44

11.8K 880 363
                                    

Lavínia: nesse dia à noite

Quando Gabriel chegou na frente do meu prédio eu desci e entrei no carro dele. Gab me selou três vezes e eu me desenclinei de cima dos freios de mão para voltar ao meu lugar no banco do passageiro.

"O que você queria falar?" - Perguntei e ele coçou a nuca.

"Na real eu queria ouvir o que tu tem pra dizer primeiro, agora que saiu tudo e eu sou pai mesmo do moleque. Como a gente fica?"

Mordi meu lábio inferior e olhei pras minhas próprias unhas. - "Eu pensei bem e... não é uma coisa que eu vou aguentar. Vai me fazer mal a proximidade que você vai ter com a Rafaella, principalmente agora que o Heitor é um bebê, e eu não estou disposta a passar por esse desgaste. Não sou madura o suficiente pra achar lindo e sinceramente não tinha nem como eu ser já que eu acabei de fazer 21 anos. E eu não sou nenhuma louca que vai ser idiota e babaca ao ponto de mandar você escolher entre nós dois, não tem escolha e eu sei disso." - Gabriel me olhou mexendo as sobrancelhas grossas, provavelmente pela rapidez que eu falei atropelando as palavras por causa do nervosismo. Engoli seco e apertei minhas mãos trêmulas nas minhas coxas expostas pelo short jeans curto. - "Desculpa, eu tô pensando sobre isso desde novembro e eu realmente não me sinto preparada, confortável, madura ou segura o suficiente pra passar por isso."

Gabriel assentiu e coçou a nuca antes de começar a falar: - "Você sabe que meu filho era o sonho da minha vida e eu não vou abrir mão disso."

Neguei com a cabeça. - "Nem eu quero que você faça isso, é só que você e a Rafaella sempre foram mal resolvidos e agora que tem uma criança no meio disso eu prefiro sair antes de me machucar." - ou pior, antes de você me trocar por ela de novo: pensei. - "Eu só tenho 21 anos, não tô preparada pra nada disso. Eu sou muito jovem, só quero poder aproveitar a minha juventude sem me preocupar tanto."

Gab concordou com a cabeça e passou uns minutos em silêncio. - "Eu nem acredito que esse negócio de terminar porquê estamos em fases diferentes da vida é real."

"Nem eu." - Engoli seco sentindo o choro se formar na minha garganta.

Ele se inclinou por cima dos freios e me abraçou. - "Obrigado por tudo, você mudou tudo pra mim, Lavínia."

Fechei os olhos e inspirei forte o cheiro amadeirado dele pra mim. - "Obrigada por tudo também, Gabriel. Você literalmente salvou a minha vida."

"Eu te amo." - Ele disse no meu ouvido e eu fechei os olhos numa tentativa idiota de prender as lágrimas dentro deles.

"Eu te amo e não quero me prolongar muito." - Admiti baixo.

"E nem precisa. Você sabe e eu sei."

Ele beijou a minha testa e depois me deu um selinho demorado. Foi horrível me despedir desses lábios macios.

"Eu espero que você seja muito feliz com o menininho dos seus sonhos." - Eu disse ao me afastar. Gabriel destravou a porta do carro e eu já pus a mão na maçaneta.

"E eu espero que você seja com os seus sonhos adolescentes." - Ele disse e eu posso jurar que vi uma lágrima solitária escorrendo devagar pela bochecha esquerda.

"Eu vou ser." - Respondi baixo com um sorriso fraco e saí do carro antes que eu começasse a chorar ali mesmo.

Lavínia: dias depois, final de fevereiro

"Quem terminou foi você ou ele?" - Caio perguntou enchendo meu copo de coca cola e colocando gelo e limão em seguida.

Dei de ombros ao responder: - "Não teve isso, nós dois terminamos. Ele foi querendo conversar pra terminar e eu queria terminar também..."

"Cê acha mesmo que o filho é dele?" - Caio perguntou de novo sentando de uma vez na nossa mesa da lanchonete do lado de Débora que digitava no celular, foi ela quem respondeu:

"Tudo que me faria pensar que o pai é o Lucas Lima já foi descartado." - Arqueei as minhas sobrancelhas em concordância com ela que continuou falando: - "O Gabriel não viu o parto, então é bebê roubado? Evidência descartada porque tem um vídeo de seis horas do parto dessa mulher, com inclusive cenas da cabeça cabeluda saindo da... Vocês sabem."

Arthur engoliu o resto do Guaravita antes de resmugar: - "Não sei como o ácido hialurônico da boca dela não explodiu com a força que ela botou pra parir." 

Débora deu um sorriso fraco e voltou a explicar: - "DNA falsificado? Descartado também. O Giorgian me contou que o Gabriel levou o menino num laboratório escondido e fez mais um teste que deu positivo também." - Engoli seco, dessa eu não sabia.

Minha amiga ia enumerar mais coisas, mas Arthur disse: - "Eu ainda acho que esse moleque não é dele."

"Porquê?" - Perguntei.

"Muito simples." - Arthur apoiou os dois braços na mesa e ficou super sério ao dizer: - "O Gabriel tem o corpo quase fechado de tatuagem e o menino nasceu sem nenhuma." - Ele arregalou os olhos e eu gargalhei. - "Reflitam."

"Você é idiota, Arthur?" - Débora perguntou cruzando os braços.

"Sou não pô, eu só precisava tirar um sorrisinho da cara da minha neguinha." - Ele disse já passando os braços por cima de mim com facilidade por estar sentado ao meu lado, senti meu rosto inteiro ser selado.

Agradeci baixo e fechei os olhos aproveitando pra sentir o carinho.

*Sei que a maioria de vocês se decepcionou com o roteiro da minha história, mas peço desculpas e peço que tenham paciência pro desenrolar da história, acho que vão gostar do resultado. estamos na reta final.

*O próximo vai ser um capítulo que eu ainda não terminei de ajustar, então não vou deixar meta (pra não bater e eu estar sem nada escrito) mas peço o incentivo de vocês votando. Beijos.

Casamento Arrumado - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora