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Lavínia: meados de junho

Final de período é sempre a maior correria do mundo, os professores parecem querer explicar de uma só vez tudo aquilo que devia ter sido cobrado durante o semestre, e eu estava prestes a ficar louca com isso.

Abri a porta da cobertura de luxo onde cresci e há três meses voltei a morar, mas antes mesmo de subir as escadas e chegar na sala de TV, eu ouvi a gritaria que significava que meu pai, meu cunhado e meu irmão estavam vendo o jogo do Flamengo.

Quando subi os 22 andares até a cobertura - onde fica o apartamento de luxo dos meus pais - eu já estava quase dormindo de pé e sofrendo porque sei que hoje tem jogo do Flamengo e eu não vou conseguir dormir em paz.

Eu nunca fui muito ligada em futebol mas sempre soube de tudo porque meu pai é e o meu irmão caçula também, depois que minha irmã mais velha se casou com outro fanático pelo esporte ficou inevitável não estar por dentro de todas as partidas. Mas eu vim pegar gosto mesmo por assistir jogo quando me casei com Gabriel, e essa é uma coisa que tem me incomodado: em todo jogo meus olhos ainda procuram onde ele está.

Débora disse que no meu lugar teria tomado raiva de futebol, mas eu não consegui. E a prova disso é que quando olhei pra TV já fui procurando se ele estava jogando.

Dei um beijo na minha irmã Larissa que tentava fazer meus sobrinhos jantarem, outro na minha mãe que digitava algo no celular, joguei meus cadernos e bolsas na mesa e já fui me jogando no sofá enquanto tirava o tênis.

Meu cunhado Daniel disse rindo: - "Gabriel já brigou três vezes com o árbitro. É um jogador bom demais, o cara é igual torcedor!"

De vez em quando, pra esvaziar a adrenalina do meu corpo, eu levantava e ia fazer alguma coisa: brincar com meus sobrinhos, comer, cheguei até a tomar banho, e nada desse jogo sair do zero a zero. Eu estava tentando ajudar minha irmã a dar comida pra minha sobrinha quando ouvi os caras comemorando um gol e os gritos do narrador. Olhei pra TV e estava no replay do gol, não consegui saber quem tinha marcado e perguntei:

"Gol de quem? Devia ser proibido mais de um jogador com o cabelo igual, já bastam Arão e David Luiz."

"Gol do Andreas. Tomara que o Manchester nunca queira ele de volta."- Meu pai respondeu e eu logo vi na televisão ele comemorando.

"Vocês têm certeza que não foi do Gabriel?" - Minha irmã perguntou desistindo de fazer a pequena Estela comer.

"Tenho, eu diferenciei pela bunda." - Minha mãe respondeu como se não fosse nada e depois me olhou: - "Você não sente saudade da bunda dele não?"

Sorri fraco e disse que sim antes de sair de perto. Minha irmã ainda perguntou algo sobre a esposa do Andreas, apenas confirmei que conheço sim e fui pro meu quarto ainda ouvindo o nome que em alguns dias não sai da minha cabeça e hoje parece não sair também da cabeça da minha família.

Lavínia: duas semanas depois

Entrei em casa já jogando os meus livros pesados em cima da mesa e tentando calcular quanto tempo eu tenho antes de não resistir mais ao sono e precisar dormir. Aproveitei o cheiro de café e fui na cozinha pra encher uma caneca com um recém passado pela minha mãe antes de subir pra sala de TV e encontrar todo mundo assistindo ao jogo.

"Tá de quanto?" - Perguntei depois de colocar minha xícara na mesinha de centro e me sentar pra tirar meu tênis.

"Dois pro Flamengo, 1 pro Grêmio." - Meu pai respondeu e como sabia que eu ia perguntar de quem foram os gols, ele disse: - "Os dois são do Bruno Henrique."

Daniel apareceu abrindo uma cerveja e comentou: - "Esse cara foi o melhor custo benefício da história do Flamengo."

Fixei meu olhar na TV procurando pelo camisa 9. Depois de encontrá-lo, nos minutos seguintes eu vi ele tentando acertar o gol por pelo menos umas quatro vezes sem sucesso. Gabriel coçava a nuca e eu sei que estava cada vez mais irritado.

"Nós temos aí o Gabriel, Gabigol, tentando loucamente fazer um gol. Ele dois meses, desde o final de abril sem fazer gols." - Ouvi Galvão Bueno comentar e o meu coração se acelerou. O outro comentarista que eu não consegui identificar quem era, continuou:

"Isso pra um atacante é um martírio, né Galvão? Um cara que a função dele é fazer gol."

Engoli seco e apertei o pingente do meu colar, notando e lembrando que não era o G e o outro não era o número 9 que eu adorava usar. Gabriel chutou de novo a bola, mas ela ultrapassou muito acima da trave, a câmera focou no rosto dele sofrido, as mãos não paravam de esfregar os olhos e ele não parava de resmungar.

Minha voz saiu num fio: - "Vou estudar pra minha prova, não tenho coração pra ver ele sofrendo assim. Eu não aguento isso."

Fingi que não vi minha família inteira me olhando de forma suspeita, peguei meu café e me tranquei no meu quarto sentindo as lágrimas descendo pelo meu rosto de tanta preocupação, sem que eu conseguisse controlar nem processar nada que estava sentindo.

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@lavinialeal: um tbt que achei perdido na minha galeria

@x1: pq vc tinha q dizer q eh tbt? Eu tava fanficando q vc e o gab voltaram por causa da aliança
↪ @lavinialeal: é tbt. Não voltamos.
↪ @euxama: voltaram não, se liga hein rapá

@x2: a aliança 😭😭😭😭 apaga princesa da nação, tem gente chorando
Comentário curtido por gabigol

10 de junho de 2022

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@lavinialeal: dando um pause nessa vida louca

@karolinel: vc é perfeita miga!!! Sdd assistir jogo juntinha d vccccc
↪ @lavinialeal: sdd de vc karuline do céu!! Assistir jogo não rola, mas vamos fazer outra coisa?
↪ @x1: no fundo a gnte sabe q vc assiste jogo sim, eterna princesa da nação rubro negra

*Não esperei a meta bater para poder iniciar uma maratona que foi pedida por vocês, me organizei esses dias e conseguirei fazer uma hoje.
1/4.

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