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Lavínia: 3 dias depois, na segunda feira da terceira semana de setembro

Saí do laboratório de histologia desfazendo o coque do meu cabelo enquanto ouvia Débora, uma colega de turma, reclamar sobre a fila nos microscópios. No final do corredor o laboratório de patologia abriu e de lá saiu um Caio sorridente acenando pra nós.

"Ih, lá vem. Que saco."

Débora revirou os olhos resmungando quando ele chegou perto.

"Bom dia pra você também, Débora."

Ela deu um sorriso cínico e me olhou de novo.

"Te vejo amanhã?"

Fiz que sim com a cabeça colocando meus brincos que antes estavam guardados na bolsa.

"Beijo e até amanhã então. Me recuso a ficar perto desse idiota."

Caio piscou pra ela cínico também antes de começar a caminhar do meu lado:

"Sua amiga devia parar com essa birra comigo. Se eu consegui a vaga no grêmio estudantil, é porque eu sou melhor né?!"

Ignorei prendendo o mix de colares no pescoço e continuando a andar.

"Quer ajuda pra fechar?" - Fiz que não com a cabeça. - "Você é bem vaidosa né? Já sai do laboratório colocando todos os acessórios que teve que tirar."

Sorri fraco dessa vez prendendo a pulseira no pulso enquanto concordava. Caio continuou falando sobre alguma coisa que eu não prestei muita atenção até nós pararmos na calçada da faculdade.

"Cancela esse uber, deixa que eu te levo."

"Não, brigada. É de boa eu ir de uber."

Sorri fraco só pra não ser mal educada. Ouvi uma buzina e logo o carro branco de Gabriel apareceu na minha frente, Caio riu pelo nariz quando cancelei a corrida no celular.

"Agora você cancela, né?"

Juntei minhas sobrancelhas antes de responder:

"Óbvio que sim?!"

Gabriel abriu a janela do passageiro e abaixou a cabeça em cima do volante pra me olhar.

"Vamos, meu amor?"

Foi olhar pra ele que minha boca sorriu sozinha. Gab sorriu de volta e fechou a janela, coloquei minha bolsa no banco de trás e acenei com a mão pra Caio antes de entrar no carro de uma vez.

"Você é sempre muito cheirosa mas hoje tá só o formol."

Revirei os olhos e me joguei em cima dos freios de mão pra abraçá-lo e lhe dar uns quatro selinhos.

"Eu não sabia que você vinha me buscar."

Ele deu de ombros.

"Chatão liberou nois lá do treino, aí eu aproveitei pra passar aqui."

Me endireitei no banco e Gab desviou o olhar do trânsito do meio dia pra olhar pra minha mão aumentando o som do carro. Ele juntou as sobrancelhas grossas e ficou olhando por uns segundos, o que me fez olhar também sem entender.

"O quê? É a minha unha que tá curta? Eu também não gostei, tive que tirar o esmalte preto e cortar por causa do laboratório. Odeio ficar com elas pequenas e ainda pintadas de nude, mas fazer o quê né?"

Gabriel não disse nada, só continuou olhando pras minhas mãos e depois travou o maxilar voltando a atenção pro trânsito. Suspirei ao dizer:

"Tá, quando você vai me explicar o que tá acontecendo?"

Por um momento achei que ele ia ficar em silêncio, mas Gab respondeu em voz baixa sem me olhar:

"Tu tá sem aliança."

Arregalei os olhos na mesma hora olhando de novo pras minhas mãos e notando a falta do anel prata com um brilhante.

"É que eu tava na aula prática, não pode acessório."

Gabriel me olhou de rabo de olho e antes que ele comentasse sobre os brincos, pulseiras e colar, eu me expliquei:

"Eu tava botando tudo de novo quando você chegou, aí não deu tempo de botar a aliança. Mas eu já tô botando de novo."

Ele não falou nada nem fez nenhum gesto de cabeça, apenas voltou a atenção ao sinal fechado e cruzou os braços. Me estiquei no banco pra pegar minha bolsa no banco de trás, mas Gabriel só voltou a me olhar quando me viu virando a bolsa inteira sem achar o anel, e riu fraco coçando a barba.

Senti a pedra no meu indicador e peguei de uma vez:

"Aqui, amor!"

Coloquei no meu anelar esquerdo de uma vez e ergui a mão pra ele ver. O sol bateu contra o brilhante e a luz forte foi muito linda, mas nem isso desfez a cara amarrada de Gabriel. Ele apenas fez que sim com a cabeça e voltou a concentração ao volante.

"Foi só durante a aula, amor. Aí você chegou e eu nem tinha colocado tudo ainda, olha os outros anéis estão todos aqui dentro da bolsa ainda."

Ele fez que sim com a cabeça de novo e eu desisti de falar mais alguma coisa, apenas continuei colocando os outros anéis que costumo usar. Minutos depois ele falou baixo quase abafado pela música:

"Eu tô ligado que tinha que tirar por causa desses bagulho aí, mas evita ficar sem aliança perto daquele cara."

Ergui a cabeça pra Gabriel e assenti rápido. Ele ficou me olhando como se certificasse que eu tinha ouvido.

"Evita ficar perto dele também."

Meu coração acelerou e eu afirmei de novo que evitaria. Gabriel pegou minha mão esquerda e entrelaçou a dele, deu alguns beijos e cheiros na pele antes de beijar a aliança.

*Por favor peço que não me levem a mal, mas preciso explicar que as metas de comentários não é de comentários aleatórios (letras, sinais de exclamação, números) mas sim de comentários sobre a história, ou pedidos para continuar. Desculpa mas prefiro assim, quem meu outras histórias minhas à base de metas sabe como elas funcionam.

*50 votos para o próximo.

*Volta pra casa, Gerson! 😣

Casamento Arrumado - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora