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Lavínia: semana seguinte, últimos dias de junho

Pra comemorar o fim das provas e o fim do quinto período, Arthur, Caio, Débora eu e mais alguns colegas viemos a um barzinho de esquina perfeito.

Não posso negar que assim que entrei no estabelecimento, meus olhos focaram na TV onde estava passando a escalação do jogo, Palmeiras × Flamengo.

"'Uma curiosidade é que a última vez que esses times se enfrentaram foi na final da libertadores 2021, em Montevideo. Nessa partida, o Flamengo saiu com o título e se tornou tricampeão..."

Ouvir o narrador dizendo isso era a mesma coisa que me colocar numa máquina do tempo na arquibancada vendo Gabriel fazer um raio cair pela segunda vez no mesmo lugar e marcar 2 gols no último minuto, exatamente como tinha feito em 2019.

Meus olhos encheram de lágrimas só de lembrar de tanta felicidade.

Memórias do final de outubro de 2021

Desci até o gramado com um sorriso enorme no rosto e sentindo os meus olhos marejados. Gabriel estava sentado no gramado abraçado com a taça Libertadores e quando me viu, gritou sorrindo:

"É nossa, meu amor!"

As lágrimas começaram a escorrer devagar pelas minhas bochechas. Me joguei no gramado em cima do corpo dele, que me abraçou pela cintura e riu no meu ouvido me fazendo arrepiar todos os pelinhos do meu corpo.

"Qual a coisa mais romântica que te disseram?" - Ele perguntou inclinando o rosto para me olhar. Ergueu uma mão e secou meu rosto, eu senti algumas gramas soltas da mão dele colarem na região.

"Ninguém nunca me disse nada romântico, só safadeza." - Funguei e passei a mão no meu nariz encostando a minha cabeça no peito dele em seguida. Mesmo com o gramado cheio de jogadores e suas esposas e famílias, parecia que existíamos nós dois deitados nessa grama molhada.

"Então eu vou ser o primeiro." - Ele fez um silêncio sugestivo que acelerou meu coração. - "Você era a torcedora mais gostosa da arquibancada." - Olhei pra Gabriel irritada mas o sorriso brincalhão nos lábios dele me fez gargalhar. Empurrei de leve o ombro de Gab fazendo menção de me levantar de cima do corpo dele, pra fazer drama.

Gab abraçou mais meu corpo dando uma risada gostosa e nos girando, fazendo eu ficar por baixo deitada no gramado pra não conseguir sair. O sorriso dele diminuiu mas não sumiu do rosto, Gab secou o último resquício de lágrimas nos meus olhos e sussurrou me olhando atento: - "Falando sério agora... Eu ganhei uma Libertadores pra você, amor."

Acho que foi o maior sorriso que eu dei na vida. Gabriel apontou com a cabeça pra taça que estava nas mãos de Diego Ribas e Bruninha. - "Beleza que agora nas mãos de outra mulher, mas essa eu ganhei pra você."

Sorri demais e puxei ele pra perto da minha boca pelos fios curtos platinados.

"Agora eu sou o cara que te disse a coisa mais romântica da sua vida?" - Ele perguntou após acabarmos o beijo. Fiz que sim com a cabeça e respondi:

"Com certeza absoluta. Eu te pediria em casamento se não fôssemos casados."

Ele gargalhou, depois desceu as mãos pela lateral do meu corpo e sussurrou rouquinho: - "Mais tarde eu posso ser também o cara que te disse a coisa mais safada."

Sorri maliciosa e assenti: - "Você é, bebê." - Iniciamos mais um beijo, dessa vez o mais lento possível que quando se encerrou ele puxou meu lábio inferior pra si. - "Mas vamos deixar isso pra mais tarde que agora eu quero tirar uma foto com a taça que você ganhou pra mim."

Ele assentiu e disse: - "Vou postar e vou te dedicar não a taça como aquela música, com ela a vida tem momentos incríveis, com ela todos os meus sonhos são mais possiveis..."

Gabriel se levantou primeiro e depois me estendeu a mão para que eu levantasse. Nos beijamos mais uma vez e eu disse: "Como cantor você é um ótimo jogador."

Ele se fez de ofendido após pegar na minha mão e me guiar devagar até onde estava a taça Libertadores. - "O Lil Gabi está ofendido com essa sua versão debochada."

Gargalhei e passei meus braços pelos ombros dele. Sujo de grama, suado, e responsável por um dos dias mais felizes da minha vida.

"Eu tinha que aprender alguma coisa com meu marido, né?" - Depositei um beijo demorado na bochecha dele. Quando nos aproximamos da taça eu disse: - "Você é o meu jogador favorito."

Ele riu fraco e pegou a taça da mão de Michael pra poder me entregar.

"Você estava demorando a me dizer isso hoje." - Ele entregou a taça pra mim e antes que eu pegasse, completou: - "Obrigado, amor. Você é a minha torcedora favorita."

A voz do narrador me despertou das memórias por onde a minha mente viajava. - "Pênalti?"

Um sorriso involuntário surgiu nos meus lábios. Meu coração se esquentou só de saber que o regime de gols acabaria hoje e Gabriel vai embora feliz da vida pra casa.

"O pessoal fala tanto que ele não erra pênalti que eu fico só querendo zikar e torcer pra ele errar." - Ouvi alguém que estava na mesa comentar. Não me importei, eu confio em Gabriel e sei que vai acertar, mas gravei o rosto de quem era só pra poder responder depois.

Gabriel deu a tradicional corridinha, esperou o goleiro ir pra um lado e chutou a bola pro outro. Gol do Gabigol. Ele comemorou com a vida de lá do campo, e sem conseguir controlar meus sorrisos ou minha gritaria, eu comemorei daqui também. Exatamente como eu fazia quando era a Senhora Barbosa.

No fundo, eu sempre vou ser ela. Ela sou eu.

"Ei, psiu!" - O cara de antes me olhou e eu sorri sentindo meu coração acelerado de alívio por saber que Gabriel estará bem hoje. - "Sabe porque nenhuma zika sua atinge? Sabe porque eu estava tranquila? Porque mais que qualquer um eu sei que o Gabriel não erra pênalti. Pênalti batido por Gabigol, é gol."

Ninguém esperava que eu o defendesse, eu não esperava fazer isso, mas fazer o quê se eu amo ele e isso transparece nas minhas atitudes?

Eu amo ele. Só me resta aceitar isso.

*maratona 2/4.

Casamento Arrumado - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora