos desde que Fukase fora enterrado vivo, aquele trauma o perseguia como uma sombra, grudado em sua alma – como as cicatrizes de queimaduras em todo o lado esquerdo de seu corpo. Ele sabia que não estava dentro de um caixão, mas seu coração ainda estava tão acelerado quanto estivera naquele dia.
Com a garganta seca, Fukase despertou entre tosses, como quem tentasse se lembrar como se usa seus pulmões. Se o garoto sentisse dores, estaria com uma tremenda enxaqueca. Seus olhos vermelhos se abriram ainda dispersos, enquanto sua mente estava repondo os últimos acontecimentos. Mas era estranho, pois estava barulhento ao redor do elevador.
– Cuidado – uma doce voz feminina ecoou – você está bem? Kaito! O Fukase acordou!
Rin, que estava sentada ao lado de Fukase, se levantou às pressas indo chamar o mais velho de cabelos azulados. Fukase tentou se levantar sozinho, ainda tonto, notando que seu sobretudo havia sido tirado e colocado sobre seu corpo como um cobertor. Enquanto piscava os olhos repetidamente, Kaito veio ajudá-lo.
– Ia perguntar se está com alguma dor, mas deixa pra lá – Kaito sorriu, servindo seu ombro de apoio ao ruivo – se lembra de tudo? Seus sentidos estão normais?
– Sim, eu acho – Resmungou, aceitando o apoio de bom grado e vestindo seu sobretudo novamente – Me lembro que fui feito de chacota 'pra maluca da Gumi. Que barulheira é essa!?
– Estamos tentando sair daqui pelos fios... O elevador parou bem antes do próximo andar.
Fukase olhou ao redor do elevador notando que a porta estava aberta e não havia nada além dela, exceto um imenso abismo que era impossível de ver o fundo, e no teto estava uma saída de emergência, agora escancarada. Enquanto podia sentir sua mente cada vez mais desperta trazendo-a de volta ao momento presente, Fukase se lembrou do elevador sendo desligado e das palavras que Gumi dissera antes de silenciá-la com o tiro no auto-falante, quando foram obrigados a optar por uma mudança de planos. Porém, embora Fukase conseguisse se lembrar de tudo, algo ainda o perturbava. O ruivo sentia uma ausência incômoda.
– Cadê o Oliver? – perguntou ele, era estranho despertar de um incidente e não ver o loirinho por perto.
– Ollie 'tá ajudando eles lá em cima – Respondeu Rin – Ele estava aqui com você até pouco tempo, mas trocamos um pouco de turno.
– Ajudando?
– Sim, a escalar os fios.
– O qu-
Fukase correu até a abertura no teto, tentando pular para alcançá-la e tendo dificuldade por ser baixo demais para chegar lá em um simples pulo. Kaito tentou oferecer ajuda, assim como o pediu para não fazer tanto esforço por ter acabado de despertar de um desmaio, mas Fukase não deu ouvidos, tanto para o conselho quanto para a ajuda de Kaito – que era mais alto.
– MAS QUE – antes que o ruivo soltasse um palavreado de baixo calão, uma voz familiar o interrompeu.
– Fuka! – disse Oliver alegremente, descendo de onde estava e voltando para dentro do elevador ao encontro de Fukase – Olha! Eu estava ajudando Yuma e Yukari!
Toda e qualquer vontade de dar um sermão em Oliver por tentar fazer algo perigoso sem esperá-lo, desapareceu naquele pequeno momento. Ver o sorriso orgulhoso do loiro o fez sentir que, talvez, ele devesse tentar parabenizá-lo por ser corajoso ao invés de só protegê-lo a cada instante. Se sentindo arrependido por ter ficado irritado com o mais novo, Fukase apenas afagou os cabelos loiros de Oliver, com um sorriso carinhoso nos lábios.
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Dominação [Vocaloid - Fukase x Oliver]
FanficFanfic de Vocaloid | Ollikase/Fukoli/Fukase x Oliver | +16 por conter gore e/ou tortura. | Oliver acorda completamente sozinho em um mundo caótico, sem ter memórias de sua vida ou do que havia acontecido para o planeta estar naquele estado, o menino...