Amor por Contrato {ITZY} Ryujin + Chaeryeong (HIATO)

Capítulo 1

Era início de ano. Acordei mais cedo que o habitual para me preparar mentalmente para o segundo dia na faculdade. Na verdade o motivo da minha preocupação não era o curso em si, mas sim o meu pai.

Depois de me segurar durante anos, tomei a liberdade e me matriculei no curso de fotografia contra a vontade dele. Desde então, termino o dia com os ouvidos doendo de tanto escutar que eu deveria seguir os passos dele e me preparar para futuramente herdar a Shin Cosmetics. No entanto, não é isso que quero pra minha vida.

Ao me desligar de meus pensamentos, levanto rapidamente da cama, tomo um banho e me arrumo. Assim que saio do quarto, vou para a cozinha e encontro meu pai sentado à mesa digitando em seu notebook que está rodeado de pastas e papéis. Ele parece cansado, provavelmente não dormiu essa noite.

— Bom dia, pai.

— Bom dia, filha — disse sem tirar os olhos da tela.

Peguei minha garrafa no armário e a enchi com água gelada.
Olhei o relógio na parede da cozinha e reparei que ainda era muito cedo, mas queria evitar meu pai então decidi sair mesmo assim.

— Bom, eu já vou. Tenha um bom dia e não se esqueça de... — não pude terminar a frase pois fui interrompida.

— Não tenta me enrolar, Shin Ryujin. Sei que está me evitando, mas precisamos conversar.

Droga, era o que eu menos queria ouvir agora.

Ele fecha o notebook e faz um sinal para que eu me sente na cadeira à sua frente. Assim eu faço, o xingando mentalmente e desejando que a conversa fosse breve.

— Pois não? — olho em seus olhos enquanto tomo um gole da minha água.

— Você sabe, eu estou ficando velho e cansado. Em breve não terei mais condições de cuidar da Shin Cosmetics e tudo o que construí até hoje será inteiramente sua responsabilidade. — pausa dramática — Ao mesmo tempo você já vai fazer vinte e um anos e passa boa parte do seu tempo pintando, fotografando e fazendo esculturas de argila. Sinceramente, você precisa amadurecer.

— Eu estou tentando. Por isso fiz a escolha de me matricular na faculdade e tentar ganhar alguma independência.

—.Faculdade de fotografia não dá futuro pra ninguém, Ryujin. Eu tenho uma proposta pra te fazer. A melhor maneira de fazer você ganhar maturidade seria te levando para trabalhar comigo na empresa, mas você disse que não quer.

A essa altura eu já estava entrando em desespero tentando adivinhar qual seria a ideia maluca do meu pai. Talvez essa fosse a oportunidade perfeita pra ele parar de me importunar sobre trabalhar na empresa.

— Continue. — disse, curiosa.

— Você tem setenta e duas horas pra se casar, ou vou passar a Shin Cosmetics para o seu nome.

O encarei por alguns segundos, em choque.

— Você teria mesmo a coragem de passar sua empresa pra uma irresponsável como eu? Impossível!

— Sei que estará em boas mãos.

Não era essa a resposta que eu esperava.

— Tudo bem, tudo bem. Tem como me dar mais um tempo pra conseguir alguém pra casar? Três dias é muito pouco!

— Três dias. É pegar ou largar.

Pensei um pouco, mas assenti. Eu não acredito que concordei com isso. Como vou conseguir casar com alguém em três dias? Deus que me ajude.

Meu pai dá um sorriso travesso e pega o celular, me mostrando o temporizador ajustado em setenta e duas horas. Então ele aperta o botão de iniciar.

— Setenta e uma horas e cinquenta e nove minutos a partir de agora. Boa sorte!

Agarro minha garrafa de água com o mais puro ódio e saio pisando forte em direção à sala, onde encontro minha mochila jogada no sofá. Pego a mesma e já na porta troco minhas pantufas pelos tênis.

Assim que saí, olhei para o céu e pensei no que poderia fazer, mas não cheguei à conclusão nenhuma.

Minha única saída era tomar meu café da manhã no Egg Drop e assim o fiz.
Entrei no meu carro e dirigi até lá, logo fazendo o pedido do meu sanduíche e um americano gelado. Não tem maneira melhor de começar o dia.

Comi calmamente até olhar no celular e perceber que estava quase na hora da aula começar, então peguei meu americano que ainda não havia terminado, entrei no carro e dirigi até a faculdade, terminando a bebida no caminho.

Assim que cheguei, estacionei o carro, peguei a bolsa e saí correndo pelos corredores na tentativa de não me atrasar para a aula, porém dei de cara com alguém e derrubei suas coisas no chão. Já estava me preparando para pedir desculpas, quando olhei pra cima e vi o rosto do Chan.

— Vê se não fica parado no caminho da próxima vez, Christopher — disse ainda abaixada, ajudando a pegar seus livros.

— E você deveria olhar por onde anda e aprender a não correr por aí, apressadinha. Da próxima vez chega mais cedo.

— Não reclama, não tô bem hoje.

— Eita, aconteceu algo?

— Na saída te explico. Vamos para a aula, estamos atrasados.

Seguimos em direção à sala de aula e sentamos em nossos lugares.

O Chan é meu parceiro desde o ensino médio. Assim que nos conhecemos, nos tornamos inseparáveis. Tão inseparáveis que ele resolveu entrar na faculdade ao mesmo tempo que eu, para que não me sentisse tão sozinha.

Na verdade o sonho da vida dele é virar cantor, mas não obteve resposta nenhuma das audiências que fez, então resolveu estudar.

Horas se passaram até o final da aula chegar. A matéria de hoje foi interessante. Hoje é só o segundo dia, mas estou amando, essa com certeza foi a melhor escolha que eu já fiz na vida.

Saímos da sala juntos e eu convidei o Chan pra almoçar fora comigo. Fomos até um restaurante chinês comer hot pot. Só mesmo comida apimentada pra aliviar minha tensão.

Assim que sentamos à mesa para aguardar nosso pedido, Chan me olha, curioso.

— Agora me fala o que aconteceu. Esperei o dia inteiro pra saber. Pode começar.

Seu jeito me fez rir.

— Garoto curioso, adora saber da vida dos outros.

— Amo, principalmente quando é sobre a sua vida. É tão interessante, mas não vem ao caso agora, pode ir contando.

— Bom... — respirei fundo — Hoje meu pai me chamou pra conversar e me deu 72 horas pra conseguir uma pessoa pra casar e caso eu não conseguir, a Shin Cosmetics vai pro meu nome.

Ele não pareceu ficar muito surpreso com a situação, pois já estava acostumado com as loucuras do meu pai.

— Não me diga que você vai realmente procurar alguém pra casar...

Apenas balancei a cabeça, concordando.

— Shin Ryujin, você não tem jeito mesmo. — riu — Olha só a situação em que você se meteu, não era mais fácil ter aceitado trabalhar com o seu pai? Não deve ser tão ruim assim. Eu faria de tudo pra herdar uma empresa daquele porte.

— Bobo, você não sabe de nada. É muita responsabilidade e eu não gosto disso. Prefiro trabalhar em algo que eu goste, mesmo que não tenha o retorno financeiro esperado.

— Tá, e se você não conseguir casar? Vai ser bem pior. Toda a responsabilidade vai cair em cima de você e quando esse momento chegar você não vai ser mais apenas a filha do dono, mas sim a presidente da empresa.

Ouvir ele falar isso me dá arrepios.

— Vira essa boca pra lá. Quando eu quero muito uma coisa, eu consigo. E eu não vou desistir até conseguir alguém pra casar!

Chan me encara com um sorriso de leve nos lábios, porém com o olhar preocupado.